sábado, 17 de março de 2012

zeferino bernardes pereira e uma casa com história



a casa que ardeu na madrugada de terça-feira (13 de março) em vila nova de famalicão, bem no centro nevrálgico da cidade, é uma casa com história - situada na esquina entre a avenida narciso ferreira e a rua adriano pinto basto, em frente à antiga bomba e restaurante iris. uma casa com história na medida em que era pertença de zeferino bernardes pereira (?-1929), vereador da comissão administrativa da câmara municipal famalicense até 1913 e o 1.º presidente eleito na república em 1914 nas eleições municipais. diga-se, antes de mais nada, que estamos perante um dos republicanos famalicenses históricos, tendo sido um dos homenageados em 2011 pela câmara famalicense, no âmbito do centenário da implantação da república em famalicão. desta forma, zeferino bernardes pereira, proprietário e natural da régua, que ficou ligado a famalicão pelo casamento que realizou com uma das descendentes dos donos e dos fundadores do hotel carolina, que então ficava na actual praça d. maria ii, de nome ernestina varela dos santos, aparece, pela primeira vez, na comissão republicana municipal em 1906 como substituto, aparecendo logo em 1908 já como candidato efectivo. em 1910, surge na comissão administrativa republicana que tomou posse em 8 de outubro de 1910 em vila nova de famalicão, tendo sido eleito presidente da câmara em 1914, sendo a lista concorrente a do partido republicano evolucionista, que o apelidavam de mestre zéfrino. em 1912 é eleito membro efectivo de uma nova comissão municipal republicana (saída da reunião do hotel do carmo, a antiga casa de bernardino machado, herdada do seu irmão, o 2.º barão de joane, o homem forte do partido progressista local), assim como em 1916. a propósito da inscrição de nomes republicanos na toponímia famalicense, já josé casimiro da silva, no jornal "estrela da manhã", anuncia a proposta da inscrição do nome de zeferino bernardes pereira se inscrever na toponímia famalicense. a propósito da imagem de zefereino bernardes pereira na comunidade famalicense, casimiro da silva diz-nos dele que foi "sempre uma pessoa circunspecta e reservada, pelo menos pela sua gravidade ou austeridade que haveria de determinar o teor da vida económica na administração municipal". no seguimento do elogio público a zeferino, continua casimiro da silva que "era, enfim, um Homem de que o momento político necessitava", e "de tal modo defendia os dinheiros do povo que alguns dos seus pares passaram a considerá-lo um «unhas-de-fome»", ficando com a alcunha de «Conta-Achas». assim se vai escrevendo a história.


1 comentário:

  1. Caro Amadeu: muito obrigado por toda esta informação, muito util para a minha próxima crónica no jornal da terra.
    Abraço
    João Afonso Machado

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