domingo, 19 de fevereiro de 2012

cidadania e humanismo na maçonaria





um aspecto da sala de conferências do museu bernardino machado

“Cada época a sua Maçonaria”
“A Maçonaria está na vida e no mundo”
Fernando Lima
Mais de cem pessoas estiveram presentes no Museu Bernardino Machado no dia 17 de Fevereiro para a sessão inaugural do V Ciclo de Conferências dedicado à temática da “Maçonaria em Portugal: do século XVIII ao século XXI”, com a presença inicial do Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, Fernando Lima, o qual proferiu a conferência “A Maçonaria: instituição de saber ou de poder?”




fernando lima e norberto ferreira da cunha, num momento de convívio inicial, antes da conferência



fernando lima com paulo cunha, vereador da cultura da câmara municipal de famalicão, três momentos antes do início da conferência


paulo cunha, vereador da cultura da câmara municipal de famalicão, no momento da abertura do v ciclo de conferências

Com a presença do Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha, o qual, num primeiro momento, enalteceu o legado pensamento de Bernardino Machado, especificando o caso concreto da pedagogia, realçando nele um pensamento de vanguarda, num segundo momento evidencia as responsabilidades da Câmara Municipal na divulgação desse mérito emancipador; e, para além da exposição permanente que se encontra patente no Museu Bernardino Machado, com a publicação das obras e de iniciativas de outras temáticas, tal como a actividade do presente ciclo, o Museu é um espaço aberto e crítico e que está ao serviço de todos nós.




norberto ferreira da cunha, coordenador científico do museu bernardino machado, no momento da apresenção do conferencista


Por seu turno, Norberto Ferreira de Cunha, coordenador científico do Museu Bernardino Machado, para além de realçar o apoio incondicional da Câmara Municipal para com o Museu, mesmo em tempo de crise, já que o que está em causa é a divulgação das ideias e da cultura, e anunciando para o próximo mês a apresentação do II Tomo da Obra Política de Bernardino Machado, foca o respectivo Museu como sendo o lugar natural por excelência para a presença de Fernando Lima, já que Bernardino Machado foi Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano entre 1895 a 1899.



fernando lima, grão-mestre do grande oriente lusitano, a proferir a sua conferência

Fernando Lima, com a tese inicial de que a Maçonaria está na vida e no mundo, , parte da filosofia da existência, citando Albert Camus, estando em causa a problemática da felicidade, já que para Camus o não saber viver é um morrer de imediato. Com Camus, a vida surge como uma obra original, nas suas manifestações culturais, estando em causa uma ascese da alma. Neste sentido, num mundo a virar de paradigma, com uma crise da humanidade, surge com a Maçonaria uma espiritualidade laica com especificidades ocidentais ao lado de uma ética social (realçando a sua intervenção no serviço nacional de saúde). Assim sendo, e anunciando a Maçonaria na sua perspectiva histórica, filosófica e sociológica, anuncia Fernando Lima que a cada época a sua Maçonaria. Numa perspectiva histórica, deparamo-nos com uma Maçonaria operativa (herdeira dos construtores das catedrais), uma Maçonaria de espiritualidade esotérica (herança da razão iluminista), uma Maçonaria hermético-ocultista (com correntes filosóficas ligadas à gnose, estabelecendo que o conhecimento do divino é através da razão) e, finalmente, a Maçonaria humanista, na qual se insere o Grande Oriente Lusitano. Por seu turno, numa perspectiva filosófica, o que está em causa na Maçonaria é a libertação do ser, aqui salientando o processo de individuação ontológica para a formação de uma elite moral para formar o mundo. No plano sociológico, a Maçonaria aparece como uma instituição filantrópica, contendo em si uma dimensão prática, estabelecendo assuntos para discussão, tais como a justiça, o respeito, a paz, o civismo, os direitos humanos, etc. Acima de tudo, a Maçonaria pretende combater a ignorância, na difusão dos valores humanos. Nesta perspectiva, Fernando Lima focou o exemplo do Grão-Mestre Sebastião de Magalhães Lima e o seu pensamento de vanguarda, relativamente à teorização dos Estados Unidos da Europa, ou enquanto fundador da Liga dos Direitos Humanos, evidenciando a emancipação da Maçonaria no mundo.




Sendo a Maçonaria a mais velha instituição democrática do mundo, nas palavras de Fernando Lima, realça a ética da responsabilidade (porque não é maçon quem quer) da própria Maçonaria enquanto instituição estabelecida na sociedade. Postulando a ideia de fraternidade na diversidade, sendo isto que parece perturbar a sociedade contemporânea relativamente à Maçonaria, das ideias feitas perante a polémica recente em Portugal, Fernando Lima salientou o seguinte: a Maçonaria surge como algo obsoleto, muito dos melhores que existem em Portugal pertencem ou foram maçons (sendo isto que é difícil de aceitar), ou então a Maçonaria enquanto instituição iniciática (estando aqui patente mais um sentido de progressão na vida da pessoa para que esta melhore a sociedade, sendo a sua base uma espiritualidade laica para a busca da felicidade, para se lutar contra a injustiça, fortalecer as crenças, defender a natureza, olhar o outro com amor, etc.) Tal como na vida, em que tudo é ritual e simbólico na aceitação da vida de cada um, o mesmo o faz a Maçonaria. Paralelamente, foca a consciência livre do cidadão perante a cidadania, considerando a obrigatoriedade da declaração de interesses uma brecha numa sociedade democrática como a portuguesa. E, tal como qualquer instituição, a Maçonaria tem as suas reservas, não é secreta, foi, contudo, clandestina.
Terminou Fernando Lima a sua conferência referindo-se à Loja Perseverança de Coimbra, à qual Bernardino Machado se iniciou na Maçonaria, para que sejamos perseverantes para o futuro, porque o presente está muito perigoso.





uma vez mais, o público que honrou com a sua visita o museu bernardino machado

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