para o dr. manuel sá marques, com um abraço afectuoso de saudades e de cordeal amizade
a mesa antes da apresentação do II tomo-política da obra de bernardino machado
o prof. norberto cunha e o dr. paulo cunha, vereador da cultura da câmara municipal de vila nova de famalicão, num momento de convívio
o eng. miguel machado, neto de bernardino machado, e o dr. sá da costa, em convívio
o dr. paulo cunha e o prof. norberto cunha na mesa
No dia
21 de Abril, pelas 16h00, no Museu Bernardino Machado, em Vila Nova de
Famalicão, apresentou-se o III Volume-Tomo II Política da Obra de Bernardino
Machado, com a presença do Vereador da Cultura e Vice-Presidente da Câmara
Municipal, Paulo Cunha. Afirmando a responsabilidade da Câmara Municipal na
divulgação do pensamento multifacetado de Bernardino Machado, é através do
Museu Bernardino Machado que traz para o público, para o exterior, o pensamento
de Bernardino Machado, e que, desde 2007, o seu pensamento tem sido divulgado
através da ciência, a pedagogia e a política.
Realçou
o Vereador da Cultura que na imprensa da época Bernardino Machado era chamado
de “apóstolo da democracia” e o “eminente pedagogo”, e entre o monárquico
liberal e o republicano, salientou Paulo Cunha que para Bernardino Machado a
revolução deveria fazer-se não pelas armas, mas pela política. Desta forma, com
este II Tomo, entre o regicídio e a implantação da República em Portugal,
colhe-se as reflexões e os pensamentos de Bernardino Machado, o qual, para além
de ser uma referência no concelho de Vila Nova de Famalicão, tem um legado
pedagógico e político para as gerações futuras.
Por
seu turno, o Prof. Norberto Cunha, coordenador científico do Museu Bernardino
Machado e das Obras de Bernardino Machado, apresentou o II Tomo da Obra
Política em três aspectos: se, por um lado, reúne os textos de Bernardino
Machado publicados em livro, na imprensa periódica e de conferências, por outro
lado, abarca as ditaduras administrativas entre Ferreira do Amaral e Teixeira
de Sousa. Os temas principais que se destacam são, principalmente, as críticas,
no campo económico, de Bernardino Machado, assim como do Partido Republicano,
ao engrandecimento do poder real, (cuja temática se reflecte nos dinheiros do
erário público dados à Casa Real à revelia da Câmara dos Deputados),e os
escândalos financeiros; num segundo momento, que se relaciona com a ideologia
republicana, temos a defesa de Bernardino Machado perante a descentralização
municipal, na suas próprias palavras “as franquias municipais”; num terceiro
momento, surge a questão religiosa, anunciando já a lei da separação,
problemática que Bernardino Machado não pretendia atacar a Igreja, mas sim o
que pretendia era a separação dos poderes; numa quarta questão temática do II
Tomo, surge a questão económica e social, numa conciliação entre o capital e o
trabalho, numa base e de sentido de equidade social, acreditando aqui no estado
demo-social. Aliás, considerando Bernardino Machado como um homem equilibrado,
o Prof. Norberto Cunha salienta que mesmo perante o socialismo, este, para
Bernardino Machado, deveria ser compatível com a democracia, e relativamente ao
comunismo, Bernardino Machado não aceitava uma igualdade à força. Perante a
revolução, o argumento de Bernardino Machado era de que a revolução pode ter
boas razões, mas ao certo não sabemos as suas consequências. O ideal seria para
Bernardino Machado, para a mudança das instituições, pela atracção, pela
persuasão, com a matriz do diálogo para que os republicanos pudessem então
realizar a “revolução” sem armas, realizando-se através de eleições
transparentes para que se possa votar em liberdade e em consciência. O “empata
revoluções”, como então lhe chamavam os seus correligionários, nunca esteve
contra a revolução, só que não aceitava uma revolução voluntarista e
impreparada.
O
Prof. Norberto Cunha termina a apresentação do II Tomo da Obra Política com uma
reflexão: abarcando os anos de 1908 a 1910, abarcando as ditaduras
administrativas, nas quais não se falava de política, o que surgiram foram os
tecnocratas no poder, ditaduras que Bernardino Machado repudiou, apesar da
tentativa de apaziguamento de 1908; e hoje, o fenómeno é um pouco idêntico, com
os tecnocratas no poder.
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