"Na história local, a trajectória de Santos Graça é a de um voluntarismo musculado que atingiu a meta, desde muito novo sagazmente construída. Nascido num modesto clã de pescadores-banheiros, que na altura definiam a dupla actividade sócio-económica da praia da Póvoa, se não foi o mar o seu destino de filho de família da classe piscatória, nunca a defesa profiada de suas causas deixou de ser o objectivo cimeiro do seu combate político. A míngua de oportunidades e recursos, para receber uma escolaridade perfeitamente ao alcance do seu inato talento, não o impediu de obter a pulso, pela via árdua do autodidactismo, a literacia surpreendente que á sagacidade veio mostrar possuir: o convívio social, ligado à profissão de lojista; a prática de desportos náuticos: o associativismo; a lide político-partidária republicana; o contacto com intelectuais como Rocha Peixoto e Leonardo Coimbra; o jornalismo, qual tarimba de toda a hora, doutrinário e polémico; a experiência parlamentar; o apego identitário à idiossincracia do pescador poveiro cujos genes recebeu e assumia - tudo isso acabou por ser fonte onde bebeu e caldeou a sua formação, de que a gama vária de seus escritor é eloquente testemunho."
João Francisco Marques
O meu caro Amigo Manuel Costa, Director da Biblioteca Municipal Rocha Peixoto (que segue bem as pisadas do mestre que cheguei igualmente a conhecer, ficando por ele igualmente fascinado, claro que se fala aqui de Manuel Lopes, apesar do meu contacto inicial não ter sido dos melhores), ofereceu-me recentemente não só o catálogo da exposição "António Santos Graça - Vida e Obra", comemorando-se, assim, os 130 anos do nascimento da ilustre figura poveira, como igualmente tive o privilégio da oferta "À Descoberta de António dos Santos Graça", este de cariz didáctico-pedagógico, ambos organizados e editados por si. A Biblioteca Municipal Rocha Peixoto continua, deste modo, a comemorar os seus vinte anos de existência que dignifica a comunidade a que pertence.
A exposição, assim como o próprio catálogo, que ainda se encontra patente ao público até 31 de Maio do corrente ano, encontra-se dividida em oito temáticas, a saber: i, Infância e Juventude; ii, A Família; iii, A Obra; iv, O Quotidiano; v, O Etnógrafo; vi, O Político, vii, O Jornalista; viii, Cronologia (1882-1956). Uma exposição que retrata bem a citação do texto que transcrevemos de João Francisco Marques, que prefacia o catálogo. Para além de profusamente ilustrado, o catálogo contém textos não só do homenageado, como igualmente de João Francisco Marques, Manuel Lopes, Flávio Gonçalves, Ernesto Veiga Oliveira, António Medeiros, Armando Marques ou de Victor de Sá para uma compreensão maior da importância de António santos Graça nas suas múltiplas actividades, cívicas, culturais e políticas. Paralelamente, surge-nos no catálogo uma "História dos Documentos", a qual nos vai informando das suas tipologias documentais, passando pelo tratamento técnico. E o escrevinhador destas linhas pede apenas desculpa a Manuel Costa pela digitalização da imagem da República, diga-se, até por sinal, uma República bem simpática e sugestiva, encantando mais gente cá por Vila Nova, pelo Museu Bernardino Machado. Aliás, o nosso Bernardino Machado também estaria e ficaria encantado com aquela imagem da República, de linhas estéticas simples e de sensualidade admiratitativa (os olhos não enganam), quase como que questionando o mundo que olha. Para além disto, também se gostou da sigla da família, o que nos colocou a pensar qual será a nossa. Falo, é claro, do livro didáctico-pedagógico "À Descoberta de António dos Santos Graça", que já deve ter encantado quer miúdos e graúdos, pela documentação e pelas curiosidade que incorpora. Apenas um grande abraço de amizade fraterna para o meu caro Amigo Manuel Costa e o meu agradecimento por estas duas ofertas.
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