A entrega do Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho 2011 (atribuído pela Câmara Municipal de V. N. de Famalicão) que se realizou na Sexta-Feira na Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, apenas veio comprovar a originalidade de um dos ensaístas portugueses da actualidade, e que se chama João Barrento. Se a minha primeira leitura se radicalizou no livro "O Espinho de Sócrates" sob a tutela de Nietzsche para pensar a literatura e a cultura, no seu relacionamento com a filosofia, a segunda leitura foram os dois volumes "Literatura Alemã" e de seguida "A Palavra Transversal", permanecendo a ideia da literatura das ideias e aquilo que ela ainda nos pode oferecer nestes tempos conturbados, a descoberta da nossa ontologização no mundo. Hoje comprei "O Mundo Está Cheio de Deuses: crise e crítica do contemporâneo", precisamente o livro que ganhou o Prémio já citado, livro que nos fala do papel do intelectual na sociedade da hoje, do papel da cultura e da arte, do papel da literatura e do quanto todas estas actividades ainda podem trazer uma luz de esperança, sendo esta luz de esperança, nas palavras de Searle, o «background» do humano que pode transportar outro mundo. Tal como João Barrento nos fala no final da sua introdução, "falo da alma múltipla do mundo, inimiga de todas as totalizações e reduções, e que não adormece nem tem fim. Falo da visão nova de Tales, ao se aperceber de que o mundo não é coisa inerte, mas pulsa ao ritmo irregular e vivo do que nele acontece." Resta apenas agradecer a João Barrento pelas leituras sempre proveitosas para que o humano se transporte noutro mundo que não neste, o mundo aquele em que ainda se acredita na justiça e na fraternidade, na amizade e no amor, numa sociedade justa, e noutras coisas que tais. Concerteza que voltaremos a João Barrento e a "O Mundo Está Cheio de Deuses", que somos nós mesmos, o humano, nos trabalhos e nos dias.
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