terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Rocha Peixoto no Museu Bernardino Machado


A Exposição Documental Rocha Peixoto, organizada pela Biblioteca Municipal Rocha Peixoto, da Póvoa de Varzim, realizada no âmbito das comemorações do primeiro centenário da morte do célebre etnógrafo, arqueólogo e bibliotecário poveiro, vai estar patente no Museu Bernardino Machado, em Vila Nova de Famalicão, entre 1 de Fevereiro a 30 de Março do corrente ano. A exposição é constituída por 15 temáticas, a saber: i) Rocha Peixoto e o seu tempo - o século XIX, ii) Origens, iii) Póvoa de Varzim, iv) O Despertar, v) Naturalista da Academia Politécnica, vi) Sociedade Carlos Ribeiro, vii) Revista de Sciencias Naturaes e Sociaes, viii) Movimento Republicano, ix) Bibliotecário, Museólogo, x) Rocha Peixoto, Manuel Monteiro, xi) As Excursões Científicas, xii) Revista Portvgalia, xiii) Desenhos de Rocha Peixoto, xiv) Colaboradores Artísticos da Portvgalia, xv) Photographias de Rocha Peixoto. Dá-se a conhecer um texto de Manuel Mendes, publicado na revista "Seara Nova", a propósito das "Obras" de Rocha Peixoto, tendo sido publicado o I Tomo em 1967, com a organização de Flávio Gonçalves, e com o título "Estudos de Etnografia e de Arqueologia", para se conhecer um pouco mais da obra do ilustre etnógrafo poveiro, que se correspondeu com Bernardino Machado. Refiro, aliás, que Rocha Peixoto, e relativamente a Bernardino Machado, no livro "A Terra Portuguesa" (cuja 2.ª edição o meu caro amigo dr. Manuel Costa teve a amabilidade de me oferecer), se refere a Machado, quando este  cria em 1893 a Comissão de Estudo e Conservação dos Monumentos Nacionais (ano em que também fundou o Museu Etnográfico Português, nomeando Leite de Vasconcelos seu director, sendo Machado - então um liberal progressista, apelidado de filósofo e de vermelho -  Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria no Governo de Hintze), Rocha Peixoto, a propósito da referida comissão, diz que ignora os meios financeiros que a recente instituição vai dispôr. Evocando o exemplo da Suíça e da França em tais matérias, Rocha Peixoto pretende que a referida comissão então criada não seja algo platónica, acreditando que "Bernardino Machado evitará, reparando assim tanta selvajaria nesta terra cometida."

bernardino machado e o 31 de janeiro

para o dr. manuel sá marques, com um abraço de amizade fraternal

 In A República. Lisboa, Ano 62, 2.ª série, n.º 7592 (30 Jan. 1952), p. 6.




In A República. Lisboa (30 Jan. 1953), p. 17.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

bernardino machado e o 5 de outubro e viva a república!

numa altura em que, pelos vistos, vamos ficar sem o feriado do 5 de outubro, deixo aqui ficar estes textos de um dos maiores construtores da sociedade democrática republicana e da qual hoje somos herdeiros (bernardino machado assustar-se-ía, de certeza absoluta, com este governo ultra-conservador, sem ideias para a reconstrução de um país à deriva de si mesmo e, julgo, seria um crítico construtivo). dedico estes textos ao dr, manuel sá marques, que também no seu blog http://manuel-bernardinomachado.blogspot.com/  já chamou a atenção para tal situação, com um abraço fraternal de amizade saudosa.


4 out. 1957

tricentenário de rousseau


"... Rousseau é um selvático sentimental e explosivo, de paixão antimundana, torrentuosa, ensimesmada e declamatória, contrário não só às instituições políticas e à tirania teocrática de que se achava envolto... mas também às bases da estrutura social de todos os povos civilizados do mundo: alma de inspiração espiritualista e mística, e por isso alicerçando o procedimento moral em radicais afirmações do nosso ser intrínseco, num «instinto divino» da consciência humana, num espontâneo sentimento racional e expansivo que nos impele a querer bem às demais pessoas e que faz os indivíduos naturalmente bons, uma vez que o influxo das instituições sociais lhes não venha perverter a espontaneidade própria. "

António Sérgio

a maçonaria em famalicão

sábado, 28 de janeiro de 2012

júlio brandão e manuel laranjeira

Júlio Brandão - "Commigo". In Gazeta de Espinho. Espinho, Ano 12, n.º 582 (24 Mar. 1912), pp. 3-4.


Este livro, a não ser para os íntimos do autor, deve ter causado uma certa surpresa: a surpresa que nos trazem as obras dos artistas e poetas, que nos habituaramos a ver quase sempre como espíritos críticos. / Nos trabalhos de Manuel Laranjeira ressalta um espírito ávido e brilhantíssimo, que se compraz nas ventanias salutares das ideias, no choque por vezes contraditório das teorias, homem de ciência, e homem de arte, certamente (provam-no até os seus notáveis estudos críticos), mas que não nos deixava adivinhar aquele poeta, capaz de, em formas simples, e, por isso mesmo, , mais belas, cristalizar as suas emoções e os seus oensamentos revoltos. / Era um mar bravo, que dificilmente julgaríamos capaz de ficar límpido e profundo no cristal dos versos... / Pois ficou! Este livro Commigo é «um diálogo do poeta com a sua alma». Tanto melhor para Manuel Laranjeira. Os poetas são ainda, , na derrocada de tanta coisa bela, os enviados da Beleza eterna. No marulho sinistro da vida, são eles ainda os mergulhadores misteriosos, que vão encontrar, como num velho conto escandinavo, certa flor que ninguém via... E não são apenas os poetas entusiásticos e intensamente líricos; são também os negativistas, como Manuel Laranjeira. Cantar é ainda crer: pelo menos é crer em que vale a pena cantar. / Os seus versos são, decerto, dum pessimismo melancólico. Eles não vão pisar afinal, como os de Antero, na «mão de Deus, na sua mão direita». Assim, o último terceto do volume, que fecha um dos sonetos dignos do grandepoeta suicida, exclama:

«E não me assusta a morte! Só me assusta
Ter tdo tanta fé na vida injusta
... e não saber sequer pra que a vivi!"

Mas não! O poeta lutou e, portanto, amou e creu.

«Vida de luta é um credo
Rezado em actos...»

Diz o autor. Viveu-a para isso - como todos os que vão, pouco a pouco, no deserto enorme, deixando de ver miragens.

«E que pesadas que são
as asas que já perderam
A derradeira ilusão!»

De acordo; mas para as perder, viveu-as!... E é daí que vem a dor antiga e longa, que passa como um bater de grandes asas negras pelos seus versos e pela sua alma. / Entretantp, quem diz ao poeta que não podem transformar-se as suas quimeras? Quem poderá afirmar-lhe que na vida profunda das emoções e das ideias não nascerá outra ilusão que valha tanto como a verdade? / Aí está uma poesia a que nós chamaríamos filosófica, se o termo não estivesse absolutamente desacreditado e deturpado por alguns mistificadores insignificantes. A forma de Manuel Laranjeira não tem exuberâncias plásticas, opulência de ritmos, arrebatamentos peninsulares: é emotiva, lúcida, transparente. Como Antero, procura as linhas nobres e simples. E como esses versos são pessoais e evidentemente vividos, eles trazem um calor e um fulgor singular. A larga poesia de abertura, os Versos à Tarde, o Prefácio Lírico e Alguns Sonetos, entre outras, são poemas dum verdadeiro, dum original, dum admirável poeta. Desses versos - que pena que sejam tão poucos! - poderia dizer-se o que um grande pensador disse dos períodos de Montaigne: «Se os cortássemos, deitariam sangue». / É que não há outra receita para poemas verdadeiros: é preciso sofrer, é preciso amar - é preciso viver. Os versos de Manuel Laranjeira trazem as emoções das suas ideias, e muitas vezes o bater do seu coração. Commigo é um livro infelizmente pequeno, mas que não se esquece nunca.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

rocha peixoto no museu bernardino machado


No âmbito das comemorações do Primeiro Centenário da Morte de Rocha Peixoto (1909-2009), a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim e a Biblioteca Municipal Rocha Peixoto, levaram a efeito uma série de actividades, entre a quais a “Exposição Documental sobre Rocha Peixoto”.
Constituída por 24 painéis, a exposição apresenta as principais facetas de Rocha Peixoto ao longo da sua vida profissional: as suas origens e a sua relação com a Póvoa de Varzim, de onde era natural; o seu trabalho como naturalista da Academia Politécnica do Porto; o bibliotecário da Biblioteca Pública Municipal do Porto; o conservador do Museu Municipal do Porto e o redactor da revista “Portugália”, o projecto editorial e científico que confirmaria Rocha Peixoto como um dos investigadores de reconhecido mérito no campo da etnografia nos meios culturais da época. Esta exposição vai estar patente no Museu Bernardino Machado entre 1 de Fevereiro até ao dia 30 de Março do corrente ano, sendo a entrada livre.
Nada como recordar, a este propósito, as relações de Rocha Peixoto com V. N. de Famalicão, que foram as mais profícuas com o meio intelectual da época. Assim sendo, realça-se, em primeiro lugar, com Camilo Castelo Branco (que este ano se comemora os 150 anos do “Amor de Perdição”), com o qual, numa fase inicial turbulenta e polémica, seria Camilo, mais tarde, o ídolo de Rocha Peixoto; com Alberto Sampaio (um dos colaboradores da revista “Portugália”); escreveu, Rocha Peixoto, uma série de artigos para a revista famalicense “Nova Alvorada” e manteve também relações de amizade com Júlio Brandão, igualmente, como ele, conservador do Museu Municipal do Porto. Aliás, Júlio Brandão, nas suas “Galerias de Sombras”, diz-nos que, por um lado, Rocha Peixoto não só pertence “ao número dos que caíram inesperadamente em plena febre de trabalho, já aureolados de glória – daquela glória que conquistara com um enorme talento a alumiar-lhe o estremo labor de mineiro à cata de filões de oiro”, como igualmente a vida de Rocha Peixoto “foi um exemplo magnífico de génio construtivo, numa época de demolição.”
Por seu turno, Artur Sá da Costa, em “A Tertúlia do Ave”, salienta não só as relações de amizade, como também as intelectuais, entre Alberto Sampaio e Rocha Peixoto, ambos colaborando mutuamente nos seus respectivos estudos. É o caso de Rocha Peixoto, em correspondência enviada para Alberto Sampaio (que se encontram no Arquivo Histórico em V. N. de Famalicão), prestando ao amigo informações toponómicas sobre a Póvoa de Varzim, nomeadamente A Ver-o-Mar.
Sobre Rocha Peixoto (1866-1909), etnógrafo, arqueólogo e bibliotecário, nada como uma viagem ao site http://www.cm-pvarzim.pt/biblioteca/site_rocha_peixoto no qual se visualizam imensos conteúdos digitalizados, desde a bibliografia activa e passiva, passando pela biblioteca particular do ilustre etnógrafo da Póvoa de Varzim.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

a república velha

"Cronologicamente, a investigação que se propõe é delimitada por dois acontecimentos extremos, o assalto a Monsanto, de 22 a 24 de Janeiro de 1919, e o golpe militar de 28 de Maio de 1926. A coerência interna do período chamado de "Nova República Velha" é dada pelo regresso do Partido Republicano Português (PRP) ao lugar dominante no poder, a partir do qual manteve a hegemonia sobre o sistema político da Primeira República, recriando esse traço típico do regime instaurado em 1910. Sob esta aparência de continuidade acumulavam-se, no entanto, as experiências políticas do primeiro período do regime e do interregno ditatorial sidonista, em parte assimiladas pelo PRP, a partir de 1919, sob a nova liderança de António Maria da Silva."

Ana Catarina Pinto

I - A problemática da queda da Primeira República portuguesa na historiografia. O estado da questão
II - A República do pós-guerra e os conflitos da modernidade
III - Estudo exploratório


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

IV filo-café

segurança online



Neto de Tito Augusto de Morais (1880-1963), militar e republicano, o qual desempenhou um papel marcante nos dias 4 e 5 de Outubro de 1910 para a implantação da República em Portugal na margem do rio Tejo, não só na tomada dos marinheiros em Alcântara, no assalto aos paióis, como igualmente no comando do navio São Rafael, que bombardeou o Palácio das Necessidades, considerou o avô como um dos fundadores da República ao lado de Bernardino Machado. Foi assim que Tito de Morais, autor do projecto miudossegurosnanet, abriu a sessão, dizendo que, para além do prazer que tinha em estar no Museu Bernardino Machado, não vinha falar propriamente da República, mas das redes sociais e da segurança na internet. Se, num primeiro momento, salientou as quatro propriedades que desestabilizam as relações online (caso da persistencia, replicabilidade, escalibilidade e pesquisabilidade), as quais se interligam, têm como consequência prática um conjunto de três dinâmicas, a saber, as audiências invisíveis, os contextos colapsados e a desfocagem entre aquilo que é público e privado, dinâmicas com as quais nos defrontamos na rede. Com exemplos práticos e fílmicos ao longo da sessão, Tito de Morais alguns conselhos a reter nas páginas sociais, sendo o caso paradigmático o facebook; não nos expormos demasiado (o facebook não é um muro de lamentações), reconfiguração da segurança, categorização das amizades em para além de ser um meio de aproximação das pessoas, promove a aproximação familiar e, na relação pais/filhos, promove um reconhecimento acompanhado.
No debate, e num contexto pedagógico, salientou-se a contradição existente entre a não autorização da publicação de fotografias dos adolescentes nos boletins escolares por parte dos pais e aquilo que os próprios adolescentes publicam no facebook. De qualquer maneira, Tito de Morais aconselhou aos professores presentes na sessão, que solicitassem sempre a autorização para a publicação das fotografias, para evitar confusões.
Não é a primeira vez que Tito de Morais vem a Famalicão, já que através de um projecto da PSP, financiado pelo Município, falou de segurança na internet nas escolas do 1.º ciclo no concelho famalicense.


domingo, 22 de janeiro de 2012

manuel laranjeira e "aos amigos"



rousseau


da cidade política, rousseau imaginou "uma sociedade duma grandeza limitada pelo alcance das faculdade humanas", na qual o "amor da pátria" e "o amor dos cidadaõs" promovessem "a felicidade comum", na base de um "governo democrático sabiamente temperado." para além de projectar "um país em que as leis fossem comuns a todos os cidadãos", diz-nos rousseau que escolheria "para minha pátria uma feliz e tranquila república cuja antiguidade se perdesse de algum modo na noite dos tempos; que não tivesse experimentado senão ataques propícios a manifestar e tornar mais firmes nos seus habitantes a coragem e o amor da pátria e em que os cidadãos, acostumados desde longa data a uma sábia independência, fossem não somente livres, mas dignos de o ser." uma ilusão tanto real como paradoxal!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

gonçalves cerejeira (1873-1899)

Homenageado em 1909 na inauguração em Vila Nova de Famalicão do Centro Republicano Dr. Bernardino Machado, com a presença do patrono do mesmo centro, e na presença de outros republicanos, caso de Sousa Fernandes ou de Manuel Monteiro, Gonçalves Cerejeira seria de novo homenageado em Outubro de 1923 pelas mesmas personalidades republicanas, caso de Fernandes e de Machado, na inauguração de uma escola com o seu, Escola Dr. Gonçalves Cerejeira (suponho que em Lousado). Bernardino Machado diria então, e defendendo, num primeiro momento, a necessidade da instrução primária para o desenvolvimento do País, para, num segundo momento, exultar a personalidade de Cerejeira, tendo sido "seu companheiro na propaganda do ideal republicano". Acrescentamos, hoje, ainda mais um In Memorian a Gonçalves Cerejeira de 1911, o qual acrescenta mais um dado para a sua biografia, pertencendo o famalicense republicano à associação carbonária de Coimbra "Academia Livre". Para além de já ter publicado a biografia deste famalicense poeta e republicano, defensor do ideal da liberdade de expressão, reproduzo-a hoje neste blog. Dedico este simples trabalho ao Dr. Manuel Sá Marques, com um  forte abraço de fraternal amizade e de saudade.


Gonçalves Cerejeira
(1873-1899)


“Dr. Gonçalves Cerejeira”. In O Porvir. Ano 3, n.º 182 (21 Maio 1911), p. 3.

Fez no dia 10 do corrente 12 anos que faleceu em Lisboa este nosso ilustre correligionário e querido amigo que desde a fundação deste jornal lhe dispensou a sua brilhante colaboração sob a rubrica «Palavras Vermelhas». / Pobre e desditoso sonhador! / Rolou no túmulo com vinte e poucos anos de idade, na primavera da vida, quando o futuro se abria, esplendoroso, diante de si, quando no róseo horizonte da sua mocidade lhe acenavam de longe as mais fagueiras esperanças de glória!” / Que enternecida saudade nos desperta a lembrança deste rapaz!... / Ele foi nosso companheiro de escola e nosso companheiro de casa, quando estudantes em Braga. / Ele foi um dos que mais insuflou no nosso espírito o nobre ideal republicano. / E com que fé, com que entusiasmo, com que ardor ele trabalhava, anos depois, em Coimbra, pela implantação da República, filiado na «Academia Livre», associação de carbonários que já então existiam naquela cidade. / Pobre Gonçalves Cerejeira, que não teve a dita de ver implantada no seu país a República, pela qual tanto trabalhou!...



Quando em Braga frequentava o Liceu, começou a escrever nos jornais académicos “A Pátria” e “Canto Académico. Promoveu na cidade de Braga uma organização estudantil, onde se realizavam palestras literárias. Fundou, na mesma cidade, “A Alma Nova”, de combate anti-monárquico e anti-jesuítico até à sua ida para Coimbra. Em Coimbra, foi um dos fundadores do “Cenáculo”, revista crítica e literária, sendo também um dos redactores do “Portugal”. Foi um dos membros da comissão académica que promoveu a homenagem a José Falcão, da qual saiu a publicação popular da “Cartilha do Povo”, publicada em Vila Nova de Famalicão pela Tipografia Minerva, mediante subscrição pública. As revistas da época anunciavam que Gonçalves Cerejeira tencionava publicar os livros de versos “Canções Vermelhas” e “Alma Rebelde”, assim como também um livro de contos. Colaborou em “O Instituto” (Coimbra) e em “A Arte” (Porto). Apenas Publicou “Cinzas” (1896) e “Os Boémios” (1898). Em Vila Nova de Famalicão colaborou no jornal “O Porvir”, publicando aqui as suas famosas crónicas intituladas “Palavras Vermelhas” e no jornal “Estrela do Minho”.  O “Semanário Ilustrado” de Lisboa intitulado “Branco e Negro”, de 29 de Fevereiro de 1898, caracteriza o seu pensamento da seguinte forma: “Hoje, apesar da melancolia em que o seu espírito parece ainda envolto, evolucionado para uma fase mais humana e positiva, fora de todas as escolas, pela sua própria individualidade estética e pensante, com uma educação superior, visando o útil e a humanidade, sem nefelibatices, numa linguagem luminosa e alegre como o nosso sol e o nosso vinho, temperado apenas pela sentimentalidade amorosa e aventureira que caracteriza  a alma portuguesa, …” A Comissão Municipal do Partido Republicano de Vila Nova de Famalicão homenageou Gonçalves Cerejeira em 1909, mais propriamente em 14 de Novembro no Centro Republicano Bernardino Machado dez anos após o seu falecimento. A homenagem constou da instalação do seu retrato na nova sede da comissão republicana famalicense, liderada então por Sousa Fernandes, o futuro Presidente da Câmara Municipal de V. N. de Famalicão a seguir à República. Esta nova sede ficava, conforme nos diz o “Estrela do Minho” de 21 de Novembro de 1909, “instalado num prédio contíguo ao Hotel Vilanovense”. Considerou então Sousa Fernandes, na abertura da sessão, que Gonçalves Cerejeira “foi um valioso e dedicado partidário” e quem lhe faz o então elogio público será Manuel Monteiro, o futuro Governador Civil de Braga a seguir à implantação da República em Portugal. A seguir à intervenção de Manuel Monteiro, Bernardino Machado proferiu a comunicação “Têm Liberdade os Monárquicos em Portugal?”.

Amadeu Gonçalves
Do projecto literário “Dicionário Literário Famalicense: século XVIII a XX”.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

manuel laranjeira e v. n. de famalicão

para o meu caro amigo alexandre teixeira mendes, este artigo de manuel laranjeira publicado num jornal de v. n. de famalicão, com um abraço fraternal amizade