quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Bento de Jesus Caraça

O próximo convidado do Ciclo de Conferências “Pedagogos e Pedagogia em Portugal”, uma organização da Câmara Municipal de V. N. de Famalicão em colaboração com o Museu Bernardino Machado, é o professor Luís Andrade Crespo, o qual vai proferir a conferência “Pedagogia e Emancipação nos Escritos e na Actividade de Bento de Jesus Caraça”. Professor Auxiliar do Departamento de Filosofia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Luís Andrade Crespo é Doutor em História e Teoria das Ideias (especialidade das Ideias Políticas) pela Universidade Nova de Lisboa. A investigação do Prof. Luís Andrade Crespo, entre outras áreas científicas e de interesse, tem-se dirigido para a História do Pensamento Português Contemporâneo, tendo, neste âmbito, já publicado “Planetário Utópico e Cultura Integral: aspectos do discurso utópico português contemporâneo” (1990); “Sol Nascente: da cultura republicana e anarquista ao neo-realismo” (2007) e “Intelectuais, Utopia e Comunismo: a inscrição do marxismo na cultura portuguesa” (2010).
A conferência, que se realiza no próximo dia 8 de Novembro de 2013, pelas 21h30, no Museu Bernardino Machado, tem entrada livre, obtendo os presentes o certificado de presença. Recorde-se que este Ciclo de Conferências encontra-se acreditado pelo Centro de Formação Científica/Educadores de Infância e Professores do Ensino Básico e Secundário.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Encontros de Outono 2013

ENCONTROS DE OUTONO 2013
VIOLÊNCIA E PODER POLÍTICO

Os XVI Encontros de Outono de 2013, numa organização da Câmara Municipal de V. N. de Famalicão em colaboração com o Museu Bernardino Machado, têm, este ano, como temática “Violência e Poder Político: 1910-1974”. Os Encontros de Outono de 2013 realizar-se-ão uma vez mais na Casa das Artes, em V. N. de Famalicão, nos dias 22 e 23 de Novembro, tendo na sessão de abertura o Presidente da Câmara Municipal de V. N. de Famalicão, Dr. Paulo Cunha, e o Coordenador Científico do Museu Bernardino Machado, Prof. Doutor Norberto Cunha, com a presença de Fernando Rosas, Fernando Catroga, Ernesto Castro Leal, Luís Farinha, General Pezarat Correia, entre outros. Enquanto que no primeiro dia, na conferência inaugural, teremos Fernando Catroga (“Violência e História”), António Matos Ferreira (“A violência anticlerical da I República: conflitos e legitimidades”), Miguel Dias Santos (“Ó Liberdade, quantos crimes se cometem em teu nome”), Paulo Guimarães (“A violência nas relações entre o operariado e o poder político republicano (1910-1926), Miguel Nunes Ramalho (“A violência sidonista”), António José Queirós (“A violência política na década de 20”), Ernesto Castro Leal (“Militares e violência política em perspectiva comparada: a singularidade do 18 de Abril de 1925) e Irene Pimentel (“A repressão salazarista: da institucionalização à acção”), por seu turno, no segundo dia, teremos Fernando Rosas (“A violência no regime salazarista”), Luís Farinha (“Ditadura Militar e violência política: depuração e repressão da resistência republicana reviralhista (1926-1933)”, João Madeira (“Violência e repressão em meio operário durante o Estado Novo”) e, finalmente, o General Pezarat Correia (“A violência política: do 25 de Abril de 1974 ao 25 de Novembro de 1975”). Recorde-se que os Encontros de Outono já se realizam desde 1988, nos quais já se debateram temas como “A Agricultura Portuguesa”, “A I República nos Municípios Portugueses”, “As Eleições”, “A Guerra e a Paz entre as Nações”, “Exílio e Exilados Políticos”, “Pedagogia e Educação em Portugal”, “A Igreja e o Estado em Portugal”, entre outras temáticas. Para mais informações http://www.bernardinomachado.org.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Faria de Vasconcelos - "Pioneiro da Educação do Futuro"


FARIA DE VASCONCELOS
(1880-1939)

“Pioneiro da Educação do Futuro”

 

“A infância não é conhecida; com as ideias falsas que sobre ela se têm, quanto mais se caminho, descaminho maior. […] Eis o estudo a que mais me apliquei, a fim de que, ainda quando o meu método fosse tão quimérico, todo ele falsidade, se pudesse sem embargo tirar proveito daquilo que eu pude observar na infância. Vi talvez muito mal o que se deve fazer, mas julgo ter visto suficientemente bem o próprio sujeito sobre que cumpre operar. Começai, pois, por estudar melhor os vossos alunos, já que é certíssimo que os não conheceis.”
Rousseau

“Senhores alunos: para ensinar e, sobretudo, para educar […] não basta conhecer bem o que se deve ensinar; é, além disso, de absoluta necessidade, conhecer o sujeito a quem se deve ensinar […]. O ensino não é somente função da matéria a ensinar, é também função indispensável do aluno.”
Faria de Vasconcelos

O título de “Pioneiro da Educação do Futuro” foi atribuído ao distinto pedagogista Faria de Vasconcelos em Julho de 1915 por um dos maiores, senão o maior, dos mentores da Educação Nova, também chamada Educação Activa, e um dos seus militantes, de nome Adolphe Ferrière, amigo de Vasconcelos. Este título glorioso aparece como fecho de abóbada de um texto, que pode ser considerado a síntese das sínteses do quadro das características da Escola Nova. Referimo-nos ao prefácio de “Une École Nouvelle en Bélgique” (1915) em que o director das escolas novas compendia as trinta proposições da Escola Nova ideal. Vejamos a primeira: “Para ser uma Escola Nova, ela tem que ser o laboratório de pedagogia prática.”
Para Adolphe Ferrière a fórmula educação do futuro é sinónimo de educação nova. Apesar de não sabermos o que poderá ser a educação do futuro, não teremos dúvidas de que a educação do futuro tem que ser nova, isto é, tem que ser pensada e processada sobre a categoria do novo. O educador, o pedagogista, o cientista da educação, assemelhar-se-ia, digamos, à sentinela, aquela sentinela de que somos todos, a questionar o que se passa sobre o que há de novo, que novas traz a madrugada do tempo novo e de que modo traz para acolher essa novidade. O debate, aliás, que se poderia trazer para aqui será o de saber se as nossas escolas, o ambiente das nossas escolas terá condições para proceder a uma reflexão para escutar os sinais, para ver esses mesmos sinais, e antecipa-los, do que urge, do que é necessário fazer. A Escola Nova, neste sentido, dedica-se a uma espécie de incubadora pedagógica, um centro de criação para desenvolvimento de projectos inovadores. As escolas novas não são assim para os seus membros modelos para a escola do futuro, pois os modelos são estáticos, mas antes o seu laboratório. As escolas novas eram uma tentativa de descoberta, de emergência do novo, devendo ser esses lugares onde a criatividade e a novidade fosse de facto uma preocupação fundamental.
Mas qual é a identidade da Escola Nova? Antes de pegar no nosso pedagogo e na sua pedagogia, julgamos oportuno apreender o significado dessa ideia da Educação Nova. Para esclarecer este conceito, não vislumbramos melhor caminho do que perguntar a Copérnico ou a Newton ou a Jean Jacques Rousseau  ou a Ferrière. Embora os pedagogos da Educação Nova não tivessem sentido, em geral, a necessidade de encontrar percursores, Claparède, no entanto, na sua obra “L`Éducation Fonctionelle” (1931) reconheceu Rousseau como o patriarca ou o Copérnico da Educação Nova. Também John Dewey considerou Rousseau como o profeta da Educação Nova; também Roger Cousinet, em “L`Invitation Nouvelle” (1960) diz que a Educação Nova remonta a Rouseaau; e tanto partidários como adversários, reconheceram, pois, Rousseau como o pai da Pedagogia Nova.
Duas razões principais se nos afiguram determinantes no reconhecimento de Rousseau como o Copérnico ou como o Newton da Educação Nova. Uma, foi a descoberta roussouniana da autonomia ontológica da criança e do imperativo do seu conhecimento científico. Rousseau descobriu um novo continente: foi a autonomia da criança, isto é, de que a criança não é um homem adulto, na medida em que a criança é um ser original, singular, não confundível com o homem, é uma realidade distinta do adulto; e, portanto, esta descoberta refutava a velha teoria de que a criança era um adulto, um homem em ponto pequeno. O texto de referência para todos os teóricos é o “Emílio”. Ao dizer-nos Rousseau que “a infância não é reconhecida”, a recomendação é a seguinte: pais, professores, educadores, começai por estudar melhor os vossos alunos, os vossos filhos, os vossos educandos, na medida em que “é certíssimo que ois não conheceis”. Ora, esta advertência parece-me, de facto, uma advertência muito importante. A segunda razão para que Rousseau seja considerado o Copérnico da Educação é a descoberta do paradigma perdido, isto é, da natureza da criança. Rousseau tem, assim, deslumbrado esse pensamento novo sobre a criança, como realidade ontológica autónoma, reagindo contra o esquecimento ou o recalcamento da sua natureza, rejeitando tanto o empirismo, como o racionalismo tradicionalmente verificado na sua consideração. A atenção à natureza da criança como ideia reveladora de toda a acção educativa e a observação do seu ritmo natural de desenvolvimento, trouxe a identificação dos estádios de desenvolvimento que a educação nova assumiu como lei fundamental.

II
 
O nosso Faria de Vasconcelos reconhecia o autor do “Emílio” como uma das suas primaciais ou principais fontes de inspiração. Na sua obra “Lições de Pedologia e Pedagogia Experimental” tem na página de rosto uma referência a Rousseau. A Pedologia associa-se à Educação Nova, significando a ciência natural da criança. Para verificar a influência da actividade pedagógica de Rousseau em Faria de Vasconcelos basta atender à advertência na oração de sapiência inaugural das ciências da educação que Vasconcelos fez aos seus amigos: “Para ensinarmos, sobretudo para educar, não basta conhecer bem o que se deve ensinar. E, além disso, de absoluta necessidade, de ser o sujeito a que se deve ensinar-se.” Para entender o aluno é necessário atender à instância física, sito é, a educação física era a educação fundamental no projecto, do ideário da Educação Nova. Para Faria de Vasconcelos ninguém pode ser pedagogo, se não foi biólogo. O que ele quer dizer com isto é que ninguém será um bom pedagogo se não conhecer a realidade física do aluno.
A trilogia pedagógica da Educação Nova em Faria de Vasconcelos, e é esta trilogia que ele trata na sua “Une École Nouvelle en Bélgique” (1915), sintetiza o que foi a vida e o ensino e a educação nessa sua escola nova na Bélgica (Escola Nova de Bierges-les-Wavre, 1912-1914). Foca também as três instâncias, a saber, educação física, intelectual e moral, numa outra obra que ele escreveu antes de dar início à sua escola nova, em 1912, para anunciar aos belgas o projecto e o ideário dessa mesma escola, num opúsculo com o título “L `École Nouvelle à la Campagne”, resumindo nestas duas obras o sentido da educação integrada. O que aqui existe de interessante é que as três instâncias não são estanques (evidencio aqui Karl Popper e a sua teoria dos três mundos, em que considera que a instância física não é fechada relativamente à instância psíquica e esta relativamente à instância espiritual. O físico actua sobre o psíquico, o psíquico actua sobre o espiritual ou cultural e depois há uma causação ascendente deste com o físico). Faria de Vasconcelos criticava a escola tradicional, fazendo uma avaliação muito negativa, considerando que esta sobrecarregava a mente da criança com conteúdos sem relação com a vida. Verificava que o que a criança aprendia na escola ou esquecia ou aprendia mal.
A instrução era concebida como essencialmente educativa. A escola é para instruir ou para educar? Na Escola Nova, a instrução era concebida como essencialmente educativa. Os pedagogos da Educação Nova não mutilavam, mas formavam o espírito da criança para ensinar a ver, a observar e a julgar criteriosamente e claramente. Faria de Vasconcelos afirmava, relativamente à metodologia da sua Escola Nova, que “pretendemos ensinar o menos possível e fazer encontrar o mais possível”, adaptando o ensino e a educação à evolução natural da criança, actuar com o número reduzido de alunos por escola e por turma, construir classes móveis, classes de acordo com o nível de aprendizagem e não de acordo com a idade, organizar as não formidades pelas capacidades, flexibilizar o tempo atribuído a cada matéria em função das capacidades individuais (caso do número de horas das lições segundo os alunos), adoptar o método activo, prático e naturais capazes de fracturar, de preparar o aluno não apenas para os exames, mas, sobretudo, para a vida, visando assegurar às crianças as melhores e as mais sãs condições de vida para o seu desenvolvimento.
Sobre a prática das classes móveis, a individualização do ensino e da aprendizagem, diz Faria de Vasconcelos que “procuramos, pois, individualizar o mais possível o ensino, de modo que cada aluno tenha o seu programa, o seu horário próprio adaptado às suas aptidões e às suas necessidades intelectuais ou orgânicas.” Relativamente à educação moral na Escola Nova, à heteronomia, à passividade, à matriz transcendente da moralidade, ao seu carácter abstracto e impessoal, a Escola Nova contrapunha o princípio da experiência pessoal e natural da criança, respeitando a sua espontaneidade e individualidade e o seu envolvimento físico e intelectual. Isto também recorda-nos Popper, visto que a ética, a construção ética e moral do indivíduo radica na experiência, radica na experiência do erro, radica na correcção contínua do erro e das faltas, sendo que, corrigindo progressivamente os erros, as faltas, se estrutura a identidade moral do indivíduo.

III

Para avaliarmos a vida, a obra e o pensamento de Faria de Vasconcelos, cidadão do mundo educativo, que os estrangeiros conheceram e exaltaram e cuja herança pedagógica deixou espalhada pela Europa e pela América, sobretudo América do Sul, a vida, a obra e o pensamento daquele que foi um dos maiores, senão a maior das figuras da história das ideias pedagógicas em Portugal, vamos acolher a proposta de Câmara Reys, apresentada na revista “Seara Nova” (n.º 628, de 26 de Agosto de 1939), em que considerou o curriculum vitae, o itinerário existencial, profissional e pedagógico do grande pedagogo, divisível em cinco fases, ordenada segundo a sequência crescente de realização pessoal.
Em primeiro lugar, a sua formação em direito, por tradição intrínseca familiar (os seus pais e avós eram magistrados e juristas). Ainda antes da conclusão da licenciatura em direito, publicou o seu primeiro opúsculo intitulado “O Materialismo Histórico e a Reforma Religiosa do Século XVI” (1900). Nesta obra revela o pensamento de Marx, o pensamento do socialismo científico e conhecia muitíssimo bem a 11.ª tese de Marx sobre Feuerbach: os pensadores, os filósofos, têm-se limitado a interpretar e a explicar o mundo de modo diferente, mas a questão é, porém, transformá-lo. E é curioso que, se a transformação do mundo seria pela política e pela revolução, a via de Faria de Vasconcelos seria a da educação. A educação era uma arma de transformação social, sendo esta também a convicção dos pedagogos da Escola Nova, sendo a educação o factor determinante de transformação da sociedade.
Concluída a formação académica em direito, seria lógtico que seguisse a carreira jurídica. Tornou-se, porém, evidente que a sua formação académica não conduzia com a sua vocação pedagógica. Só o reconhecimento ou a convicção de que o segredo está na educação, pode explicar a decisão de ir buscar competências e especialização desta área, matriculando-se, em 1902, no mais avançado e prestigiado centro de investigação e de aplicação neste domínio, a Universidade Nova de Bruxelas, obtendo em 9 de Janeiro de 1903 nas disciplinas sociológicas que frequentou a “distinção não atribuída” dos último dez anos a qualquer candidato nacional ou estrangeiro. Durante o curso que realiza, publica em 1902 o opúsculo “O Pessimismo: semiologia e terapêutica”. Sem discordar dos benefícios da ciência e da técnica para a terapia do fenómeno pessimista, Faria de Vasconcelos julga que a solução é essencialmente de ordem moral: “Eduquem-se e instruam-se as multidões”, diz-nos nessa obra. O próximo discurso e o seu primeiro texto pedagógico, propriamente dito, chama-se “O Ensino Ético-Social das Multidões” (1902), em que o autor começa por afirmar: “O problema da educação e da instrução popular está na ordem do dia em todos os países.” No quarto dos seus ensaios, apresentado em 1903 no Laboratóriod e Sociologia na Universidade Nova de Bruxelas, intitulado “La Psicologie des Foules Infantiles”, rejeitando liminarmente a teoria do atavismo físico de Lombroso, do atavismo moral de Colajannie, defendeu que a criança não é esse criminoso nato, esse louco moral, esse selvagem, prolongamento atávico da barbárie primitiva, mas, pelo contrário, “um ser normal em via de desenvolvimento, devendo as manifestações patológicas ser atribuídas não a uma necessidade fisiológica, mas fundamentalmente à inadequação do meio em que a criança se desenvolve.” A educação infantil, mesmo na criança anormal é, para Faria de Vasconcelos, uma axioma pedagógico e antropológico evidente e primordial, devendo o investimento máximo ser feito no meio e no modo de desenvolvimento, reconhecendo a escola como esse grande meio de preservação da criança.
A formação académica do nosso psicopedagogista fica completa com a defesa da tese “Esquisse d`une Théorie de la Sensibilité Sociale” (1904), na Universidade Nova de Bruxelas, conferindo-lhe o grau de doutor em ciências sociais. Depois da defesa desta tese, é-lhe conferida a docência da cadeira de pedagogia e psicologia na Universidade Nova de Bruxelas e no Instituto de Altos Estudos de Bruxelas, magistério que exercerá durante a década de 1904 a 1914. A expressão eloquente e do interesse do resultado da investigação e da actividade docente deste período são as “Lições de Pedologia e de Pedagogia Experimental”, cuja doutrina vai ter na sua Escola Nova, que vai fundar nos arredores de Bruxelas, decidindo, assim, passar da teoria à prática. É evidente que a sua escola não é uma criação a partir do nada porque o movimento das escolas novas já estava em curso. Contudo, Claparède considerou a escola de Faria de Vasconcelos como um modelo exemplar. A Escola Nova de Faria de Vasconcelos foi efémera, tendo sido reduzida a escombros nesse trágico Agosto de 1914 pela brutalidade da invasão alemã na Bélgica. Conta-nos Faria de Vasconcelos:

“Vivia eu contente na Bélgica, entregue aos meus trabalhos universitários e aos da minha Escola Nova de Berges, quando aí por volta de 1914 sobreveio implacável e feroz a guerra horrorosa, durando vários anos que devastou a Europa. Como muita gente, tive de emigrar, bem contente de poder escapar com vida da fogueira infernal. Não quero com isto dizer que a vida seja o único bem, mas quando se salva a vida, se salva tudo, longe de mim tal ideia. Pode haver e há mortes com mais vida que a vida e há vidas que não são mais que o sepulcro de ambos. Tudo está na maneira como se vive, como se assinala a vida, no ideal que ela prossegue e a espiritualidade elevada que ela encerra. Salvei-me, pois, na Bélgica e fui parar à Suíça, onde uma casa amiga, a Escola das Ciências da Educação acolheu o meu exílio e me deu uma guarida intelectual.”

Na Suíça, realiza quatro conferências sobre a sua experiência na Escola Nova, compiladas no livro “Une École Nouvelle en Belgique” (1915). Mas, entretanto, da América Latina, de Cuba, pedem à Suíça, nomeadamente ao Instituto Jean-Jacques Rousseau, um pedagogo para ser fundado uma Escola Nova; e, então, Claparéde e Ferrière não encontram melhor pedagogo para desempenhar essa função do que o seu amigo Faria de Vasconcelos. Em havana, sendo a sua chegada noticiada pelo jornal “Heraldo” (1915), é faria de Vasconcelos anunciado, desgraçadamente para nós, como o maior pedagogo belga! Depois de dois anos em Cuba vai para a Bolívia, desempenhando igualmente as mesmas funções ao serviço da Educação Nova. Em fevereiro de 1920 deixa a América do Sul e regressa a Portugal. A sua chegada é noticiada pelo jornal diário “A Tarde” (de 21 de fevereiro de 1921).

IV
 


Três tópicos da sua actividade pedagógica em Portugal (1921-1939)
Faria de Vasconcelos Pedagogo da “Seara Nova”

O nosso pedagogo da escola novista conclui o seu périplo científico-pedagógico no estrangeiro e regressa a Portugal num ano que ficou assinalado, pelo menos, por dois acontecimentos com algum significado político e cultural: a fundação do Partido Comunista Português, em 6 de Março de 1921, e a fundação do grupo da revista da “Seara Nova”, cujo primeiro número saiu no dia 15 de Outubro de 1921. Sabendo-o em Portugal, os fundadores do movimento convidaram Faria de Vasconcelos para integrar o primeiro corpo-directivo da revista, sendo constituído, para além deste, por Aquilino Ribeiro, Augusto Casimiro, Ferreira de Macedo, José de Azeredo Perdigão, Câmara Reys, Raúl Brandão e Raúl Proença. A faria de Vasconcelos e a Ferreira de Macedo foi-lhes confiada a responsabilidade da representação do movimento em matéria pedagógica. É nas páginas da “Seara Nova”, desde o n.º 1 até ao n.º 43, que Faria de Vasconcelos realiza a sua doutrinação pedagógica em Portugal. No número inaugural da revista, publicou uma síntese daquilo que lhe pareciam ser as mais evidentes características da educação contemporânea. Este texto, “Características da Educação Contemporânea”, publicado na obra “Problemas Escolares”, anunciado na revista como “o mais notável livro publicado nos últimos anos em Portugal”, diz-nos Faria de Vasconcelos que a educação contemporânea tinha um carácter e um espírito científico, tinha um carácter dinâmico, , tinha uma função genérica, funcional, é eminentemente social, diferencial e a última característica referida era que a educação contemporânea tinha uma cultura individual e social.
O segundo painel da acção de Faria de Vasconcelos em Portugal, sintetiza-se na elaboração daquela que alguns consideram a mais perfeita proposta de reforma educativa que Portugal teve. Uma reforma de 1923, do tempo da I República, da qual podemos dizer talvez que o único defeito foi o de não ter sido implementada. Dizia Jaime Cortesão o seguinte a propósito dessa reforma: “A reforma constitui, na crítica dos métodos de ensino e nos fins gerais que tacitamente se propõe, não só o mais sério documento político emanado de um governo, dentro da República, como a primeira tentativa de reforma nacional, orientada por um espírito democrático.”Esta reforma passou à história com o nome da “Reforma Camoesas”, precisamente devido ao ministro da educação da altura. Esta reforma foi muito elogiada. A proposta é constituída por 24 bases, precedida por um relatório ou preâmbulo, enunciando dois imperativos da reforma: a necessidade de redefinir a educação, tendo em consideração a realidade brutal da I Guerra Mundial, não sendo alheio Faria de Vasconcelos, assim como outros pedagogos, ao militarismo da educação alemã em contraste com a educação pacifista belga. Claparède, aliás, assinala duas características implícitas na filosofia da educação: a tendência pacifista, marcada pela irracionalidade da guerra; a nacionalista, marcada pelo modelo de ambição alheia.
Na conferência, que segundo “O Século”, de 29 de Julho de 1923, Faria de Vasconcelos proferiu na Sala Algarve da Sociedade de Geografia, conferência então presidida pelo ministro da educação João Camoesas, com o título “A Reforma a Educação e seus Fundamentos e Antíteses”, o conferente selecionou três aspectos dessa reforma. O primeiro dizia respeito aos jardins-de-infância, a educação primária e às Faculdades de Ciência da Educação, aparecendo a proposta da criação para formação científica dos professores. Como virtudes fundamentais da reforma, António Sérgio apreciou assim, na conferência que proferiu em 1923, também na Sociedade de Geografia, que era sincera e efectiva, que era sistemática e coordenada, tinha unidade e globalidade, estava de acordo com os princípios da pedagogia nova e era capaz de formar uma elite para as necessidades do País, era democrática nos princípios e nos métodos, conferindo especial atenção à educação técnica do povo. E é consentânea conforme um projecto de existência do futuro nacional.
O terceiro aspecto de Faria de Vasconcelos é a orientação profissional. O nome de Faria de Vasconcelos está também ligado a esta necessidade de orientação profissional em Portugal, tendo sido aliás considerado como um dos pioneiros da orientação profissional e o seu introdutor em Portugal. As condições necessárias para a orientação profissional para Faria de Vasconcelos são: i) estudar e conhecer os adolescentes a que se quer dirigir, as suas aptidões; e o segundo imperativo é estudar e conhecer as profissões que ele deseja exercer; e porque é que a orientação profissional se tornava uma necessidade e uma urgência naquela altura? Precisamente pelas seguintes razões: em primeiro lugar, os acidentes de trabalho; em segundo, as carreiras fracassadas e, terceiro, o taylorismo, a organização científica do trabalho
Qual seria o sistema pedagógico vasconcelosiano? Apesar de não ter sintetizado num texto único a sua teoria, o seu quadro teórico, nós temos de identificar no conjunto da sua obra aqueles que são os princípios fundamentais do seu ideário pedagógico e que são os seguintes: crença indefectível no poder «regenerador» da educação; reconhecimento da autonomia da criança; naturalismo pedagógico; princípio de continuidade e solidariedade das funções psíquicas; princípio de integralidade; princípio da «instrução educativa»; princípio da concentração da aprendizagem; princípio da lição como construção e o princípio da co-educação.
Concluindo, em síntese, diríamos que o sistema pedagógico vasconcelosiano, que é o mesmo que o movimento das escolas novas, confundiu.se com o destino da nossa I República e perdeu-se nas brumas dos regimes políticos que se sucederam à I Guerra Mundial. A Educação Nova, a Pedagogia Nova, é mais um projecto  inacabo do que um projecto esgotado.





domingo, 22 de setembro de 2013

Bernardino Machado, O Pedagogo


A exposição "Bernardino Machado, O Pedagogo" foi inaugurada no Museu Bernardino Machado (Vila Nova de Famalicão) no dia 21 de Setembro de 2013, pelas 17h00. O Prof. Norberto Cunha, coordenador científico do referido Museu, realizou uma visita guiada à referida exposição, com a seguinte interpelação inaugural.
"O âmbito desta exposição é associar conteúdos às imagens. Percorrendo as reflexões de Bernardino Machado, desde o que ele pensava sobre o ensino em geral, assim como a sua importância, passando pelos vários graus de ensino até ao ensino superior, esta é a lógica desta exposição. Bernardino Machado foi propriamente um professor da Escola Nova, se assim podemos chamar, porque o que ele diz é de tal maneira importante (o próprio Édouard Claparède refere-se a Bernardino Machado como o único pedagogo que havia na Península Ibérica nos fins do século XIX), a partir do momento em que acentua a aprendizagem na criança e que o verdadeiro pedagogo, para o ser, devia progressivamente libertar o aluno. Ou seja, o melhor pedagogo deixava o aluno até ao momento em que este se decidia por si, permitindo ao aluno uma completa autonomia; e o aluno, que Bernardino considerava, deveria ter um curriculum básico, um tronco comum que deveria existir em torno do ensino, segundo Bernardino deveria corresponder este mesmo ensino a um desígnio nacional e daí, o facto, de exigir, de ter exigido um Ministério da Educação Nacional para coordenar esses mesmos desígnios. O ensino, fosse ele qual fosse, para além do tronco comum, tinha de estar ao serviço das localidades, com disciplinas ajustadas às necessidades locais; e daí, por exemplo, o ensino primário ser um ensino ligado às autarquias, precisamente por causa dessas idiossincrasias. Mas já, por seu turno, o ensino médio e superior, já que estavam num plano mais vasto, este devia ficar inteiramente debaixo da tutela administrativa e pública, não recusando, contudo, o ensino particular, sendo necessário fiscalizá-lo. Isso levou a Bernardino a valorizar a psicopedagogia e, por outro lado, também acreditava que o ensino existia para transmitir um conjunto de valores e comportamentos, para que as pessoas fossem menos egoístas e mais sociáveis, mais altruístas; a maneira de as pessoas serem mais altruístas, isto é, serem mais cooperativas, era através do trabalho oficinal, do trabalho laboratorial, do trabalho em grupo e daí defender o ensino profissional, sendo um tipo de ensino que levasse os alunos a entreajudarem-se e através desta realidade eles aprenderem a cooperar, a associarem-se, a pedir ajuda uns aos outros, ou seja, no fundo, aquilo que ele desejava era que se preparassem para a vida civil, que as pessoas, para além de gerirem os seus interesses particulares, achassem que era necessário associarem-se. Perante o ensino médio e secundário, achava Bernardino Machado que este tipo de ensino tinha um papel meramente formativo, o qual deveria ser um ensino continuado para toda a vida. É um nível preparatório para o ensino superior, tendo em conta a especialização a seguir, a qual era de duas ordens: ou uma especialização média superior, que era o chamado ensino profissional e o universitário. Ora, Bernardino Machado teve um papel relevante em todos os níveis de ensino, quer no ensino primário (que criou uma série de escolas primárias), quer por exemplo, na instrução popular, que hoje se chama instrução para adultos, formação para adultos."

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Bernardino Machado, O Pedagogo









«Saber é poder; por isso só são fortes as nações instruídas. A ignorância, eis a causa de todas as misérias: dos embaraços financeiros, da penúria económica, do amolecimento de costumes. A ignorância para tudo empobrece o homem: torna-o fraco operário, incapaz de sustentar com vantagem ou sequer com igualdade a luta da concorrência; torna-o mau cidadão, que regateia ao Estado as suas dívidas de sangue e de dinheiro; finalmente, arranca-lhe uma a uma as virtudes morais com que os povos fraternizam na coesão de uma mesma família. Toda a nação doente é ver que é uma nação ignorante; e não existe terapêutica eficaz, que não disfarce apenas a moléstia, que a cure de raiz, nenhuma senão a instrução.”
Bernardino Machado, In O Ensino, 1898.

Numa organização da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, em colaboração com o Museu Bernardino Machado, a exposição “Bernardino Machado, O Pedagogo” vai ser inaugurada no próximo dia 21 de Setembro do corrente ano, pelas 17h00, no respectivo Museu, na R. Adriano Pinto Basto. A exposição “Bernardino Machado, O Pedagogo” é constituída por 16 temas, a saber: i) “O Ensino e a sua Importância”; ii) “A Aprendizagem. Entre o Hereditário e o Adquirido”; iii) “Liberdade de Ensino. Público ou Privado?”; iv) Processos de Ensino. Aprendizagem; v) Instrução e Educação”; vi) “Ensino Infantil e Primário”; vii) “A Instrução Popular. Sociedades Particulares de Instrução; viii) “O Ensino Secundário”; ix) “O Ensino Profissional”; x) “O Ensino Comercial e Industrial”; xi) “Ensino Agrícola”; xii) “A Academia e o Ensino Universitário”; xiii) “A Universidade e o Ensino”; xiv) “A Revolta Académica” (1907); xv) “O Ensino e a Política” e xvi) “Cronologia Pedagógica”. Cadsa painel temático terá não só as suas imagens respectivas, como igualmente os textos (fragmentados) teóricos de Bernardino Machado sobre a instrução e a pedagogia, retirados de títulos emblemáticos como, por exemplo, “O Ensino” (1898), “Afirmações Públicas” (1888), “Conferências de Pedagogia” (1900), “Da Monarquia Para a República” (1908), “Notas Dum Pai” (1903), “O Ensino Primário e Secundário” (1899), “Pela República” (1908), “O Estado da Instrução Secundária Entre Nós” (1882), “A Universidade e a Nação” (1904), “A Socialização do Ensino” (1897), “A Indústria” (1898), “A Agricultura” (1900), “O Ensino Profissional” (1899), “A Academia de Coimbra” (1906), entre outros títulos. Recorde-se que a Câmara Municipal de V. N. de Famalicão, as Edições Húmus e o Museu Bernardino Machado já editaram os três tomos de Pedagogia da Obra de Bernardino Machado, respectivamente em 2009 e 2010, tendo o primeiro uma introdução de Rogério Fernandes e os outros dois de Norberto Cunha, coordenador científico não só do respectivo Museu, como igualmente das Obras do patrono.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Bernardino Machado: cronologia pedagógica (1910-2013) - VI

Para o Dr. Manuel Sá Marques, indiscutivelmente, com o  meu baraço de amizade fraterna e eterna.


 
1910
·          “Pela República: 1908-1909 – II”.
·         É nomeado Membro do Congresso Internacional de Emigração (Espanha, Santiago de Compostela).
·         Em Janeiro, discursa na “Escola “31 de Janeiro”, na sessão solene de distribuição de prémios aos alunos da escola.
·         Em Junho, discursa no 1.º Aniversário do Centro Escolar Republicano de Santarém e no Salão Municipal de Aldeia Galega.
·         Em Dezembro, é nomeado Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa.
·         Na sessão de 24 de Dezembro, a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro (Brasil) confere a Bernardino Machado o título de Sócio e de Vice-Presidente Honorário.
1911
·         É nomeado Presidente Honorário, ao lado Teófilo Braga e de Brito Camacho, do Congresso Nacional de Mutualidade.
·         Preside ao IV Congresso Internacional de Turismo realizado em Lisboa.
1912
·         Em Abril, discursa na Liga Nacional de Instrução.
1914
·         A Liga Nacional de Instrução promove o IV Congresso Pedagógico, nomeando Bernardino Machado Presidente da Direcção, discursando na abertura.
1916
·         Em Janeiro, discursa na cerimónia do lançamento da primeira pedra para o edifício do Liceu Alexandre Herculano, no Porto.
·         Em Fevereiro, discursa na Universidade do Porto.
·         É nomeado, em 18 de Março, Presidente Honorário do Ginásio Club Português, pelos “dotes de cidadão e educador”.
·         Em Abril, profere uma alocução na exposição “Arte na Escola”, promovida pela Sociedade de Estudos Pedagógicos”.
1917
·         Em 22 de Março, é nomeado Sócio Efectivo da Classe de Ciências Morais, Política e Belas-Letras da Academia das Ciências de Lisboa.
·         Em 14 de Junho, profere um discurso na Academia de Ciência de Lisboa, sobre a “Academia e a Política”.
1919
·         Em 5 de Maio, é convidado, pela Faculdade de Ciências de Coimbra, a reassumir a Cátedra, sendo reintegrado em 5 de Novembro, aposentando-se.
1924
·         Em Janeiro, é convidado pelo Ministro da Instrução, António Sérgio, para Reitor da Universidade de Coimbra, recusando, por entender que o Reitor deve ser provido por eleição.
1925
·         É-lhe conferido, em 21 de Março, o Diploma de Funções Públicas referente ao cargo de Professor da Universidade de Coimbra, na situação de aposentado.
1930
·         No “Boletín de la Institución de Enseñanza” é publicado um texto de Bernardino Machado sobre Alice Pestana, em 30 de Abril.
1931
·         Em 23 de Abril, é exonerado do lugar de professor da Universidade de Coimbra, na situação de aposentado.
1951
·         Comemorações do Centenário de Nascimento.
1953
·         Artigo de Artur Magalhães Basto publicado na revista “O Tripeiro”, em Fevereiro, com o título “Alberto Braga, esse desconhecido”, com referências a Bernardino Machado.
1959
·         No jornal portuense “O Primeiro de Janeiro” sai publicado, em 9 de Janeiro, o texto de Artur Magalhães Basto com o título “Bernardino Machado, Gonçalves Crespo, João Penha e Junqueiro: estudantes de Coimbra”.
1963
·         No jornal “A Capital”, no suplemento “Literatura e Arte”, é publicado, em 4 de Dezembro, o texto de Matilde Rosa Araújo com o título “Bernardino Machado «As Crianças – Notas Dum Pae»”
1983
·         Homenagem Nacional a Bernardino Machado realizada em V. N. de Famalicão, no âmbito das comemorações do 5 de Outubro.
·         “Pela Liberdade”.
·         “A Universidade e a Nação”.
·         É reintegrado, a título póstumo, como professor na Universidade de Coimbra, na situação de aposentado.
“Em 23 de Abril de 1931, com base nas disposições do Decreto n.º 19595, publicado no Diário do Governo, de 15 do mesmo mês, o Dr. Bernardino Luís Machado Guimarães foi exonerado do lugar de professor da Universidade de Coimbra, na situação de aposentado. / Não se justificando as razões nas quais se fundamentou o acto normativo de 23 de Abril de 1931, por se tratar de uma notória retaliação política por parte do regime saído do golpe militar de 28 de Maio contra um antigo Presidente da República Portuguesa, determino, ouvindo o reitor da Universidade de Coimbra, a reintegração do Dr. Bernardino Luís Machado Guimarães no lugar e com a situação que detinha no momento da sua exoneração. / Esta reintegração, a título póstumo, é um acto de elementar justiça por parte do actual regime democrático saído do 25 de Abril e agora constitucionalmente instituído, tanto mais que ainda não foi suficientemente resgatada a honra da valorosa geração de dirigentes políticos republicanos, que, como o Dr. Bernardino Machado, prestaram à Pátria e ao Estado Português um contributo de alto relevo cívico, na luta pela liberdade e pela democracia. / Trata-se de acto de exclusivo significado moral e simbólico, que tem lugar por ocasião da celebração do m73.º aniversário do 5 de Outubro de 1910, data da proclamação da República Portuguesa. / Ministério da Educação, 4 de Outubro de 1983. – O Ministro da Educação, José Augusto Seabra.”
1984
·         Rogério Fernandes – “Bernardino Machado e os problemas da Educação Contemporânea”.
1985
·         “O Ensino Profissional”.
·         Rogério Fernandes – “Bernardino Machado e os problemas da Instrução Pública”.
1999
·         Elzira Machado Rosa – “A Educação Feminina na Obra pedagógica de Bernardino Machado: propostas a favor da igualdade e da emancipação das mulheres”.
2001
·         Em 15 de Dezembro é inaugurado, em Vila Nova de Famalicão, o Museu Bernardino Machado
·         Manuel Ferreira Patrício – “Alguns Apontamentos sobre os Fundamentos da Educação em Bernardino Machado”.
·         José Augusto Seabra – “Bernardino Machado, um Mentor da Educação profissional”.
·         Elzira Machado Rosa – “Bernardino Machado e a Educação Feminina”.
2009
·         “Obras de Bernardino Machado: Pedagogia – I.”
Rogério Fernandes – “Pedagogia e Educação: uma revisitação do ideário educacional de Bernardino Machado”.
·         “Obras de Bernardino Machado: Pedagogia – II”. Introdução Norberto Ferreira da Cunha.
2010
·         “Obras de Bernardino Machado: Pedagogia – III”. Introdução Norberto Ferreira da Cunha.
·         Edição americana em texto português, paperback, do livro “Notas D`um Pae”, pela editora Nabu Press [Carolina, Charleston].
·         Edição americana em texto português, paperback, do livro “Homenagens”, pela editora Nabu Press [Carolina, Charleston].
2011
·         Edição americana em texto português, paperback, do livro “Notas D`um Pae: as creanças”, pela editora Nabu Press [Carolina, Charleston].
2012
·         Edição americana em texto português, paperback, do livro “Da Monarchia para a República, 1883-1905”, pela editora Nabu Press [Carolina, Charleston].
2013
Norberto Ferreira da Cunha – “Bernardino Machado Pedagogo”. Conferência realizada no âmbito do Ciclo de Conferências “Pedagogos e Pedagogia em Portugal: dos fins do século XIX ao último quartel do século XX”, organizado pelo Museu Bernardino Machado

Bernardino Machado: cronologia pedagógia (1900-1909) - V


Indiscutivelmente, com o meu abraço apertado e fraterno para o Dr. Manuel Sá Marques, a quinta etapa desta cronologia pedagógica bernardiniana.



1900
·         “Associações Musicaes: alocução ao Grupo Muscial José Maurício, de Coimbra, em 25 de Dezembro de 1900”.
·         “Universidade de Coimbra; curso de pedagogia: notas”
·         Em 19 de Março, profere, na Figueira da Foz, uma conferência em prol dos direitos da mulher.
·         Arnaldo Gama, da Comissão da Organização das Colecções para as Classes de Educação e Ensino, solicita a Bernardino Machado as monografias e outros documentos que estiveram no Congresso Pedagógico de Madrid e de Paris, assim representando Portugal na Exposição Universal de 1900.

“É o título do novo livro da série A Agricultura, A Indústria, Os Meios de Comunicação e Comércio, do sr. conselheiro Bernardino Machado. / Nada retórico – como o revela a sua obra duma nobreza ática e luminosa – o insigne publicista documenta com trabalhos notabilíssimos a sua passagem pelo poder, trabalhos e ideias que foram mais tarde, em grande parte, aproveitados ou desenvolvidos. / Na larga obra do sr. Bernardino Machado, sempre tão vivamente simpática, estes novos livros devem-nos merecer a todos a mais séria atenção. Trata-se dum alto espírito e dum raro homem político, eminentemente ilustre, para quem não há, de modo nenhum, falsear os deveres – morais e intelectuais – do homem de estado que se preze de o ser. / Na sua propaganda pedagógica, tão extraordinária e destacável, que o faz das figuras de mais rara fulguração moral deste tempo; em todos os seus livros, cujo valor nem facilmente hão-de fingir menosprezar os subalternos e medíocres, o sr. dr. Bernardino Machado vai-se tornando, dia a dia, mais calorosamente admirado. / A gerência do ministro das obras públicas de 1893 foi de todo o ponto assinalada por trabalhos de estadista de valor e de utilidade incontestáveis. / A Agricultura, que a índole deste jornal apenas deixa registar de passagem, é um livro que tem de ser meditado por todos os que vivamente se interessam pelas nossas questões agrícolas, tão múltiplas, tão debatidas e tão graves para nós. / No prelo, o terceiro volume da série Os Meios de Comunicação e Comércio.”

A «Agricultura» [material gráfico]. In Diário da Tarde (30 Jan. 1900). [1 recorte de imprensa].
A Agricultura. É o modesto título dum livro deprofunda erudição. Nada mais simples, na verdade, do que esse título singelo e nada mais notável do que esse fertilíssimo campo de que brotam luminosos feixes de luz, a luz brilhantíssima da ciência por mão de mestre espargida. / Pertence à série que, sob o nome de A Agricultura, A Indústria, Os Meios de Comunicação e Comércio, se propôs escrever o eminente publicista, sr. concelheiro Bernardino Machado, que, na sua passagem pelos bancos do poder, deixara já o rasto que outros aproveitaram e com proveito procuraram desenvolver. / Vai larga a lista, na grande obra da propaganda do ilustre homem público. De envolta com vários outros, todos da mais elevada revelação científica, vem o sr. Bernardino Machado preencher com a sua Agricultura uma lacuna importante, que por outro o não seria com tanta proficiência e valo. É vê-la. E a todos interessa a obra, que não pode apreciar-se devidamente nos limites do acanhado espaço de que dispomos aqui. / É um livro de mérito superior. / Ditou o profundo estudo e a vasta erudição dum talento privilegiado, o dum homem distinto entre os que mais o são. / Trabalhador incansável, provou no governo do país as altíssimas qualidades do seu temperamento, assinalando a sua gerência por serviços de incontestável utilidade, e prova fora dele o valor da sua capacidade incontestável, por trabalhos de fôlego, como este. / Aveiro, que o ilustre estadista visitara estudante, recebeu-o depois com júbilo ministro da coroa. Felicitou-o e tem por ele uma inextinguível gratidão. Deve-lhe serviços de valia; cumpre um dever. Nós cumprimos aqui também o de agradecer a gentileza da oferta e a generosidade da dedicatória.”

“Registo Bibliographico” [material gráfico]. In Comércio das Províncias (7 Fev. 1900). [1 recorte de imprensa].
“O conselheiro Bernardino Machado acaba de publicar, em Coimbra, mais um valiosíssimo volume da sua benemérita campanha pedagógica, que já nos deu os primorosos livros sobre a Educação, o Ensino e o Ensino Primário e Secundário. /No seu recente trabalho o erudito lente da Universidade e digno presidente do Instituto, reúne todos os seus notabilíssimos trabalhos sobre o Ensino Profissional quer realizados durante a sua tão alevantada gerência ministerial de 1893, quer em épocas anteriores em que, a pedido do conselheiro João Franco, então Ministro das Obras Públicas, fez os primorosos planos das Escolas Industriais. / No tomo, de que nos ocupamos, também vêm largamente indicadas as conferências e trabalhos vários de propaganda do ensino prático, a que o Conselheiro Bernardino Machado tem dedicado uma grande parte da sua inteligente actividade. / O Ensino profissional deve ser lido e meditado por todos quantos se interessam pelo desenvolvimento intelectual e artístico da nossa querida pátria, tão digna de melhor sorte. / Ao sr. conselheiro Bernardino Machado as nossas felicitações e os nossos agradecimentos  sinceros pela honra do seu cativante oferecimento.”
“O Ensino Profissional” [material gráfico]. In A Província (18 Abr. 1900). [1 recorte de imprensa].
“Com notável brilhantismo está concluída a primeira parte do Sarau em homenagem a Antero de Quental no Instituto de Coimbra. / A sala, que está belamente ornamentada encontra-se repleta de damas em traje de gala, académicos e muitas outras pessoas de exibida distinção. / Abriu a sessão o académico sr. Alberto Pinheiro, proferindo uma alocução adequada, terminando por solicitar o sr. Conselheiro Bernardino Machado para ocupar a presidência. / Seguidamente, este ilustre professor da nossa universidade pronunciou uma brilhante alocução sobre a vida de Antero, que impressionou vivamente os assistentes. / Falaram depois os restantes oradores inscritos, sendo todos calorosamente aplaudidos. / Na parede via-se um retrato de Antero assente sobre damascos e envolvido em verdura.”
“Anthero de Quental” [material gráfico]. In O Século (1 Jun. 1900). [1 recorte de imprensa].
1901
·         É Presidente da Associação Liberal de Coimbra
·         “Associação Liberal de Coimbra”.
·         “O Doutor Augusto Rocha: alocução proferida à beira da sepultura”.
·         “Pela Liberdade”.
·         “Portugal e Hespanha: alocuções aos estudantes da Universidade de Compostella”.
·         Publica a quarta edição das “Notas D`um Pae”.
·         Em 14 de Dezembro é nomeado Membro da Société Radiologie Médicale de Paris.

“Este ilustre catedrático fez na Quarta-Feira, na sala do Instituto a pedido da Academia de Coimbra, uma erudita e judiciosa conferência sobre a discutida reforma da Universidade. / A escutar a palavra fluente e elegantíssima do sábio professor, reuniu-se ali um selecto auditório, que cobriu com vibrantes aplausos algumas das opiniões de sua ex.ª acerca de tão momentoso assunto. / O sr. conselheiro Bernardino Machado afirmou numa exposição clara e comunicativa os seus princípios doutrinários acerca da maneira comos e devia realizar uma reforma da Universidade, bem meditada e discretamente organizada e posta em execução. / Nesta palestra científica e literária, manifestou sua ex.ª o seu arreigado amor á instituição universitária, de que é brilhante ornamento, a par das de aspirações liberais e evolucionistas. / Eis as principais proposições que sustentou e explanou em apreciações de fina crítica: / Que deve ser abolido o juramento político e religioso a que são obrigados os professores e os alunos; que é urgente o exigir-se maiores habilitações aos candidatos ao magistério da Universidade; que convém especializar-se o ensino de cada professore, sendo estatuída a independência de cada uma das cadeiras; que os mais altos interesses dos alunos juristas reclamam a criação dum consultório junto da Faculdade de Direito, como excelente tirocínio para a prática forense; que devem ser eleitos pela Universidade o seu reitor e os decanos das cinco faculdades; que não pode continuar como funciona o actual foro académico, impondo a hora adiantada do progresso a sua remodelação rasgadamente liberal; que a bem da Universidade e do País, convém desenvolver reformas morais e sociais, feitas pelos professores e alunos e independentemente dos poderes públicos; que é um desprestígio para a Universidade o não possuir uma faculdade de letras, onde fosse bem estudada a língua portuguesa. / O sr. conselheiro Bernardino Machado ainda sustentou outros tópicos importantes duma reforma da Universidade à altura das exigências da época, como, por exemplo, a criação da cadeira de geografia política e económica; desenvolvimento dos estudos de legislação comercial, industrial e agrícola; organização duma aula, pelo menos, de pedagogia; divisão e subdivisão das cadeiras de clínica, uma desde já, destinada ao estudo das doenças nervosas; melhoramento e ampliação dos serviços hospitalares, como é urgente para o ensino da Faculdade de Medicina; desenvolvimento de trabalhos de observação e aplicação na faculdade de Matemática, introduzindo-se nela também o ensino superior das operações financeiras; desdobramento do programa de zoologia por duas cadeiras; ampliação dos actuais laboratórios; fundação dum laboratório de reparações e pequenas construções na Faculdade de Filosofia. / Como acima dissemos, o talentoso conferente foi calorosamente aplaudido, dirigindo-lhe o elemento académico, especialmente, uma saudação veemente, verdadeiramente triunfal. / O Conimbricense também felicita o sr. conselheiro Bernardino Machado, pela doutrina altamente reformista e liberal da sua brilhante conferência, e muito particularmente por todos os seus alvitres tendentes a enobrecer a gloriosa Universidade de Coimbra.”
“Conselheiro Bernardino Machado” [material gráfico]. In O Conimbricense. Coimbra (21 Dez. 1901). [1 recorte de imprensa].
1902
·         É eleito Sócio Honorário do Ateneu Comercial de Braga.
·         É eleito Sócio Correspondente da Real Sociedade Nacional de Horticultura (Lisboa).
·         “Homenagens”.
·         Escreve, para o jornal “Crónica”, um texto sobre João Penha, que saiu em 8 de Janeiro.

“Há algum tempo, neste mesmo lugar, agradecemos ao distinto tradutor do livro alemão “Deveres Maternos” o oferecimento desta bela obra e a ilustre escritora que a prefacia  as homenagens da mais sincera gratidão pelas palavras de louvor a estas «Palestras», preparadas sobretudo para arrancar a morte algumas crianças vitimadas por erros contra a higiene e a alimentação racional, logo pela madrugada da vida. Hoje cumpre-nos igualmente agradecer o excelente estudo «Notas Dum Pai: as crianças», devido à pena do conselheiro Bernardino Machado e as palavras de apreço da dedicatória com referência a esta desafectada conversação higiénica, em que temos procurado interessado as mães no seu encantador e tutelar exercício. / Quantas ideias, quantos factos, quantas questões, quantos sentimentos, remexe e põe em circulação naquelas Notas Dum Pai o ilustre escritor que as firma! Há em todo este livro um sopro de rejuvenescimento e de regeneração da mais pura evolução dos sentimentos e dos pensamentos das crianças que deleita com alegria. / Que o conselheiro Bernardino Machado, que possui tão fecunda actividade e tanta cultura de espírito, continue a produzir obras de tanto valor, é o voto de quem assina estas Palestras, e que tanta admiração lhe consagra pelas prendas do seu muito talento. / As últimas palavras do livro, todavia, parecem escritas sob uma impressão triste; há nelas, não o tom alegre do resto da obra, mas como que um aperto do coração. O autor das Notas Dum Pai considera que não tarda que entre na velhice e que breve precisara de se amparar nos braços amantíssimos dos filhos. Pois, a grandeza de pensamentos e a mocidade do livro estão a provar bem que de tudo ele, somente, estas palavras são um engano para quem a ler.”
“Assumptos do Dia. Palestra Hygienica. Os inimigos das creanças” [material gráfico]. In Diário de Notícias. Lisboa (30 Set. 1902). [1 recorte de imprensa].
1903
·         “Discurso Proferido no Jubileu do Dr. João Jacintho da Silva Corrêa”.
·         “A Reforma da Universidade de Coimbra”: proposta da reforma da Universidade apresentada no Claustro Universitário, criticando a reforma de 1901.
·         O jornal portuense “Educação Nacional” (sendo então director António Figueirinhas, o editor Manuel Monteiro Casais e o secretário de redacção António Justino Ferreira) dedica o n.º 355, de 12 de Julho, a Bernardino Machado, a propósito da publicação do livro “Homenagens”.
·         Realiza a conferência “Governo e Ensino”, na Academia de Estudos Livres, em 21 de Novembro.

“É uma figura de relevo no nosso meio, pelo alto e largo prestígio do seu nome. Pedagogo eminente, a já longa série das suas obras aí está a dizer-nos bem clara e iniludivelmente o quanto há sido o esforço e a constância desse homem em prol do ideal sacratíssimo que a todos nós trás empenhados. Jornalista e literato, a sua pena fulge, quer na coluna do jornal quer na página do livro, com o brilho, o cintilar dum diamante: e é assim, claramente assim, o frutificar das radiosas mentalidades de certos homens: diamantes que refulgem, num clarão de apoteose, mas que a ninguém ofuscam, mas que a ninguém cegam, antes a todos alumiam, a todos apontam a vereda, vastas vezes espinhosa e cortada de urzes, que, a bem da pátria e da civilização, se deverá trilhar. / E tais homens são, assim, um testemunho vivo de que o límpido sol do talento não desertou ainda em absoluto do caliginoso céu de Portugal decadente, e uma prova provada de que bem pode a gente arrimar-se, com clara fé, a uma esperança, aliás plenamente fundada, de vermos ainda um dia a nossa pátria alevantada, glorificada, redimida, pela luz que da escola dimana a flux, dos seus erros e desvarios. / Não há muito ainda que sobre a nossa banca de trabalho veio poisar, por oferta amável, um exemplar do derradeiro trabalho do sr. Conselheiro Bernardino Machado. É um grosso volume, rotulado com o título de Homenagens, e através de cujas laudas reuniu o esclarecido publicista e pedagogo algumas dezenas de discursos laudatórios a personalidades em evidência, quer pela sua posição social, que pela sua invulgar cerebração. A nosso ver, essa obra reconfirma de sobejo, por via do seu estilo sóbrio, fluente, elegante, pela elevação do assunto que ele versa, a boa conta em que de há muito é tido entre gentes cultas e radiante nome do sr. Conselheiro Bernardino Machado. / E, assim, se é facto que esse volume nos veio trazer, pelo gozo de sua leitura, alguns momentos de franco bem-estar intelectual, menos verdade não é, que não era ele imprescindível para que sobre a mentalidade do seu ilustre autor fizéssemos, como de há muito já fazemos, o conceito favorável aqui expressado. / Homens dotados da radiante intelectualidade do sr. Conselheiro Bernardino Machado, são, no meio social, o que o sol é na abóbada celeste: brilham sempre, alta e imperturbavelmente, indiferentes apodos ou a apoteoses. /Nem de muitas palavras se carece, para que o seu perfil mental ressalte nitidamente aos olhos dos que, ao mesmo passo, vão contemplando o seu perfil físico. / Eis aqui, pois, nestes leves traços, o motivo de homenagem obscura que a Educação Nacional hoje rende ao pedagogo e publicista emérito que é o sr. Conselheiro Bernardino Machado.
“Conselheiro Bernardino Machado” [material gráfico]. In Educação Nacional. Porto, Ano 7, n.º 355 (12 Jul. 1903), p. 1.
1904
·         “Conferencias Politicas”.
·         “A Universidade e a Nação”. Oração inaugural do Ano Lectivo de 1904-1905.
·         Sessão de Homenagem promovida pelo Grupo dos Livres Pensadores (Coimbra) a Bernardino Machado, com a presença de, entre outros, António José de Almeida, Campos Lima e de Manuel de Arriaga.
·         Colabora na “Enciclopédia Portuguesa Ilustrada: Dicionário Universal”, sob a direcção de Maximiano Lemos, com o texto “Educação”.
·         Em Abril, toma parte no Congresso da Liga Contra a Tuberculose (Coimbra).
·         Em 8 de Dezembro, a Academia de Coimbra presta uma homenagem a Bernardino Machado.
·         É nomeado Sócio-Correspondente do Gabinete Português de Leitura (Brasil, Pernambuco).
1905
·         “Da Monarchia para a Republica: 1883-1905”.
·         “A Universidade de Coimbra”.
·         Colabora na “Enciclopédia Portuguesa Ilustrada: Dicionário Universal”, sob a direcção de Maximiano Lemos, com o texto “Infância”.
·         É nomeado Sócio Correspondente da Asociación Artistico-Arqueológica-Barcelonesa (Barcelona).
·         É nomeado Sócio do Grupo Esperança dos XX (Coimbra).
1906
·         “A Academia de Coimbra”.
·         Profere uma alocução na “Escola “31 de Janeiro”, a propósito de mais um aniversário da respectiva escola, na Associação dos Lojistas de Lisboa, em 31 de Janeiro.
·         É nomeado Protector da Escola dos Cegos (Lisboa).
1907
·         Na Inauguração do Centro Eleitoral de Belém, em 27 de Março, profere a conferência sobre a questão académica.
·         É inaugurado em Alcântara (Lisboa) o Centro Republicano Bernardino Machado.
·         “A Disciplina”. Conferência no Centro Democrático de Lisboa, em 31 de Março.
·         “Carta Aos Estudantes”
·         Em 6 de Junho. No jornal “O Mundo”, Mayer Garção publica uma entrevista a Bernardino Machado sobre a questão académica.
·         Homenagem Nacional a Bernardino Machado, em Coimbra, a 28 de Julho.
·         Apresenta a demissão de Lente Catedrático da Faculdade de Filosofia da Universidade de Coimbra, em atitude de protesto contra a repressão governamental à greve académica.

1908
·         “Pela República: 1906-1908 – I”.
·         “Só A República é a Verdade”.
·         “A Universidade de Coimbra”.
·         É convidado a participar no XV Congresso Internacional dos orientalistas (Copenhague).
·         É convidado a participar no I Congrés International du Froid (França, Paris).
·         Em Janeiro, discursa sobre a escola e a liberdade, na inauguração do Centro Republicano João Chagas
·         Em Junho, discursa sobre as “Escolas Móveis”, no 26.º aniversário das Escolas Móveis pelo Método de João de Deus.
·         Em Agosto, discursa na Liga Nacional de Instrução, uma sessão de propaganda promovida pelos empregados do comércio a favor da causa da instrução em geral e da Liga Nacional em particular.
·         Em Novembro, discursa na Academia de Instrução Popular.
"Conferência de Bernardino Machado. Tomou a palavra o sr. Conselheiro Dr. Bernardino Machado. Faz há anos a propaganda das caixas escolares. Quere-as mesmo nas escolas industriais. Para que os alunos ao sair tenham ferramentas e utensílios de trabalho. Preconiza-as mesmo para os cursos superiores. Reforça este argumento com um facto recente: indo há meses visitar um seu filho, estudante no Liceu Politécnico de Zurique, por ter ele sofrido uma melindrosa operação, encontrou-o rodeado de todos os cuidados, com a assistência das maiores sumidades médicas do país; e, perguntando quanto tinha a pagar por tão importante tratamento, ouviu com surpresa que já estava pago, porque os alunos do Liceu Politécnico têm… uma Caixa Económica! / Fala em seguida, como do facto mais culminante da instrução, pelas suas consequências, da Caixa Económica de Estremoz, do professor B. Gomes e também da Várzea de Góis, de Custódio Guerreiro; da importância da educação cívica e das Caixas Económicas como elementos deste ramo de educação. / As Caixas Económicas, permitindo aos pobres o estudo, produzirão uma verdadeira revolução no trabalho, porque envergonharão os ricos de não trabalharem e livrarão a sociedade desses parasitas. / Realizarão, enfim, a união do trabalho e do estudo, tão almejada e tão necessária. / Terminou sua Ex.ª o seu primoroso e erudito discurso felicitando os promotores da Caixa.”
“As caixas económicas na escola” [material gráfico]. (14 Jun. 1908). [1 recorte de imprensa].
1909
·         Discursa no Congresso Pedagógico, promovido pela Liga de Instrução Nacional, na Associação dos Professores Livres, em 17 de Abril.
·         Em Maio, discursa na festa infantil promovida pelo Colégio Lisbonenses no Centro Democrático de S. Carlos.
·         Em Novembro, discursa sobre a “Educação e Instituições” no Sarau do Centro Alexandre Braga.
·         Em Dezembro, discursa no Sarau das Escolas Liberais, no Centro Escolar Bernardino Machado, no Centro Escolar da Freguesia de Santa Isabel e no Centro Republicano de Belém.