sábado, 7 de julho de 2012

mistificações à volta da maçonaria e a I república


O Prof. António Ventura e o Prof. Norberto Cunha


O Prof. António Ventura
A propósito do Centenário da República e da sua implantação em Portugal e do tema que relaciona a Maçonaria e a I República, o Professor António Ventura iniciou a sua conferência, subordinada à Maçonaria na I República e no Estado Novo, criticando a publicação de algumas obras relacionadas com o tema, na medida em que algumas são especulativas, outras fantásticas e raras abordam a mesma relação.
Tomando como princípio comum que uma coisa são as instituições, outra coisa são as pessoas, a Maçonaria, em si, antes da República, não teve nada a ver com o 31 de Janeiro: aliás, a Maçonaria foi alheia ao movimento, caso da Maçonaria portuense e do próprio Grande Oriente Lusitano Unido, que o condenou, na medida em que a Maçonaria não combate as instituições. É o que Bernardino Machado, quando toma posse do cargo de Grão-Mestre, ainda longe o ideário republicano, defende no discurso da tomada de posse. Com as suas cisões próprias, até à Revolução do 5 de Outubro, o Prof. António Ventura evidenciou que não há um texto da maçonaria a apelar à revolução! O que existe é que há maçons na revolução republicana, isto é que é diferente! Mesmo no I Governo Provisório, poucos são os maçons que estão no Governo, como é o caso de Bernardino Machado, Afonso Costa e de António José de Almeida. O que o prof. António Ventura defende é que não há maçons com responsabilidades, o que existe são maçons, e muitos, que são iniciados, reincidentes ou alguns irradiados. É o caso da Comissão de Resistência, que tinha o mero papel de ouvir as lojas e de apoiar os maçons perseguidos. Por seu turno, a Maçonaria já teve um papel decisivo da missão da França em Inglaterra (1908). Desta forma, e em larga medida, a República é o triunfo da Maçonaria, até porque o triunfo da Revolução vai ser não só o triunfo da própria Maçonaria, como o desenvolvimento da mesma em Portugal. Os maçons vão ocupar cargos importantes, funda-se novas lojas e triângulos um pouco por todo o País, surgindo algo novo:  o aparecimento público da Maçonaria.
Com mais uma cisão da Maçonaria em 1914, estando em causa a problemática “ou uma federação de lojas ou de ritos”, surgindo então o Grémio Luso-Escocês, Sebastião de Magalhães Lima vai ter um papel preponderante para a união da instituição. E se no 28 de Maio não há propriamente uma condenação há Maçonaria, o que só acontecerá em 1935, nesta fase importante será também o papel de Oliveira Camões, o qual defende que não é propriamente em regimes de liberdade que os maçons fazem falta, mas sim em regimes ditatoriais. Para o Prof. António Ventura, a Maçonaria não está habituada à clandestinidade. E mesmo perante o 28 de Maio, o Grande Oriente Lusitano Unido não o condena. Se temos antigos maçons com a  ditadura e o Estado Novo, maçons no Tarrafal, existe igualmente figuras de destaque no Estado Novo que nunca esquecerão o seu passado de maçons.


Uma vez mais, o Prof. António Ventura

UM aspecto do auditório no Museu Bernardino Machado

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