domingo, 22 de setembro de 2013

Bernardino Machado, O Pedagogo


A exposição "Bernardino Machado, O Pedagogo" foi inaugurada no Museu Bernardino Machado (Vila Nova de Famalicão) no dia 21 de Setembro de 2013, pelas 17h00. O Prof. Norberto Cunha, coordenador científico do referido Museu, realizou uma visita guiada à referida exposição, com a seguinte interpelação inaugural.
"O âmbito desta exposição é associar conteúdos às imagens. Percorrendo as reflexões de Bernardino Machado, desde o que ele pensava sobre o ensino em geral, assim como a sua importância, passando pelos vários graus de ensino até ao ensino superior, esta é a lógica desta exposição. Bernardino Machado foi propriamente um professor da Escola Nova, se assim podemos chamar, porque o que ele diz é de tal maneira importante (o próprio Édouard Claparède refere-se a Bernardino Machado como o único pedagogo que havia na Península Ibérica nos fins do século XIX), a partir do momento em que acentua a aprendizagem na criança e que o verdadeiro pedagogo, para o ser, devia progressivamente libertar o aluno. Ou seja, o melhor pedagogo deixava o aluno até ao momento em que este se decidia por si, permitindo ao aluno uma completa autonomia; e o aluno, que Bernardino considerava, deveria ter um curriculum básico, um tronco comum que deveria existir em torno do ensino, segundo Bernardino deveria corresponder este mesmo ensino a um desígnio nacional e daí, o facto, de exigir, de ter exigido um Ministério da Educação Nacional para coordenar esses mesmos desígnios. O ensino, fosse ele qual fosse, para além do tronco comum, tinha de estar ao serviço das localidades, com disciplinas ajustadas às necessidades locais; e daí, por exemplo, o ensino primário ser um ensino ligado às autarquias, precisamente por causa dessas idiossincrasias. Mas já, por seu turno, o ensino médio e superior, já que estavam num plano mais vasto, este devia ficar inteiramente debaixo da tutela administrativa e pública, não recusando, contudo, o ensino particular, sendo necessário fiscalizá-lo. Isso levou a Bernardino a valorizar a psicopedagogia e, por outro lado, também acreditava que o ensino existia para transmitir um conjunto de valores e comportamentos, para que as pessoas fossem menos egoístas e mais sociáveis, mais altruístas; a maneira de as pessoas serem mais altruístas, isto é, serem mais cooperativas, era através do trabalho oficinal, do trabalho laboratorial, do trabalho em grupo e daí defender o ensino profissional, sendo um tipo de ensino que levasse os alunos a entreajudarem-se e através desta realidade eles aprenderem a cooperar, a associarem-se, a pedir ajuda uns aos outros, ou seja, no fundo, aquilo que ele desejava era que se preparassem para a vida civil, que as pessoas, para além de gerirem os seus interesses particulares, achassem que era necessário associarem-se. Perante o ensino médio e secundário, achava Bernardino Machado que este tipo de ensino tinha um papel meramente formativo, o qual deveria ser um ensino continuado para toda a vida. É um nível preparatório para o ensino superior, tendo em conta a especialização a seguir, a qual era de duas ordens: ou uma especialização média superior, que era o chamado ensino profissional e o universitário. Ora, Bernardino Machado teve um papel relevante em todos os níveis de ensino, quer no ensino primário (que criou uma série de escolas primárias), quer por exemplo, na instrução popular, que hoje se chama instrução para adultos, formação para adultos."

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