quinta-feira, 13 de outubro de 2011

a filha do arcediago


"Felicidade... isso vai da maneira de ver as cousas de cada um."

"Onde quer está um Napoleão incubado!"

"O DINHEIRO, amigos! Eu nunca me cansarei de vos dizer esta palavra, três sílabas distintas que fazem o único deus verdadeiro deste paganismo ignominioso em que medram os vícios da sociedade. Três sílabas!, trindade veneranda que representa o mito de todas as religiões, em cada uma das quais o profundíssimo Dupuis achou uma trindade, e não descobriu esta, que eu tenho a honra de evangelizar-vos."

Camilo, A Filha do Arcediago


A proposta da Comunidade de Leitores da Casa de Camilo para o dia 19 de Outubro(na próxima Quarta-Feira) recai sobre o livro de Camilo "A Filha do Arcediago". Este, ao lado de outros, não muitos, é um dos meus predilectos de Camilo por várias razões, sendo a principal a aproximação ficcional que Camilo pretende caracterizar, nomeadamente uma espécie de lesbianismo (ingénuo) intelectual entre Maria Elisa e Rosa Guilhermina, influenciadas pelo Iluminismo. Por outro lado, duas temáticas essenciais se deparam neste livro: a Filosofia e, uma vez mais, de uma forma mais complexa, uma Fenomenologia do Amor, desenvolvendo, paralelamente, a sua dimensão antropológica, no plano social das personagens. Na Filosofia, deparamo-nos com a temática da secularização e do darwinismo social. Para além disto, Camilo, ímpar nesta matéria, caracteriza as suas personagens, ou as vai caracterizando ao longo do livro, com as suas próprias reflexões, pela literatura, evocando, uma vez mais, como em tantos outros títulos, uma intertextualidade ficcional. A par disto, viaja pela educação da época e como a cultura francesa começa a ter influência na sociedade portuguesa, sem esquecer a cultura popular, nomeadamente na profusão de provérbios e das expressões linguísticas.

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