O jornal famalicense "A Egualdade", que surgiu em 1 de Fevereiro de 1885 e tinha como subtítulo "Semanario politico, noticioso e satyrico", publicando-se aos domingos, surge com a sua sede na então Praça da Mota, e é a primeira referência republicana pública em Vila Nova de Famalicão. Se no cabeçalho do jornal não conhecemos as menções de responsabilidade (propriedade, director e editor), será, contudo, num outro jornal famalicense, o "Estrela do Minho", numa série de crónicas com o título "Figuras Antigas: Rua Direita", que iremos conhecer a origem do jornal "A Egualdade", através de Samuel, pseudónimo de Rodrigo Terroso, contando-nos a vida social e intelectual dos finais do século XIX em V. N. de Famalicão. Será na de 18 de Novembro de 1917 que Rodrigo Terroso irá explicar a origem do jornal, sendo ele mesmo um dos fundadores ao lado de Luís de Miranda, tipógrafo que será depois actor. Ambos resolveram "atirar para a rua uma gazeta republicana." Para Rodrigo Terroso, e sendo ambos menores, faltava o editor, e entraram em contacto com o "único republicano em Famalicão", que se chamava Francisco José Gonçalves de Sousa, com a alcunha de "Chichurreta", o qual aceitou o convite. Vejamos o que Rodrigo Terroso nos conta: "Fez-se a habilitação perante o administrador do concelho, dr. José Carlos de Medeiros. Por cautela tirei a certidão desse acto e entreguei-a ao Correia Guimarães que era o dono da tipografia em que a Igualdade tinha de publicar-se. O 1.º número apareceu. Fez barulho. Escrevemo-lo eu e o Miranda, menos o artigo de apresentação, que o Correia quis fazer. O editor achou que alguns artigos eram bravos, excessivamente audazes. Precisei ludibriá-lo para que consentisse a sua publicação. Meti-lhe na cabeça que eram do Teófilo, da Angelina Vidal, do Alves da Veiga, e facilmente o convenci, pois que eram rubricados com pseudónimos e só lhos mostrava em provas." Na crónica seguinte, a 28 de Novembro, Rodrigo Terroso dir-nos-á de Francisco Correia Mesquita Guimarães que "não iam para a República as suas inclinações." Tal como as de Rodrigo Terroso, que militou no Partido Progressista do Barão de Trovisqueira. Nesta última crónica, Terroso conta-nos como terminou esta aventura "republicana" de sol de pouca dura, que não o chegou a ser.
Sem comentários:
Enviar um comentário