segunda-feira, 12 de setembro de 2011

alexandre cabral e camilo



Cultivou a Poesia, a História, o Teatro, a Epistolografia, a Polémica, o Jornalismo. Na imprensa periódica, que foi por onde começou uma carreira que em pouco tempo ganharia fulgurâncias de primeira grandeza, desempenhou todos os cargos, de correspondente a director, de repórter anónimo a redactor principal, e muitas vezes único, com direito a figurar nos cabeçalhos dos jornais que fundou e dirigiu, e noutros em que apenas foi chamado pelos seus méritos e exercer tão importante função. / Mas foi também tradutor, prefaciador e erudito. O mais curioso é que fez tudo quanto acabo de enumerar simultaneamente e não, como se poderia imaginar, em épocas distintas, em que o espírito se achasse, por esta ou aquela razão, mais vocacionado na altura para o exercício da novelística, ou da poesia, ou da tradução, ou dos trabalhos históricos. Não, amigo leitor! Camilo Castelo Branco nasceu para a actividade literária - qando se assume verdadeiramente como escritor, por volta de 1850 -, a exercitar desde logo a poesia, o teatro, o jornalismo, a história e a polémica, ao mesmo tempo que traduz e prefacia livros alheios. E assim continuou pela vida fora, praticamente até 1890. / Se esta multiplicidade de aptidões é já em si uma coisa fora do comum, sem falar na simultaneidade da sua prática, não menos invulgar é o volume da produção camiliana em cada um desses domínios e, sobretudo, quando apreciada na sua globalidade. / Realmente, Camilo Castelo Branco legou ao País um monumento literário de proporções gigatescas, de valor e mérito incalculáveis. Legou ainda uma outra coisa, decerto não menos importante, estreitamente vinculada à sua produção literária: o exemplo de um profissionalismo sem mácula, nesse estrito aspecto, que não foi ainda ultrapassado.
Alexandre Cabral



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