domingo, 25 de março de 2012

o caminhar simbólico do maçon

“O maçon é o trabalhador constante para o bem da humanidade”
                João Alves Dias


Com casa cheia, mais de meia centena de pessoas, realizou-se no passado dia 23 de Março do corrente ano no Museu Bernardino Machado (em Vila Nova de Famalicão), a segunda conferência do V Ciclo de Conferências de 2012 subordinado à temática “A Maçonaria em Portugal: do século XVII ao século XXI”. Desta vez, o conferencista convidado foi o Professor João Alves Dias, da Universidade Nova de Lisboa, que proferiu a conferência “Organização e Funcionamento: ritos, símbolos e graus”.


O Prof. Norberto Ferreira da Cunha no momento da apresentação do conferencista, o Prof. João Dias

Partindo do lema se tudo para o ser humano normal é o nada, e se este mesmo nada para um filósofo pode ser o tudo, evidenciou os símbolos máximos da Maçonaria, o esquadro e o compasso, colocando-os em questão, já que podiam ser outros o símbolos da própria Maçonaria. Perguntar o que é Maçonaria, é o mesmo que perguntar o que poderá ser a fé, sendo algo de difícil explicação, sobre o que poderá ser a Maçonaria para um maçon, assim como sobre o que poderá ser a fé para um cristão, na medida em que tal explicação parte do olhar de cada um. Desta forma, ao dizer-nos o que é a Maçonaria, o Professor João Dias dir-nos-á que é o acreditar no homem e de a Maçonaria ter a capacidade de que o mesmo homem é possível de se adaptar e de se modificar no mundo. Assim, o significado da pedreira, e ao esculpir a pedra o que está em questão é o esculpir de nós próprios, tocar as nossas impurezas para sermos úteis à sociedade. No esculpir, o maçon esculpe o templo dentro de nós próprios para tentar fazer o melhor dos tempos em nós para sermos úteis à humanidade, eis o propósito de se ser maçon, podendo ser útil de diversas maneiras. E se na sua fase inicial a Maçonaria se transforma numa Maçonaria prática e especulativa, será com a constituição de Andersen que o lema da fraternidade entra em acção para uma união da instituição maçónica, uma união para respeitar a diversidade pela tolerância, reflectindo-se esta ideia no iluminismo, surgindo assim uma nova forma de pensar, uma “religião” sem dogmas e em que não há verdades, já que as verdades de hoje podem ser as mentiras de amanhã.




O Prof. João Dias, na sua intervenção, com o compasso, símbolo maçónico cuja simbologia representa o espiritual


Ora, estas maneiras diferentes de pensar vão produzir ataques à própria Maçonaria, já que ninguém aceita a diferença, já que todos podem fazer a medição com o esquadro. Ora, se a Maçonaria contém em si sete mestres (porque não cinco?) é porque tem a ver com o sistema solar que então se conhecia no renascimento, julgando-se então a existência da diversidade, porque pela diversidade nasce a luz. Assim, sendo o sol o símbolo da força, que representa metade da nossa vida, a lua o símbolo da beleza e o delta a presença do supremo arquitecto, o venerável mestre surge enquanto símbolo da sabedoria, na conjunção desses mesmo três elementos simbólicos, sendo a obra o trabalhar (representando o avental o símbolo do trabalho) claro para se poder navegar. Este caminhar do aprendiz, que se faz entre o esquadro (na sua significação enquanto matéria) e o compasso (na sua significação espiritual) e o livro que regula a lei (a consciência de cada um), o local de culto próprio para os maçons e não para os profanos, e longe destes (os maçons são reconhecidos por eles próprios), só o é para os outros porque os outros maçons o reconhecem como tal, e não os profanos.



Um aspecto do auditório
Como se faz um bom maçon? Com o saber, o ler e o compreender, eis os trâmites do caminho para se fazer um bom maçon. No fundo, a certeza da Maçonaria é o construir, o planear para mais tarde elevar a sementeira para uma fertilização; e nos rituais dos aprendizes, dos irmãos e dos mestres, o que surge na Maçonaria são diferentes formas de olhar, permitindo o seu caminhar. Aliás, estas diferentes formas de olhar, representadas nos mestres, fazem criar novas filosofias no século XVIII, maneiras diferentes de filosofar, deixando a matéria para prevalecer o espírito. Assim, cria e constrói a Maçonaria princípios e valores para embelezar as lojas de perfeição do espírito terreno para o espiritual, na procura do homem para ser homem. E se a partir de determinada altura surge uma confusão de graus da Maçonaria, criando o rito escocês a ordem do caos, o rito francês organiza numa sequência lógica a determinação simbólica para um novo rito, o filosófico, criando uma paramaçonaria para a revalorização do humano.

Outro aspecto do auditório, com o Prof. João Dias na sua conferência


3 comentários:

  1. O compasso representa o espíritual. O esquadro é que representa o material.

    ResponderEliminar
  2. ~bom diaq. obrigado pela indicação! erro crasso este!

    ResponderEliminar
  3. o erro foi só na legenda. no texto estava correcto. ainda bem! de qualquer maneira, obrigado pela chamada de atenção!

    ResponderEliminar