sexta-feira, 27 de junho de 2014

Os Famalicenses e a I Grande Guerra (1914-1918)


MEMORIAL FAMALICENSE

“… talvez faltem, ainda hoje, as análises dos sentimentos das pessoas, combatentes ou não-combatentes, das ideias dos grupos e colectividades, das famílias, das aldeias, dos povos.”

Aniceto Afonso, Carlos de Matos Gomes, Portugal e a Grande Guerra: 1914.1918, 2013

Se a historiografia contemporânea tem apontado a data de 28 de Junho de 1914 como o rastilho que provocou o desencadeamento da I Grande Guerra (1914-1918), com o assassinato do arquiduque herdeiro da Áustria e da sua mulher, com a declaração de guerra da Alemanha à França e à Inglaterra logo no início de Agosto, várias são as causas, as quais se situam principalmente ao longo do século XIX, que desencadearam esse mesmo conflito, que ainda hoje deixam muitos historiadores estupefactos pelo tempo que durou. Será com Bernardino Machado em 7 de Agosto de 1914, numa reunião extraordinária do Congresso e convocada por decreto de 4 de Agosto, que Portugal intervém militarmente, colocando-se ao lado da Inglaterra, o mesmo será dizer ao lado dos Aliados. A mesma confirmação irá surgir numa outra reunião extraordinária, esta autorizada por decreto de 17 de Novembro, na sessão do dia 23 do mesmo mês: e se a problemática relativamente a Portugal, se coloca num plano de neutralidade ou não, o que é certo é que logo desde o primeiro momento Portugal intervém militarmente, não só com uma mobilização em Outubro de 1914 para França, como igualmente com duas expedições africanas. A mobilização geral, digamos assim, concretiza-se em 1916, a partir do momento em que Portugal declara guerra à Alemanha em 10 de Março, tendo feito o mesmo a Alemanha relativamente a Portugal no dia anterior, estando em causa a problemática dos navios alemães. Será neste contexto histórico-militar e, num primeiro momento, radicalizando-se o teatro das operações em África e, num segundo momento, na Europa, que muitos famalicenses, tal como por todo o país, serão mobilizados. Se até ao momento, consegui o levantamento de mais de duas centenas de militares famalicenses que estiveram presentes no teatro das operações africanas e europeias, para além de uma reconstrução de um memorial famalicense, assim resgatando esses heróis silenciosos, o que convém perceber, precisamente, é a razão da duração de uma guerra desgastante e, por outro lado, como a comunidade famalicense na época, entre 1914 a 1918, viveu essas quase quatro décadas. Se não é este o meu propósito nestas breves linhas (ficando o segundo momento para um projecto de trabalho que será publicado brevemente e que terá o título “A I Grande Guerra no olhar do “Estrela do Minho” e V. N. de Famalicão nesse tempo – o monumento” ), o que me interessa aqui focar é a mobilização que se realizou no concelho de Vila Nova de Famalicão. Até ao momento, o levantamento que realizei, muitos mais irei de certeza encontrar, cifra-se em 150 soldados, 15 oficiais, 15 sargentos e 15 cabos, assim distribuídos geograficamente: S. Tiago de Antas, 3; Arnoso Santa Maria, 1; Bairro, 1; Cabeçudos, 3; Calendário, 20; Carreira, 4; Castelões, 4; Cavalões, 1; Cruz, 4; Esmeriz, 3; Fradelos, 9; Gavião, 5; Gondifelos, 2; Jesufrei, 3; Joane, 7; Lagoa, 2; Landim, 1; Lemenhe, 4; Louro, 7; Lousado, 10; Mogege, 3; Nine, 3; Oliveira Santa Maria, 7; Outiz, 1; Pedome, 1; Portela, 1; Pousada de Saramagos, 3; Requião, 3; Riba d`Ave, 2; Ribeirão, 7; Ruivães, 5; S. Paio, 2; Seide, 3; Sezures, 1; Vale S. Cosme, 6; Vale S. Martinho, 2; Vermoim 7; Vila Nova de Famalicão, 22; Vilarinho, 7.
Consciente de que há ainda muito trabalho de investigação a realizar pela frente (tendo sido a base deste trabalho um levantamento realizado, mas muito incompleto, por Vasco de Carvalho, nos anos quarenta do século passado, e existente no Fundo Local da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, contando então na altura uns quarenta militares), as unidades militares para onde os famalicenses foram mobilizados são seguintes, de norte a sul do país: Batalhão de Lanceiros, Batalhão de Morteiros, Batalhão de Sapadores C./Ferro, Batalhão de Telegrafistas de Campanha, Companhia de Telegrafistas de Praça, Escola de Equitação, 8.º Grupo de Metralhadoras, 1.ª Companhia de Reformados, Regimento de Artilharia n.º 5, n.º 7, Regimento de Obuses de Campanha, Regimento de Artilharia de Montanha, Regimento de Cavalaria n.º 2, n.º 3, n.º 5, n.º 9, n.º 11, Regimento de Infantaria n.º 3, n.º 5, n.º 6, n.º 8, n.º 9, n.º 17, n.º 18, n.º 20, n.º 21, n.º 23, n.º 28, n.º 29, n.º 31, Regimento de Sapadores Mineiros, 2.ª Companhia de Reformados, Terceiro Grupo de Administração Militar, Terceiro Grupo de Companhias de Saúde e Terceiro Grupo de Metralhadoras.

Deixo aqui o registo, em sua memória, dos combatentes famalicenses que já consegui encontrar, através do trabalho já focado de Vasco de Carvalho, pelo jornal famalicense “Estrela do Minho” e pelo sítio, assim como pela ajuda mais do que prestativa que me tem fornecido, do Arquivo Geral do Exército, que estão a fazer um magnífico trabalho. A quem ler, não só para completar o memorial famalicense, agradecia informações dos respectivos combatentes, para a realização de um “Dicionário de Combatentes Famalicenses na I Grande Guerra”. Coloco o nome, o posto e a freguesia. Observação: se alguém usar alguma informação do que aqui publico, agradeço referência bibliográfica.


A. Ribeiro – Soldado (Gondifelos)
Abel Domingos de Azevedo – Soldado
Abílio Garcia de Carvalho – Alferes Médico Miliciano (Vila Nova de Famalicão)
Adolfo da Silva Pinto – Soldado
Abel Domingos de Azevedo – Soldado (Fradelos)
Agostinho Dias Ferreira – Soldado (Mogege)
Aires Domingues da Silva – Soldado (Calendário)
Alberto Sá Coelho – Soldado (Oliveira St.ª Maria)
Albino Francisco Marques – Soldado (Vila Nova de Famalicão)
Alcides Gonçalves Ribeiro – 2.º Sargento (Calendário)
Alexandre Álvaro Salazar – 2.º Sargento (Pedome)
Alfredo de Freitas – Soldado (Antas, S. Tiago de )
Alfredo Gomes – Soldado (Avidos)
Alfredo José Joaquim – Soldado (Calendário)
Alfredo Pereira – Soldado (Requião)
Álvaro Marques – Sargento (Vila Nova de Famalicão)
Amadeu Augusto da Silva – Soldado (Calendário)
Amândio da Costa Correia – Soldado (Calendário)
Aníbal Carneiro de Oliveira – Soldado (Requião)
António de Araújo – Soldado (Lagoa)
António Azevedo – Soldado
António Carneiro de Campos – Soldado (Lousado)
António Carvalho da Silva – Soldado (Vale S. Cosme)
António Correia da Fonseca – Soldado (Louro)
António Costa – Soldado (Jesufrei)
António da Costa – Soldado (Lemenhe)
António da Costa Moreira – Soldado (Vilarinho)
António Dias da Silva – Soldado (Carreira)
António Ferreira de Azevedo – Soldado (Lagoa)
António Ferreira da Silva – Soldado (Vale, S. Martinho do)
António Ferreira de Sousa – Soldado (Requião)
António Gomes da Silva – Soldado (Vila Nova de Famalicão)
António de Jesus Simões de Azevedo – 1.º Cabo (Portela)
António Joaquim Lopes – Soldado (Vermoim)
António José Machado – Soldado (Cruz, S. Tiago da)
António José da Silva – Soldado (Louro)
António Lopes da Silva – Soldado (Vila Nova de Famalicão)
António Luís – Soldado (Outiz)
António Machado – 1.º Cabo (Vila Nova de Famalicão)
António Martins – Soldado (Lousado)
António Maurício de Oliveira Fernandes – Soldado (Arnoso Santa Maria)
António Moreira – Soldado (Calendário)
António Paredes – 1.º Cabo Miliciano (Lemenhe)
António Pereira Faria – Soldado
António Pereira da Fonseca – Soldado (Avidos)
António Pereira Soares – Soldado (Calendário)
António Rodrigues da Cunha Azevedo (10/12/1878-25/02/1956) – Coronel (Lemenhe)
António de Sá e Silva – Soldado (Vilarinho)
António Sabino da Costa – 1.º, 2.º Cabo (Calendário)
António Sampaio – Soldado (Avidos)
António da Silva Alves – Soldado
António da Silva Carvalho – Soldado (Carreira)
António da Silva Moreira Pinto – 1.º Sargento, Alferes (Jesufrei)
António da Silva Pinto Marinho [Marinho Pinto] – 2.º Sargento, Alferes, Aspirante a Oficial Miliciano de Infantaria (Jesufrei)
Armando Chaves de Oliveira – Alferes Miliciano de Artilharia (Calendário)
Armando da Costa Araújo – 1.º Cabo (Nine)
Augusto Bento Moreira – Soldado (Cruz, S. Tiago da)
Augusto Bento Pereira – Soldado (Cruz, S. Tiago da)
Augusto Gonçalves Pinto – Soldado (Vilarinho)
Augusto de Oliveira Machado – Soldado (Cabeçudos)
Augusto Pinheiro da Silva – 2.º Sargento (Gavião)
Augusto Pinto – Soldado (Gavião)
Augusto Pinto de Araújo Campos – Soldado (Gavião)
Augusto da Silva Duarte – Soldado
Augusto da Silva Rei – Soldado (Vila Nova de Famalicão)
Augusto de Sousa e Silva – Soldado (Vila Nova de Famalicão)
Aurélio Passos – Soldado (Vale S. Cosme)
Avelino de Barros – Soldado (Ruivães)
Avelino José da Silva – 2.º Cabo (Fradelos)
Avelino José da Silva – Soldado
Avelino Pereira Gomes – Soldado (Joane)
Bento Barbosa – Soldado (Bairro)
Bernardino Coelho – Soldado
Camilo António de Araújo – Soldado (S. Miguel de Seide)
Camilo Dias – Soldado (Esmeriz)
Camilo Pereira de Sá – Soldado (Calendário)
Cândido Domingos de Azevedo – Soldado (Fradelos)
Carlos Gomes de Faria – Corneteiro (Cavalões)
Carlos Rodrigues – 1.º Cabo (Vila Nova de Famalicão)
Casimiro da Cruz – Soldado
Constantino Gonçalves dos Santos – Soldado
Daniel Gomes Barbosa – Soldado (Lemenhe)
Delfim da Costa Rodrigues – Soldado (Lousado)
Domingos da Cunha Brandão – Soldado (Oliveira Santa Maria)
Domingos Ferreira da Silva – Soldado (Sezures)
Domingos José de Campos – Soldado (Louro)
Domingos Martins Lopes – Soldado (Nine)
Eduardo Joaquim da Silva – 2.º Sargento (Vila Nova de Famalicão)
Ernesto Moreira – Soldado
Euclides Ribeiro Gomes de Barros – Capitão (Vila Nova de Famalicão)
Félix Ferreira Soares – Soldado (Vale S. Cosme)
Fernando Ferreira da Cruz – 2.º Sargento (Calendário)
Fonseca – Guarda-Marinha
França Barbosa Júnior – Soldado (Requião)
Francisco Alves da Costa – Soldado (S. Migue de Seide)
Francisco Alves da Silva – Soldado (Calendário)
Francisco Azevedo – Soldado (Oliveira Santa Maria)
Francisco de Azevedo – Soldado (S. Miguel de Seide)
Francisco Ferreira Barbosa – Soldado (Esmeriz)
Francisco José Vieira Monteiro – 2.º Cabo (Calendário)
Francisco Martins Lopes – Soldado (Vermoim)
Francisco Moreira – Soldado (Calendário)
Francisco Pinto Carneiro – Soldado (S. Paio de Seide)
Guilherme dos Anjos Lopes – Soldado (Louro)
Guilherme Ferreira de Magalhães – Soldado (Vila Nova de Famalicão)
Henrique Garcia – Sargento Miliciano (Vila Nova de Famalicão)
Henrique Ventura – Soldado (Vila Nova de Famalicão)
Higino da Costa Pereira da Cruz – Soldado (Ribeirão)
Horácio Gomes da Silva – Soldado (Cruz, Santiago da)
Jaime da Costa Dias – Soldado (Vila Nova de Famalicão)
Jerónimo Ferreira – Soldado (Riba d`Ave)
Jerónimo Ferreira de Carvalho – Soldado (Pousada de Saramagos)
João da Costa – Soldado (Louro)
João Ferreira – Soldado (Ruivães)
João Ferreira – 1.º Sargento
João Pereira Marques – Soldado (Joane)
João Pereira de Matos – 1.º Sargento, Alferes (Lousado)
João Simões Pereira – 1.º Cabo Enfermeiro
Joaquim de Aguiar Pimenta Carneiro – Auditor Privativo da 1.ª Divisão Mobilizada. Oficial. Major Graduado (Vermoim)
Joaquim Alves Carneiro – Soldado (Requião)
Joaquim Alves Correia de Araújo – Médico-Capitão (Requião)
Joaquim Alves de Pinho – Soldado (Antas, Santiago de)
Joaquim de Azevedo – 2.º Sargento (Castelões)
Joaquim de Carvalho Ferreira – Soldado (Brufe)
Joaquim da Costa – 2.º Sargento (Oliveira Santa Maria)
Joaquim da Costa Carneiro – Terceiro Oficial da Secretaria da Guerra. Graduação Alferes (Fradelos)
Joaquim Faria da Cunha – Soldado (Joane)
Joaquim Ferreira do Couto – 1.º Cabo (Ribeirão)
Joaquim Gomes Morais – Soldado (S. Cosme do Vale)
Joaquim Monteiro de Azevedo – Soldado (Vermoim)
Joaquim Moreira da Costa – Soldado (Lousado)
Joaquim Pereira Lobo – Soldado (Mogege)
Joaquim Pereira Simões – Soldado
Joaquim Ribeiro – Soldado (Castelões)
Joaquim da Silva – Soldado (Castelões)
Joaquim da Silva Oliveira – Soldado (Ribeirão)
Joaquim Ribeiro – Soldado
Joaquim da Silva Pimenta – 2.º Sargento (Vila Nova de Famalicão)
Joaquim de Sousa – Soldado (S. Paio de Seide)
Joaquim de Sousa Lobo – Soldado (Oliveira Santa Maria)
José António do Forno – Soldado (Fradelos)
José António Martins – Soldado (Vilarinho)
José António da Silva – Soldado (Fradelos)
José de Barros – Soldado (Joane)
José Carvalhal da Silva – Soldado (Vila Nova de Famalicão)
José da Costa Rodrigues de Carvalho – Soldado (Calendário)
José Dias Veiga – Soldado (Ruivães)
José Fernandes – Soldado (Oliveira Santa Maria)
José Ferreira – Soldado (Castelões)
José Ferreira de Lima – 1.º Cabo (Calendário)
José Ferreira Tavares – Soldado (Calendário)
José Gomes de Queiroz – Soldado (Nine)
José Hermínio Barbosa – Alferes
José Inácio de Magalhães – Soldado (Pousada de Saramagos)
José Lopes da Fonseca – Soldado (Ruivães)
José Maria Ferreira – Soldado
José Maria Moreira – Capitão (Vale S. Martinho)
José Martins – Soldado (Vila Nova de Famalicão, Santo Adrião)
José Martins Ribeiro – Soldado
José de Oliveira e Silva – Soldado (Vilarinho)
José Ribeiro Barbosa (1887-1930) – Capitão (Joane)
José Rodrigues – Soldado
José da Silva Borralho – Soldado (Joane)
José da Silva Torres – Soldado (Fradelos)
José de Sousa Carneiro – Soldado (Lousado)
José de Sousa Soares – Soldado (Lousado)
José Tinoco de Carvalho – Soldado (Cabeçudos)
Júlio Mendes – Soldado (Vermoim)
Leandro Ferreira – Soldado (Vermoim)
Leopoldo Ferreira de Sousa – Soldado (Requião)
Lino Alves de Pinho – Soldado (Louro)
Luís de Menezes – Major (Vila Nova de Famalicão)
Luís Moreira – Soldado (Calendário)
Mamede Dias da Cruz – Soldado (Ribeirão)
Manuel Correia Guimarães – Soldado (Ribeirão)
Manuel da Costa Azevedo – Soldado
Manuel da Costa Gomes – Soldado
Manuel da Costa Reis – Soldado (Ribeirão)
Manuel Dias da Cruz – Soldado
Manuel Dias Moreira – Soldado (Ribeirão)
Manuel Folhadela Guimarães – Sargento (Vila Nova de Famalicão)
Manuel Gomes Pinto – Soldado (Vale S. Cosme)
Manuel Gonçalves da Costa – Soldado (Lousado)
Manuel Gonçalves da Costa Pacheco – Tenente de Infantaria (Louro)
Manuel Gonçalves do Couto – Soldado
Manuel Gonçalves de Sousa – Soldado (Fradelos)
Manuel José Rebelo – Capitão (Lousado)
Manuel José Vieira – 1.º Cabo (Vila Nova de Famalicão)
Manuel Leite Correia – 1.º Cabo (Joane)
Manuel Monteiro – Soldado (Carreira)
Manuel Monteiro – Soldado (Landim)
Manuel Nascimento Dias da Costa – Sargento (Ruivães)
Manuel de Oliveira – Soldado
Manuel Rodrigues Carvalho – Alferes-Miliciano, Tenente (Vila Nova de Famalicão)
Manuel da Silva – 2.º Cabo (Vila Nova de Famalicão)
Manuel da Silva Brandão – Soldado (Gavião)
Manuel da Silva Pinto – Soldado (Vilarinho)
Manuel de Sousa – Soldado (Vale S. Cosme)
Manuel Veloso de Araújo – Soldado (Calendário)
Mário de Araújo – Soldado (Esmeriz)
Miguel Rodrigues Afonso – Soldado (Gondifelos)
Narciso de Abreu – Soldado (Carreira)
Nelson Couto Pinto de Azevedo – 1.º Cabo (Antas, S. Tiago de )
Raúl Pereira Rodrigues – Soldado (Riba d`Ave)
Salvador Jorge Raimundo – Soldado
Urbano da Costa Dias – Soldado (Lousado)
Valdemar Cardoso – Soldado (Gavião)
Ventura Martins da Silva – Soldado (Fradelos)
Zacarias Carneiro Soares – Soldado (Pousada de Saramagos)
Zeferino de Carvalho – Soldado (Oliveira Santa Maria)
Zeferino Ribeiro – Soldado (Mogege)
Zeferino Rodrigues do Couto Veloso – Soldado (Vilarinho)



segunda-feira, 9 de junho de 2014

Bernardino Machado na Caricatura Política




O Museu Bernardino Machado, de V. N. de Famalicão, repõe, durante o mês de Junho, a exposição organizada em 1997, com o título “Bernardino Machado na Caricatura Política”. Tendo sido então coordenada pela Comissão Instaladora do Museu e dirigida por António Joaquim Pinto da Silva, a exposição “Bernardino Machado na Caricatura Política” contém caricaturas de Bernardino Machado de artistas como Rafael Bordalo Pinheiro, Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro, Jorge Colaço, Alonso, Simões Júnior, Manuel Monterroso, Leal da Câmara, Alfredo Cândido, Arnaldo Ressano Garcia, Rocha Vieira, Amadeo de Sousa Cardoso, Stuart Carvalhais, Cristiano Cruz, Almada Negreiros e Amarelhe.

José de Macedo, O Confederalista


Prof. Ernesto Castro Leal e Prof. Norberto Ferreira da Cunha



No dia 6 de Junho, pelas 21h30, no Museu Bernardino Machado, realizou-se mais uma conferência do ciclo de conferências “Ideias e Práticas do Colonialismo Português”. O conferencista convidado foi o Professor Ernesto Castro Leal, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que proferiu a conferência “A Ideia Colonial em José de Macedo”. Considerando inicialmente que José de Macedo é uma figura enigmática e muito importante para a história das ideias, salientou que a sua biografia é fragmentada é com alguns erros. Em 1896, ano em que termina o Curso de Comércio, José de Macedo já pertence a uma organização académica que tinha a intenção de realizar um movimento revolucionário. Sempre ligado às cooperativas de consumo, José de Macedo cria em Gaia “União e Trabalho” e em 1898 publica a “Socialização do Ensino”, focando a descentralização do ensino primário e fortemente influenciado por Bernardino Machado, e “O Cooperativismo”, numa base de pensamento de socialista reformista, sentido que terá sempre para as cooperativas coloniais. No Congresso Colonial de 1901 fala sobre “As Nossa Riquezas Coloniais” e em 1910 publica “A Autonomia de Angola”. Antes de 1910, e já em Angola, dirige o jornal “A Defesa de Angola”, e ainda na metrópole com “A Luta” pretendia a concentração democrática. O Prof. Castro Leal focou que a elite maçónica republicana de Angola defendia uma autonomia progressiva para a colónia e que José de Macedo, um livre-pensador e um radical anticlerical, considerava que as políticas monárquicas para as colónias eram descentralistas e em 1903 é afastado da direcção do jornal “A Defesa de Angola”, devido ao que defendeu no texto “Contractos Serviçais em Angola”. Será em Angola que José de Macedo entra na Maçonaria com o nome simbólico de Benoit Malon, estando já em 1907 na Loja Solidariedade de Lisboa, fundada em 1906 por Magalhães Lima, que considerava o seu pai espiritual. Para além de Magalhães Lima, José de Macedo será influenciado por pensadores como Alexis Tocqueville ou Benoit Malon. Considerando que José de Macedo achava que a corrente dominante era a descentralista, havendo expressões centralistas, a proposta de José de Macedo era uma proposta gradualista, explorando as ideias da reforma colonial de Júlio Vilhena e de Aires de Ornelas. José de Macedo defendia três estados (Luanda, Benguela e Moçâmedes) a fundar numa confederação, rejeitando e criticando o modelo centralista francês e preferindo o modelo colonial inglês, projectando uma descentralização administrativa e financeira para uma progressiva autonomia nativista. A independência só aparece em caso de não se desenvolver a autonomia. Contra a proposta de alienação das colónias de Oliveira Martins, José de Macedo ao defender o regime confederalista para a colónia de Angola, o poder delegava-se aos estados. Desiludido com os socialistas e nunca se iludindo com os republicanos, José de Macedo será o “intelectual orgânico da República”, na expressão de Gramsci que o Prof. Castro Leal usou para caracterizar José de Macedo na I República.
O Prof. Castro Leal ofereceu ao Museu Bernardino Machado a revista do Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, cuja publicação se efetua desde 2010, sendo o seu respetivo coordenador. Em 2010 o tema foi “Republicanismo, Socialismo e Democracia”, em 2011 “República e Liberdade”, 2012 “Monarquia e República”, 2013 “Liberalismo e Antiliberalismo” e o número de 2014 “Pátria e Liberdade”, no qual se encontra o texto de Norberto Ferreira da Cunha com o título “Bernardino Machado e as Liberdades Municipais”.


quarta-feira, 4 de junho de 2014

José de Macedo, Colonialista

O próximo conferencista convidado para o Ciclo de Conferências “Ideias e Práticas do Colonialismo Português”, numa organização da Câmara Municipal de V. N. de Famalicão e Museu Bernardino Machado, é o Professor Castro Leal, que nos virá falar sobre “A Ideia Colonial em José de Macedo: descentralização e autonomia”. A conferência, que será realizada no Museu Bernardino Machado no próximo dia 6 de Junho, pelas 21h30, é de entrada livre e os presentes terão direito a certificado de presença. Recordamos que estas conferências são acreditadas pelo Conselho Científico e Pedagógico de Formação Contínua, sendo os destinatários os professores dos grupos 200, 400, 410, 420 e 430.
O Professor Ernesto Castro Leal é Doutor e Agregado em História Contemporânea, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e Investigador Colaborador do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Desenvolve investigação nas áreas da História das Ideias, da História Política, da História da História e da História Biográfica, dos séculos XIX e XX. Das obras publicadas do Professor Castro Leal, destacam-se as seguintes: “António Ferro: Espaço Político e Imaginário Social (1918-1932)”, 1994; “Nação e Nacionalismos: A Cruzada Nacional D. Nuno Álvares Pereira e as Origens do Estado Novo (1918-1938)”, 1999; “Partidos e Programas: o campo partidário republicano português (1910-1926)”, 2008; “António Granjo: República e Liberdade” (coautoria de teresa Nunes), 2012; “Grandes Chefes da História de Portugal (cocoordenação e coautoria), 2013. Atualmente, o Professor Castro Leal é académico correspondente da Academia Portuguesa de História e membro do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira (presidente do Conselho Fiscal, 2013-2015).
O Prof. José Ernesto Castro Leal propõe os seguintes tópicos para a sua conferência: 1) fragmentos de identidade: vida e escrita de José de Macedo; 2) raízes do pensamento político de José de Macedo; 3) a posição de José de Macedo face às políticas coloniais portuguesas; 4) aspectos do autonomismo angolano (inícios do séc. XX); 5) proposta de política colonial: José de Macedo e a ideia de «Confederação de Angola».
Não é a primeira vez que o Professor Castro Leal vem a V. N. de Famalicão e, particularmente, ao Museu Bernardino Machado. Já esteve presente em três Ciclo de Conferências, nomeadamente “Os Presidentes da República”, com a conferência “António José de Almeida: de tribuno profético a presidente da República” (2004); “Lutas Académicas e Estudantis – Do Liberalismo ao Estado Novo”, com o trabalho “1923-1926: Crise Estudantil. Da “reforma Camoesas” ao 28 de Maio” (2006) e no Ciclo “As Grandes Questões da I República”, com o texto “Os Partidos Políticos” (2009). Por seu turno, nos “Encontros de Outono” de 2009, com o tema “As Eleições: da I República ao Fim do Estado Novo”, falou sobre “As eleições legislativas de 1921” e em 2013, com a temática “Violência e Poder Político”, abordou “Militares e violência política em perspectiva comparada: a singularidade do 18 de Abril”.