Fonte:
www.ordens.presidencia.pt
O Presidente da República Bernardino Machado na Câmara Municipal de Lisboa, no seu segundo mandato (1925-1926), coloca a insignia de Grande-Oficial de Cristo na bandeira da Sociedade Portuguesa da Cruz Vermelha, nas comemorações do 9 de Abril (Fonte, "Diário de Notícias")
Para o Dr. Manuel Sá Marques, mais uma crónica destes tempos conturbados
Para o Dr. Manuel Sá Marques, mais uma crónica destes tempos conturbados
Aquilo
que poderia a segunda festa cívica de solidariedade em V. N. de Famalicão, em
tempos de guerra, cuja receita seria em favor da Cruz Vermelha, tal não
aconteceu. Houve pelo menos duas tentativas. O primeiro apelo surgiu em 30 de
Abril e os famalicenses poderiam ler na seguinte crónica intitulada “Pela
Patria” que “agora que por todo o lado se promovem subscrições e festas para o
fim humanitário da Cruz Vermelha obter os recursos exigidos pela sua missão de
altruísmo”, o autor da crónica, sem identificação, diz que “Famalicão não deve
esquecer-se de seguir esse nobre exemplo de patriotismo. / Porque não se
processam recursos para um festival no Olímpia, cujo produto reverteria para os
feridos em campanha?” No mesmo dia, Manuel Pinto de Sousa, na sua crónica “Trabalhar”
faz o mesmo apelo, pedindo “às damas de Famalicão” toda a cooperação para a
Cruz Vermelha. Por seu turno, na crónica de 14 de Maio, com o título “Cruz
Vermelha”, os famalicenses também vão ler o convite que o “Estrela do Minho”
lhe dirige – “criando aqui uma sucursal da Cruz Vermelha, para a qual se
promovam também auxílios”. Em 21 de Maio, a comunidade famalicense toma
conhecimento que o novo presidente da assembleia-geral da Cruz Vermelha em
Portugal é o general Joaquim José Machado, antigo governador de Moçambique e
que em 4 de Junho saberá que o secretário da Cruz Vermelha esteve em Famalicão,
mais propriamente na Tipografia Minerva, para a publicação de uma monografia,
com muitas gravuras elucidativas, para os curativos a fazer aos feridos da
guerra, uam espécie de manual de primeiros socorros. A primeira tentativa para a realização de uma festa no Olímpia para
angariação de fundos para a Cruz Vermelha, sabem-no os famalicenses em 28 de
Maio nos seguintes termos: “Por iniciativa de um grupo de gentis senhoras de
Famalicão, está organizando uma comissão da qual fazem parte cavalheiros da
maior respeitabilidade da nossa terra, que projecta organizar um espectáculo no
Salão Olímpia – generosamente cedido pelo seu proprietário, sem remuneração
alguma e cujo produto é destinado à Cruz Vermelha Portuguesa.” Entre os ensaios
que entretanto se iam realizando, constando do programa coros de música e uma
comédia, tudo executado por senhoras, passando pela criação de uma delegação em
Barcelos e pela actividade organizativa e preparação das ambulâncias, os
famalicenses sabem (em 18 de Junho) que, entretanto, já tinha partido para
Moçambique “o pessoal sanitário para um hospital em Porto Amélia”, até que, em
23 de Julho, tomam conhecimento que o espectáculo já não se realizaria. A
explicação é dada nos seguintes termos: “Dificuldades várias fizeram frustrar
tão simpática iniciativa, para a qual aquelas senhoras se esforçaram com amor
por levar a bom termo tão generoso empreendimento.” A segunda tentativa para
uma festa de solidariedade cívica para a Cruz Vermelha em Famalicão, tomam
conhecimento os famalicenses em 22 de Outubro com a seguinte notícia,
anunciando a fundação da delegação: “Iniciaram-se os ensaios para o espectáculo
que proximamente vai realizar-se no Salão Olímpia, em favor da Cruz vermelha,
cuja delegação na nossa terra vai ser inaugurada dentro de poucos dias. /
Sabemos que o nosso orfeão oferece o mais entusiástico auxílio para este
espectáculo, cujo produto, no momento em que atravessamos não pode ter mais
belo e oportuno destino.” Se a festa não se vai realizar, desconhecendo-se os
motivos, a constituição e a fundação de uma comissão municipal da Cruz Vermelha
vai concretizar-se informalmente neste ano. Em 3 de Setembro, no seu editorial,
o “Estrela do Minho” dá a conhecer aos famalicenses a criação da futura
delegação da Cruz Vermelha em Famalicão, enaltecendo os fins altruístas da
mesma instituição. A sessão preparatória realizou-se no salão nobre da Câmara
Municipal em 19 de Novembro e a 26 de Novembro, em notícia publicada em 3 de
Dezembro, os famalicenses ficam a saber que nessa sessão, presidida por Sousa
Fernandes (secretariado por Delfim de Carvalho e António Dias Costa), este
afirmou que “expôs à assistência qual o fim altruísta e humanitário da obra
admirável da Cruz Vermelha, do socorro bendito que ela vai levar aos feridos da
guerra, como ainda em qualquer calamidade pública, em tempo de paz. E de como
Famalicão se dignifica secundando a sua obra benéfica toda abnegação e em
benefício dos que do auxílio colectivo necessitam.” Os famalicenses ficaram
também a saber que se lavrou em acta os trabalhos da sessão, a qual foi assinada
por todos os assistentes, tendo sido enviada à sede da Sociedade da Cruz Vermelha, para que esta instituição desse a sua aprovação para a instalação de uma delegação em V.
N. de Famalicão. Tal aconteceu em 1917. De salientar, é o facto das receitas do
livro de Matias Lima “Pela Pátria”, que o próprio autor então disponibilizou ,
custando na época 200 réis, e podia ser encontrado na Livraria Lello &
Irmão, no Porto, assim como em Famalicão na Casa Gaspar Pinto, terem sido
doadas para a Cruz Vermelha Portuguesa.
Mais abraços! E muito apertados e gratos!
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