domingo, 15 de janeiro de 2012

o "amor de perdição" e os seus 150 anos




FENOMENOLOGIA DO AMOR

"Paixões, que as leve o Diabo, e mais quem com elas engorda. Por causa de uma mulher, ainda que ela seja filha do rei, não se há-de um homem botar a perder. Mulheres há tantas como a praga, e são como as rãs do charco, que mergulha uma, e aparecem quatro à tona de água."

"- Que tinha morrido de paixão e vergonha, talvez! - exclamou uma leitora sensível.
- Não, minha senhora; o estudante continuava nessea no a frequentar a Universidade; e, como tinha já vasta instrução em Patologia, poupou-se à morte da vergonha, que é uma morte inventada pelo visconde de Almeida Garrett no Frei Luís de Sousa, e à morte da paixão, que é outra morte inventada pelos namorados nas cartas despeitosas, e que não pega nos maridos a quem o século dotou de uns longes de filosofia, filosofia grega e romana, porque bem sabem que os filósofos da Antiguidade davam por mimo às mulheres aos seus amigos, quando os seus amigos por favor não lhas tiravam. E esta filosofia hoje então..."

Camilo, Amor de Perdição

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