terça-feira, 10 de abril de 2012

camilo e a literatura e o romance





“Senhora! A higiene moral, depois de Broussais, tem feito progressos que demandam um compêndio novo, e uma diversa iniciativa no sistema de aplicá-los com aproveitamento. / O romance, Senhora, é a mais profícua das farmácias, porque neste laboratório douram-se as pílulas com maravilhosa limpeza. O romance, caldeado na foria onde Voltaire açacalou as armas com que feriu no coração o «ridículo» de V. Exª, naquela época, será, se me não engana o muito amor da humanidade, um sodorífero por meio do qual faremos transpirar as muitas fezes que V. Exª traz no sangue, e das quais se originam muitos miasmas de febre da pouca vergonha, para a qual não há quarentena possível, nem conselho de saúde, porventura o mais necessitado, na presente conjuntura, de ser esfregado com as baetas da zombaria.”

Camilo, Cenas da Foz, 1989


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