Não era necessário, mas aqui fica o meu abraço sempre fraternal de amizade, para o Dr. Manuel Sá Marques
1894
“O
nosso colega madrileno El Liberal,
publica no seu número de 19 do corrente um retrato do ilustre lente da
Universidade e ex-ministro sr. conselheiro Bernardino Machado. / Insere também
no mesmo número um artigo do mesmo cavalheiro expressamente escrito para aquele
jornal, artigo que traduzimos, e publicamos no lugar de honra da nossa folha. /
El Liberal precede o retrato do nosso
ilustre compatriota de algumas linhas justamente encomiásticas. / A Figueira é
devedora ao sr. dr. Bernardino Machado de particular estima e verdadeiro
interesse, manifestados na reorganização da escola industrial, na concessão de
uma draga que em breve estará funcionando no nosso porto e, por isso, nos
associámos de bom grado à homenagem que o nosso ilustre confrade madrileno lhe
dedica.”
“Conselheiro
Bernardino Machado” [material gráfico]. In Gazeta
da Figueira. Figueira da Foz (24 Out. 1894). [1 recorte de imprensa].
·
É nomeado para a Comissão do
Restabelecimento dos Exames de Admissão dos Cursos de Instrução Superior.
·
Colabora nos “Annaes de Sciencias
Naturais”, no Vol. I de 1894, com o texto “As Sciencias Naturaes”.
1895
·
Em 21 de Janeiro é nomeado
Sócio-Honorário da União Vinícola do Sul (Viana do Alentejo)
·
Publica no jornal “Diário Ilustrado” um
texto sobre “João de Deus”.
·
Na revista “O Instituto”, de Coimbra
publica o texto sobre “A Reforma do Ensino Secundário de 1895”.
“O
sr. Bernardino Machado num longo artigo do Século,
dá hoje uma carga a fundo e o golpe de misericórdia no famoso aborto da reforma
da instrução pública, que o sr. João Franco assinou de cruz, sem mesmo querer
saber o que fazia. Esse artigo é um documento valioso da autoridade de
pedagogista do seu autor e a prova de asserção que este fez logo no primeiro
dia de que a reforma conta os erros e disparates pelo número dos artigos. Cada
vez mais nos convencemos de que tal reforma há-de ter o glorioso destino que
teve o decreto dos passaportes.”
[“Reforma
da Instrução Pública”] [material gráfico]. In Correio da Noite (12 Set. 1895). [1 recorte de imprensa].
1896
·
“Affirmações Publicas: 1888-1893 – II”.
·
“Allocução do Presidente do Instituto de
Coimbra no Sarau Litterario-Muscial Offerecido na Noite de 8 de Dezembro de
1897 aos Alumnos laureados da Universidade”.
·
Entre Junho/Julho de 1896 até Julho de
1903 escreve na revista de Coimbra “O Instituto” as “Notas Dum Pai”.
·
Sai a primeira edição das “Notas d`um
Pae”.
·
É nomeado, em 26 de Maio, Presidente da Direcção
do Instituto de Coimbra, ficando no cargo até 1908.
“Devemos
à amabilidade do sr. conselheiro Bernardino Machado a oferta de um exemplar das
suas «Afirmações Públicas» (1888-1893), edição nítida há pouco saída dos prelos
da Imprensa da Universidade. Registamos aqui o nosso agradecimento por este
brinde. / Este novo livro do ilustre catedrático da Universidade, fala
eloquente e persuasivamente ao coração e ao entendimento de todos os bons
portugueses. As suas primorosas páginas, de uma contextura elegante e cuidada,
lêem-se com prazer e interessem e da sua leitura tira-se uma lição fecunda de
útil propaganda pela instrução e pela educação popular. É este, de entre
muitos, o seu mais alto e acentuado merecimento. / Em cada um dos seus 26
capítulos (assuntos vários) estão autenticados os beneméritos serviços do sr.
conselheiro Bernardino Machado, corajosos e desinteressados, a favor do ensino
público, desde a escola primária até à instrução superior. O primeiro ocupa-se
de um belo pensamento, o ensino secundário da mulher em Liceus apropriados. O
livro, abre, pois, por uma questão interessantíssima, a que o autor imprimiu
todo o calor das suas convicções, sustentando a necessidade de tais institutos,
que são da sua iniciativa. Nesse e nos demais capítulos, evidencia-se
brilhantemente o carinho, o desvelo, o férvido entusiasmo e o puro altruísmo
com que o simpático propagandista se entrega de alma e coração, sem afrouxar
nunca, sempre olhos fitos no seu norte,
a essa gloriosa faina de preparar um futuro risonho à família e à sociedade
pelo trabalho e pela instrução. Abençoados e nobilíssimos intuitos! / As
«Afirmações Públicas» são, além de tudo, um precioso compêndio de boas normas,
dignas de ocupar o primeiro lugar no programa da ansiada remodelação
moralizadora dos nossos decrépitos e ruinosos processos de administração. Até
estadistas ali têm muito e muito que aprender.”
[“Afirmações
Públicas”] [material gráfico]. In O
Século. Lisboa (10 Jan.1897). [1 recorte de imprensa].
“Por
circunstâncias alheias à nossa vontade, só hoje nos podemos referir a estas
publicações com que nos brindou o Sr. Dr. Bernardino Machado, nosso querido
Mestre na Universidade. / Não é sem emoção que vemos S. Ex.ª incluir-nos no
número daqueles a quem contempla com os seus magníficos escritos, todas as
vezes que os dá a lume. / São favores esses que só se explicam pela extrema bondade
e gentileza do sábio Professor – e aos quais mais uma vez nos confessámos
grato. / As Afirmações Públicas
formam uma colecção de trabalhos de diversa natureza (artigos, pareceres,
discursos, relatórios, porjectos de lei e de regulamentos, memórias, etc.)
elaborados pelo Sr. Conselheiro Dr. Bernardino Machado no período decorrido de
1888 a 1893 sobre assuntos de Pedagogia e Instrução Pública. / Nesta ordem de
conhecimentos, é sabido que S. Ex.ª é a primeira Autoridade que possuímos em
Portugal. Estudando dia a dia, durante mais de 17 anos, a evolução da Pedagogia
e as diversas organizações do ensino em todos os países cultos, adquiriu ele
tal competência técnica que não só em Portugal como em Espanha o seu nome tem
já a consagração plena entre os mais ilustres Mestres. / Os ideais da instrução
que o Sr. Dr. Bernardino machado preconiza são hoje perfilhados pela élite dos profissionais. Mas
infelizmente há-de decorrer muito e muito tempo ainda para que eles possam
traduzir-se em criações práticas utilizáveis. Os governos do nosso País não vêm
na instrução mais que um Ramo da administração pública sujeito ao formalismo
dos Burocratas. O professorado não passa dum autómato que eles manejam a seu
belo prazer, não curando de lhe fomentar a iniciativa própria e o gosto do
trabalho que lhe imprimiriam uma feição especial. / Com a mania da
regulamentação extrema que vai presidiado a todas as nossas reformas de ensino,
tem-se obliterado por completo a individualidade do professor em atenção ao magíster dixit do Compêndio. / Nestas
condições, não é possível que crie raízes e frutifique entre nós qualquer
sistema pedagógico que recorra por igual à iniciativa do magistério e à
protecção e garantia do estado. / Depois, falta-nos tudo, desde o bom compêndio
escolar até á Escola Normal! / O trabalho de remodelação da Instrução pública,
tal como o entende o nosso querido Mestre, é irrealizável com as actuais
instituições e com os preconceitos que infelizmente ainda vogam no Mundo
oficial do Ensino público. / É esta triste convicção que nutrimos, vendo os
belos propósitos e os rasgados pontos de vista novos que a flux nos depara a
leitura das Afirmações Públicas. / Magnífico livro, sim, e honrada cruzada a do
seu sábio Autor; mas baldados esforços! / Como quer que seja, esse livro que é
um primor de Ciência e de exposição correctíssima, dá-nos alentos e esperanças
no Futuro. / Como mimo aos nossos leitores, pedimos vénia ao Sr. Dr. Bernardino
machado para transcrever nas páginas deste semanário alguns trechos da sua
brilhante obra, onde a originalidade da concepção mais nos impressionou. /
Também reproduziremos com muito gosto a Representação que o Congresso do
Magistério Primário dirigiu ao Chefe do Estado. / É um trabalho de largo
fôlego, através do qual devisamos bem a mão do seu eminente Autor. / Ao Sr. Dr.
Bernardino machado não podemos deixar de agradecer também as palavras de estima
e consideração com que firmou a oferta dos seus dois primorosos escritos.”
PACHECO,
Eduardo - “Livros
Recebidos, AFFIRMAÇÕES PUBLICAS, por Bernardino Machado, 1888-1893, Coimbra,
Imprensa da Universidade, 1896” [material gráfico]. [1 recorte de imprensa].
1897
·
Presidente da Assembleia-Geral da
Associação das Escolas Móveis.
·
“A Socialização do Ensino”. Discurso
proferido na abertura da sessão inaugural dos cursos para operários do
Instituto de Coimbra.
·
Preside ao II Congresso do Magistério
Primário, realizado em Lisboa entre 12 a 14 de Abril, proferindo a comunicação
“O Ensino Primário Depois de 1892”.
·
Em Maio profere, no Instituto de
Coimbra, a conferência “Sistematização das Ciências, Artes e Indústrias”.
·
Assina (conjuntamente com José Simões
Dias, Albino Coelho, Artur de Seabra, J. C. de Carvalho Saavedra, António
Justino Ferreira, José Pereira Dias, P. António Gomes da Silva, tendo como relatores
António Figueirinhas e Tomás de Oliveira) o documento “`A Imprensa Portuguesa”,
publicado em folha-volante, no Porto, em 10 de Setembro, em favor da campanha
de alfabetização.
·
Em Novembro, realiza a conferência “O
Estudo do País”, na Academia de Estudos Livres.
·
O jornal portuense “Educação Nacional”
(era administrador Manuel Monteiro Cassiz e Director António Figueirinhas)
dedica a Bernardino Machado o n.º 65 de 26 de Dezembro. Contém textos de
António Figueirinhas e de A. Justino Ferreira e um capítulo com citações de
Bernardino Machado, intitulado “Affirmações Pedagogicas: excerptos”.
·
Preside e profere o discurso inaugural
no Terceiro Congresso do Magistério primário, realizado no Porto, entre os dias
27 a 30 de Dezembro. Deste Congresso sai o documento “À Nação Portuguesa”,
promovendo a alfabetização.
·
Sai a segunda edição das “Notas d`um
Pae”.
·
“Os
Vinhos Portugueses: discurso pronunciado no Congresso Vitícola Nacional de
1895”.
“Em
cada um dos seus 26 capítulos (assuntos vários) estão autenticados os
beneméritos serviços do sr. conselheiro Bernardino Machado, corajosos e
desinteressados, a favor do ensino público, desde a escola primária até à
instrução superior. O primeiro ocupa-se de um belo pensamento, o ensino
secundário da mulher em Liceus apropriados. O livro, abre, pois, por uma
questão interessantíssima, a que o autor imprimiu todo o calor das suas
convicções, sustentando a necessidade de tais institutos, que são da sua
iniciativa. Nesse e nos demais capítulos, evidencia-se brilhantemente o carinho,
o desvelo, o férvido entusiasmo e o puro altruísmo com que o simpático
propagandista se entrega de alma e coração, sem afrouxar nunca, sempre olhos
fitos no seu norte, a essa gloriosa
faina de preparar um futuro risonho à família e à sociedade pelo trabalho e
pela instrução.”
[“Afirmações
Públicas”] [material gráfico]. In O
Século. Lisboa (10 Jan.1897). [1 recorte de imprensa].
“A sessão
inaugural dos cursos populares realizou-se com a maior solenidade em a noite de
ante-ontem na sala grande do Instituto.
"Presidiu
o sr. Conselheiro Bernardino Machado, secretariado pelos srs. drs. Luís Viegas
e Eugénio de Castro. A assembleia era numerosa, constituída por grande concurso
de senhoras, sócios da sábia corporação e muitos convidados. / O
programa da sessão, que foi rigorosamente cumprido, era o seguinte:
A Socialização
do Ensino,
discurso de abertura pelo presidente do Instituto, sr. conselheiro Bernardino
Machado; Sirène –
Paso-doble,
do sr. Simões de Carvalho, pela Estudantina Académica; À mi madre
Assenchi
– Suite, de Echeveria, pela Estudantina Académica; A Glorificação
do Trabalho pela Higiene, conferência pelo sr. conselheiro Adriano Xavier
Lopes Vieira; Amoureuse
–Gavotte,
do sr. A. Morais, pela Estudantina Académica; Rhapsodia
Portuguesa.
Do sr. Simões de Carvalho, pela Estudantina Académica. / Além
dos números deste programa, o sr. Francvisco Pinheiro, um distintíssimo poeta,
recitou, a exigência polida da assembleia, uma sua poesia, que muito agradou. / A
Tuna Académica foi muito apreciada e aplaudida. / O
discurso de abertura é primoroso, como tudo o que sai da pela do ilustre
professor, que tem dedicado toda a sua actividade ao desenvolvimento da
educação nacional. / A
conferência do sr. dr. Lopes Vieira excitou grande curiosidade e foi escutada
com a maior atenção e agrado. / Tanto
o discurso como a conferência foram distribuídos em folheto pelas pessoas
presentes. / Na
impossibilidade de os transcrever na íntegra, como desejaríamos, extratamos do
discurso de abertura um dos trechos que mais nos impressionou.
“Não
me limito a formular o problema, aventurarei também a sua solução. / É que
ninguém seja lícito seguir um curso de instrução secundária, sem que esteja ao
mesmo tempo fazendo o seu tirocínio oficinal, nem se permita o acesso a uma
faculdade ou escola superior a quem não seja ainda mestre em alguma profissão;
e, reciprocamente, que a todo o aprendiz que se prepara para operário, se
franqueie o ensino médio burguês, como a todo o operário que se preparara para
mestre, se abram as últimas portas dos liceus, de tal modo que, depois de haver
passado de operário a mestre, o mesmo indivíduo vingue ainda habilitar-se a
assumir um dos primeiros cargos sociais. Numa palavra, que todos os soldados
possam aspirar ao generalato, e não haja oficial superior que não tenha passado
pelas fileiras! / Sem esta revolução hierárquica, nunca o ensino será
democrático, nem moral. Acrescento: nem será verdadeiramente eficaz. Toda a
instrução que não conviria para um serviço ou não parta dele, é vã. Na selva
escura das disciplinas escolares, o espírito do educando extravia-se e
perde-se. São tudo abstracções, que ele ignora de onde vem e ao que vêm; é tudo
para ele, enfim, uma espécie de jogo de azar mental. Nada o firma na vida! Às
ciências, artes e indústrias que aprende, falta o amorável vínculo, que lhas
deveria atar ao coração. Estudar-se entre nós, como se para nós não houvesse
uma pátria, como se cada objecto do nosso estudo não fosse um elemento
integrante dessa pátria; quando nada da nossa terra nos devia ser indiferente,
quando nem uma pedra dela é uma pedra qualquer, mas tem um cunho nacional,
local, familiar, é a pedra doméstica do nosso lar, é a pedra do baptistério, do
moinho e da fonte da nossa povoação natal, e é a pedra lascada que recorda as
nossas origens ou a pedra dos monumentos, emblema da nossa glória, que celebra
os feitos dos nossos antepassados. Cada objecto tem uma história, que o
educando precisa de conhecer e de amar; uma história e um destino!”
“Instituto”
[material gráfico]. In Tribuno Popular.
Coimbra (3 Fev. 1897). [1 recorte de imprensa].
“O
Instituto de Coimbra, notável corporação científica, parece haver ressuscitado,
arrancando-se da indiferença de muitos anos, para entrar numa interessante fase
de crescente actividade. / Devido à iniciativa do sr. dr. Bernardino Machado,
distinto lente da Universidade e ilustre pedagogista, acaba de prestar o
Instituto de Coimbra valiosíssimo serviço à população desta cidade,
proporcionando-lhe bela ocasião de adquirir aquele grau de instrução que transforma
o simples artista de nome, em verdadeiro e consumado artista, consciente,
habilitando-o a trilhar a senda gloriosa do progresso, desprendendo-se dessas
velharias e costumeiras defeituosas e sem critério, para olhar só às
manifestações da Arte e da Indústria, onde a revolução é enorme e tão
professada, que a cada instante se assinala. / Eis o desideratum que o Instituto de Coimbra pretende alcançar com a
organização dos cursos populares,
inspirado pelo ardente e louvado desejo de concorrer para o levantamento
intelectual das classes populares não hesitando em abrir-lhe, de par em par, as
portas de tão consagrado templo, e chamando-os ao convívio da Ciência pela voz
dos seus mais prestimosos sócios / É assim que se supre a deficiência, o
desleixo, a incúria condenável dos governos, e se evidencia o altruísmo que
todas as classes, ainda as mais elevadas da sociedade, devem exaltar. / O
operariado de Coimbra corresponderá agora à expectativa? / Talvez… / O Aspecto
da Sala / Às oito horas da noite, o sr. dr. Bernardino Machado, presidente do
Instituto de Coimbra, abriu a sessão. / Na sala viam-se grande número de
lentes, literatos e estudantes, e também algumas damas da nossa primeira
sociedade, em toilettes de gala. /
Dr. Bernardino Machado / Começou de ler um bem cuidado discurso, subordinado ao
desenvolvimento da sugestiva tese – A Socialização do Ensino. / Referiu-se ao
estado de atraso que ainda se encontra a pedagogia em Portugal, esboçando as
suas causas prováveis. / Apontou, em seguida, a falta de escolas para adultos,
servindo-se do claro exemplo da Inglaterra, nação onde o adiantamento
industrial, contratado com o nosso, é extraordinário, assombroso, pois entre
nós, a iniciativa particular, embora já grande, não basta a suprir a incúria,
quase sistemática, do Poder. / Passou depois a demonstrar que o trabalho, além
de medida de carácter higiénico, é principalmente uma lei da Moral. /
Manifestou a obrigação de todos se ajudarem na conquista da ciência,
acrescentando ser injustificável o afastamento do trabalho honrado, mesmo à
chamada classe rica. / Disse também que no ensino prático, a primeira prática é
a da virtude, sendo, portanto, útil ministrá-la, como bálsamo vivificante e
salutar, à mocidade, para estar garantida toda a honestidade quando, mais tarde,
dela estiver dependente o exercício dos deveres do Estado. / E espraiou-se
ainda em considerações a fim de sustentar a utilidade que resulta a todo o
homem de aprendizagem de um ofício. / Atacou. Por último, a falta de
patriotismo dos portugueses, dizendo geralmente proceder-se como se não
houvesse uma Pátria e respeitar, uma Nação a engrandecer, um povo a ressuscitar
para a luz da Civilização! / Foi aplaudidíssimo. / A Tuna Académica / Tocou,
como sempre, admiravelmente, vários trechos de inspirada música, sendo chamada
repetidas vezes e alvo de entusiástica ovação o seu exímio regente, o sr. dr.
Simões Barbas. […]”
“A
Bem de Coimbra” [material gráfico]. In Defensor
do Povo (4 Fev. 1897). [1 recorte de imprensa].
“O
Dr. Bernardino Machado, ilustre catedrático que nós consideramos quase nosso
conterrâneo, estadista honrado e sábio professor a quem as questões do ensino
público tanto devem, acabe de dar a público um volumoso livro de 546 páginas
contendo os seus trabalhos da imprensa e da tribuna no decurso de 88 a 93. /
Artigos escritos em jornais nacionais e estrangeiros, discursos dos deputados,
conferências feitas na Academia de Estudos Livres, manifestações escritas ou
faladas feitas em circunstâncias várias, tudo o sr. dr. Bernardino Machado
coordenou neste livro de Afirmações
Públicas, tão feliz de poder divulgar o que tem dito e feito, quanto outros
se empenham em ocultá-lo para não reavivar vergonhas que maculam, quer derivem
da prática de feitos menos dignos quer da censurável incoerência de sua vida
pública. / Salvo muito raras excepções, todo o texto deste livro é dedicado a
assuntos de instrução, o transcendental assunto a que o ilustre catedrático da
Universidade trem dedicado o melhor dos seus estudos e da sua atenção, que tem
defendido com dedicação e apostolado com sacrifício. / Folheando o importante
livro que temos presente, e cuja oferta nos cumpre agradecer ao seu ilustre
autor; folheando e lendo este verdadeiro atestado de uma propaganda de cinco anos,
entusiasta, tenaz e constante, em prol da causa da instrução pública, nem
sabemos o que mais admirar: se a fé e força de vontade com que ainda hoje o
concelheiro Bernardino Machado prossegue na sua patriótica e humanitária
campanha, se a cínica indiferença dos poderes públicos desta terra, cerrando
ouvidos à voz dos que reclamam, para que a mentalidade portuguesa continue a
ser cotada na razão de 90% de analfabetos! / As Afirmações Públicas do sr. dr. Bernardino Machado vieram
sugerir-nos este lastimoso confronto, e ainda bem que perante a criminosa
indiferença dos governos mais realça o benemérito esforço do nosso
respeitabilíssimo conterrâneo.”
[“Afirmações
Públicas”] [material gráfico]. In O
Porvir. V. N. de Famalicão (17 Mar. 1897). [material gráfico].
“Fecham
hoje no Instituto as aulas de português, francês, geografia e geometria. O
maior elogio que se pode fazer dos cursos ali criados pela generosa iniciativa
do sr. conselheiro Bernardino Machado, está na indicação dos seus excelentes
resultados. O aproveitamento dos alunos foi, em geral, muito bom, sendo a média
das aulas já encerradas a seguinte: Educação cívica, 54; francês, 32;
português, 25; geografia e história, 16; geometria intuitiva, 12; mecânica e
física industrial, 10; higiene profissional, 10. / Continuam a funcionar a aula
de caligrafia, com uma numerosa frequência, e as aulas de instrução primária e
de primeiras letras com cerca de 100 alunos cada uma, de ambos os sexos.”
[“Instituto
de Coimbra”] [material gráfico]. In Comércio
do Porto (29 Maio 1897). [1 recorte de imprensa].
“Notas Dum Pai. / Livro adorável de um
pedagogo, de um erudito, de um pai. / Livro de devoção, e livro de quem sabe, /
Escreveu-o o dr. Bernardino Machado, homem que vinculou o seu nome e a sua
inteligência aos problemas da educação social. / Estas Notas apareceram primeiro Instituto.
Em Espanha tiveram logo o devido apreço e foram traduzidas em castelhano.
Reuniu-as agora em volume o autor, e aqui tenho ume xemplar, que eu desejaria
poder distribuir por quantos carecem do pão do espírito. / Notas são, de facto, estas páginas. Ensinamentos sintéticos, sem
largos planos científicos, mas subordinados a uma ideia superior e nobilíssima.
Traços ligeiros de psicologia moral, de estética, de boa, sã e clara filosofia,
ao alcance de todos nós. / Como indicação da índole do livro, reproduzimos: «O
silêncio infunde tristeza. Quando alvorece, renasce em nós também a vida
auditiva. A música delicia-nos. Se até o boi, ao chiar do carro, aligeira o
passo!» / «Na tagarelice das crianças, vai muito do seu amor pelo barulho.» /
«Não queiram os pedagogos forçá-las a dizer só o que já entendem. Elas brincam
com as palavras, como com os seixos que apanham no chão e que ainda tão pouco
podem entender… A música vocal entretém-nas imensamente. Desde que nascem, o
canto serena-as e adormece-as.» /A luz é a alegria. Até os povos selvagens a
saúdam e adoram. Um dia radioso alvoroça-nos de júbilo. A tarde inclina à melancolia:
a lua é o astro saudoso. Um quarto escuro é um lugar de terror para as
crianças. O preto significa luto. Nas datas fúnebres, suspendem-se os
espectadores.» / Não prossigo na transcrição. Noutro dia e noutro lugar desta
folha, terá o leitor ocasião de mais amplamente apreciar os generosos intuitos,
o esclarecido critério e o sentimento artístico que presidiu à feitura das Notas Dum Pai. / Por hoje limito-me à
simples anunciação da obra, agradecendo ao autor a excessiva amabilidade de pôr
o livro diante de meus olhos, primeiro que o expusesse aos olhos do público e
de melhores apreciadores.”
“Registo
Literário” [material gráfico]. CEDEF. In Repórter
(8 Jul. 1897). [1 recorte de imprensa].
“Notas
Dum Pai” é o título de um recente livro que o ilustre catedrático da
Universidade de Coimbra, o sr. conselheiro Bernardino Machado, acaba de lançar à
publicidade. / Além da penhorante oferta das “Afirmações Públicas” – curioso e
interessantíssimo repositório dos seus relevantes trabalhos e serviços de homem
público e de abalizado pedagogista –, obra de que já saíram dois volumes,
estando para breve o terceiro, o sr. Bernardino Machado acaba de honrar-me com
mais uma prova da sua benevolente estima e amizade, oferecendo-me também o seu
último livro – um dos para mim mais queridos e primorosos que na minha estante
guardo com amor. / Ninguém desconhece já a generosa e fecunda iniciativa que o
ilustre lente da Faculdade de Filosofia hoje digno presidente da mais poderosa
associação portuguesa, cujo carácter, por cosmopolita, é inteiramente liberal e
humanitário, tem desenvolvido e posto à disposição do progresso nacional e da
beneficência pública, propugnando constantemente, sem tibiezas nem desânimo,
com a fé dum apóstolo, pela causa da instrução popular e da educação cívica
portuguesa. / De sobejo o atestam já muitos factos e instituições importantes
que ao seu indefesso esforço e iniciativa se devem, como, entre outros, a
inauguração dos “Cursos Populares”, da aulas nocturnas e gratuitas, no
Instituto de Coimbra, a campanha em favor do método de João de Deus nas escolas
e a instituição das creches que, devido à influência do benemérito catedrático,
uma associação, que para esse fim procura organizar-se, tenta levar a efeito na
Lusa-Atenas. / Assim, enquanto, em geral, os nossos homens públicos que, pelo
seu talento e ilustração, mais podiam, aureolados de prestígio, fomentar o bem
da pátria e o levantamento político, económico e moral do nosso país nesta hora
negra de crise aguda, em lugar de se mancomunarem numa oligarquia nefasta de
vampiros e especuladores mercenários da coroa e da nação, Bernardino Machado,
abrindo o coração a todos os pequenos, os humildes e os deserdados da fortuna
que o procuram, prossegue na sua obra de paz e de luz, numa santa missão de amor
e bondade, evangelizando a instrução, preconizando um novo sistema, simples e
profícuo, de educação individual e colectiva, familial e social. / Segue, como
o Cristo na Galileia, um caminho de amor e fraternidade, coroado pelas bênçãos
das mães, adorado pelas criancinhas, estimado pelos filhos do trabalho, numa
afável propaganda de afectos e virtudes, semeando sorrisos calmos neste vale de
lágrimas da Vida, plantando rosas de luz e bondade na alma crente do povo. /
Assim “Notas Dum Pai”, feitas de luz e retalhos de alma, entretecidas de
carinhos e de bênçãos, é uma bela bíblia de amor – amor de família […], mais do
que da pátria, da humanidade. / Bem quisera eu fazer-lhe aqui uma apreciação
completa, se com forças e competência para tanto em sentisse. Mas tão elevados
são alguns dos assuntos no livro tratados, tão científicos, tão luminosamente
cintilantes de genial intelectualismo, que muitas daquelas pequenas notas tão
grande e original é o seu alcance de actualidade e interesse social, que
dariam, desenvolvidas e explanadas, volumosos tratados relativos aos mais
variados ramos de ciência e da filosofia. Porque as “Notas Dum Pai”,
metodicamente deduzidas e cocatenadas, tratam de tudo em poucas palavras, fazem
um livro, para assim dizer, enciclopédico, mas visando singularmente a este
objectivo supremo – a educação. O seu autor, porém, evidenciando as suas
poderosas faculdades de análise e observação e concomitantemente o seu poder de
generalização e síntese, elaborou uma espécie de filosofia da educação, em
pequenas notas tão simples, tão claras, tão surpreendentes mesmo pela sua
flagrante realidade prática, duma leitura tão atraente, que se torna acessível
a todas as inteligências e constituiria uma bela Cartilha Popular da Educação.
/ É um livro que deveria existir no seio de todas as famílias e até das escolas
e ser rigorosamente lido e meditado como um breviário pelos pais e professores.
/ Para avaliar do transcendente valor e alcance de momento das “Notas Dum Pai”,
não resisto à tentação de transcrever para aqui alguns excertos: / « […]» /
«Fazer o bem é realizar a imortalidade. Só o bem é eterno: quem o faz, vive
nele para sempre. O mal só vive o tempo que é preciso para o destruir.» /
«Porque a sociedade é de facto tão compósita, que desvaira, por vezes, os
espíritos menos sólidos, é que nem quero o homem abandonado nas lutas com a
natureza nem no redemoinho da sociedade. Preconizo a instrução de todas as
classes precisamente para que elas se dirijam sem infringir as leis naturais e
sociais. / Bem sei que acontece a sociedade estar doente e a epidemia
atacar-nos inevitavelmente: há vícios que se respiram como as emanações dum
pântano, e purificar uma nação é tudo que há de mais difícil e arriscado. Mas o
recurso é ainda robustecer a alma humana! E é eficaz! Nem outra coisa é o vício
senão fraqueza!» / «Há o governo da força, o governo do favoritismo e da
intriga e o governo moral. Nós, se já estamos longe do primeiro, ainda não
saímos do segundo.» / «Não ministram a educação ao povo, e depois queixam-se de
que não há público para nada, de que não há opinião e a eleição é uma burla!
Acusam a miséria do povo, e não procuram remediá-la! Mas de onde viemos todos?
E que foi que nos elevou? A mim um ajuntamento do nosso bom povo trabalhador
sensibiliza-me sempre.» / Terminando aqui esta despretensiosa e incompleta
notícia literária, cumpre-me agora a gentil e obséquio oferta do exemplar com
que me honrou o sr. conselheiro Bernardino Machado, que é, ao mesmo tempo, um
dos filhos mais distintos desta terra, um dos mais beneméritos cidadãos da
pátria portuguesa!
CEREJEIRA,
Gonçalves - “Palavras
Vermelhas. Notas Dum Pae – LXX” [material gráfico]. In O Porvir. V. N. de Famalicão (2 Ago. 1897). [1 recorte de
imprensa].
“Com
uma concorrência numerosa escolhida, realizou ontem, na Academia de Estudos
Livres, a sua tão esperada conferência, o sr. conselheiro Bernardino Machado. /
Os que esperavam que nessa conferência o sr. Bernardino Machado detalhasse o
seu programa político, anunciado nos jornais espanhóis, sofreram uma completa
desilusão. /O sr. Bernardino Machado não falou de si: falou do país, da sua
miséria e da sua ignorância. / Disse coisas que toda a gente sabe, mas disse-as
de forma que agradou aos seus ouvintes, e com tal segurança e conhecimento de
causa que o país ganhou bastante em as ouvir da boca de sua Ex.ª / Foi uma
exposição de factos e uma crítica acerba aos desleixos e incúrias nacionais. /
Se essa conferência fosse seguida por outra, em que o sr. Bernardino Machado
que é, incontestavelmente, um homem inteligente e um homem sincero,
apresentasse, com lealdade e franqueza, o seu modo de ver e as suas soluções, a
conferência de ontem, como exposição de males, estaria destinada a causar funda
impressão na nossa vida política. / Assim isolada, foi uma noite bem passada,
instrutiva e agradável. / Mais nada. / Ora, isto é pouco para quem podia dar
muito mais e de quem era justo muito mais esperar. / O sr. Bernardino Machado,
porém, ainda está indeciso e pouco disposto a mostrar-se a público como
realmente é no seu íntimo. / É pena, porque todos perdem com isso: o público
que precisa de homens dedicados e inteligentes que o sirvam com sinceridade e
franqueza, e o sr. Bernardino Machado que está estiolando a sua inteligência e
a sua actividade em esforços inúteis e estéreis. / Com um pouco mais de audácia
e franqueza, o sr. Bernardino machado poderia ter sido um homem de acção. /
Assim ficou sendo um homem de ideias. / Mas de ideias dúbias e ideias velhas, o
que não é muito lisonjeiro para quem, como o sr. Bernardino machado, tem um
espírito culto e progressivo e, portanto, compreende que, na actual situação do
país, o que é preciso são obras. / Obras novas, obras revolucionárias, que
cortem o mal pela raiz e garantam à velha pátria portuguesa uma libertação e um
ressurgimento.”
“A
Conferencia do sr. Bernardino Machado” [material gráfico]. (11 Nov. 1897). [1
recorte de imprensa].
1898
·
“Allocução
Pronunciada em Honra de Mousinho d`Albuquerque na Sessão Solmne do Centro
Commercial do Porto em 17 de Janeiro de 1898”.
·
Envia
uma alocução ao “Congresso em Honra da Cartilha Maternal”, organizado pela
Academia de Estudos Livres e para ser lida pelo presidente da mesma Academia,
sobre João de Deus.
·
Em
29 de Outubro, é nomeado Correspondente da Real Academia de História (Espanha,
Madrid).
·
“O
Ensino”.
·
“O
Ministerio das Obras Publicas, Commercio e Industria em 1893; de 23 de
Fevereiro a 20 de Dezembro: a industria”.
·
É
admitido como Sócio Honorário da Real Academia da História (Madrid, Espanha).
·
Em
Novembro, propõe, no Conselho Escolar da Faculdade de Filosofia, a abolição do
juramento académico.
·
Funda,
em Coimbra, a Sociedade de Antropologia, da qual é eleito Presidente.
“[…]
o conjunto dos trabalhos agora publicado mostra que o sr. dr. Bernardino
Machado dispunha ao menos da boa vontade de ser útil ao país e tinha o firme
propósito e levantar a indústria por meio do ensino e de medidas de fomento e
de melhorar a situação das classes operárias por meio de novas instituições de
socialização industrial.
“Bernardino
Machado” [material gráfico]. In O Século.
Lisboa (28 Out. 1898). [1 recorte de imprensa].
“O
volume que temos presente contém as seguintes medidas: Inspecção;
estatística; Higiene industrial: Trabalho dos menores e das mulheres; Geradores
e recipientes de vapor: Ensino Industrial: Descentralização do ensino
industrial. Ensino nas oficinas do Estado; escolas industriais: Cursos
primários nas escolas industriais: Institutos industriais: Publicações e
conferências; Exposição industrial portuguesa: Museu Etnográfico Português;
Missões de estudo. Socialização industrial: Bolsas de trabalho; Tribunais de
Árbitros-avindores; Ordem do mérito industrial; Comemoração cívica. Fomento
industrial: Águas, Carvão e ferro; Construções; Outras indústrias. Anexos:
Escola de desenho do Barreiro (relatório); Exposição industrial portuguesa
(relatório). Ensino profissional do sexo feminino (relatório); Tribunal de
árbitros-avindores (mapa).
“Bernardino
Machado” [material gráfico]. In Universal
(30 Out. 1898). [1 recorte de imprensa].
“Tal
é o título de um precioso livro, com que o benemérito da instrução popular, o
sr. conselheiro Bernardino Machado, vem de enriquecer as estantes dos amantes
da instrução. / Contém 14 capítulos em 301 página, que lemos avidamente, com
aquele interesse e entusiasmo, pois não vemos quem, com mais dedicação e mais
encendrado desvelo, estude e se devote à santa causa do ensino,
sacrificando-lhe saúde, tempo e dinheiro, em país onde ela é tão descurada
pelos governos como pelos próprios a quem intimamente interessa. / Só uma
grande devoção, só uma força de vontade de verdadeiro apóstolo podem produzir trabalhos
do valor do que acabamos de ler, em que não se sabe que mais admirar, se a bela
dicção, se os pensamentos sublimes que ela traduz, produto dum estudo tão
aturado quanto consciencioso. / Oxalá que os governos do nosso país tivessem já
compreendido que o problema do ensino é o mais complicado e o mais difícil,
como é o mais importante da administração pública. / Não veríamos então
desbaratados os trabalhos preciosos de quem como o sr. conselheiro Bernardino
Machado, com verdadeiro amor, acrisolado pelos mais nobres sentimentos
patrióticos, procura resolvê-lo. / A Alemanha, a França, a Suíça, a Inglaterra,
a Itália e todas as nações, enfim, onde o problema do ensino merece espécies
cuidados, recebê-los-iam como valiosos auxílios, e orgulhar-se-iam até de
ostentá-los como demonstração de quanto se empenham em garantirem o futuro dos
seus cidadãos pelo aperfeiçoamento do ensino. / Neste malfadado país, porém,
triste é dizê-lo, livros como aquele a que nos estamos referindo valem a
reputação de um homem; servem para conceder-lhe os foros de sábio e benemérito;
são lidos por toda a gente menos por aqueles que tinham obrigação de lê-los e
de estudar neles o que a experiência, a observação e uma análise escrupulosa
ensinam. / Se assim procedessem, quanto teriam de aprender nos substanciosos
capítulos em que se divide este novo livro do sábio professor! / Avalie-se
pelos títulos desses capítulos: / Beneméritos do Ensino – O Ensino – Categoria
do Ensino – organização do Ensino – Ensino Feminino – A Política do Ensino – A
Liberdade do Ensino – Conselho Superior de Instrução Pública – Orçamento da
Instrução Pública – Legislação Penal – Associação do Ensino – O Congresso
pedagógico Hispano-Português-Americano – A Pedagogia Nova em Espanha. / O
complicado e dificílimo problema da administração do ensino encontra-se ali
estudado em algumas das suas partes mais essenciais, por forma tão clara, tão
racional, tão sensata, que não exige mais do que um pequeno esforço para que
ela deixe de ser o que é entre nós, e a que sem receio de errar se pode chamar
uma das maiores vergonhas nacionais. / Todos os que têm, pois, a seu cargo
tornarem o ensino real e proveitoso leiam e meditem no que o sábio pedagogista
ali escreveu, impulsionado por um verdadeiro sentimento de patriotismo, qual é
o de contribuir para a felicidade do país dando-lhe por garantia uma verdadeira
e sólida instrução.”
“Conselheiro
Bernardino Machado. O Ensino” [material gráfico]. In Valenciano (3 Nov. 1898). [1 recorte de imprensa].
“Não
há muitos dias que anunciávamos a saída de um novo livro do sr. dr. Bernardino
Machado, «A Indústria», o primeiro da colecção de documentos relativos à sua
gerência da pasta das obras públicas, e já temos hoje sobre a nossa mesa de
trabalho mais um volume, dado à luz depois daquele, do eminente pedagogista.
Intitula-se este «O Ensino» e nele coligiu o sr. dr. Bernardino Machado uma boa
parte da sua calorosa propaganda de apóstolo convicto da educação e instrução
do povo. / Neste volume «O Ensino» encontram-se, por isso, conferências,
discursos, cartas, projectos, notícias, etc., que andavam dispersos, quer em
folhetos, quer em jornais e revistas e que assim reunidos constituem um salutar
corpo de doutrina pedagógica, útil a todos que se interessam por esta ordem de
assuntos. / Registando nesta secção o aparecimento do novo livro do distinto
pedagogista, aconselhámos a sua leitura e agradecemos o exemplar com que o
autor nos honrou.”
“Bernardino
Machado – O Ensino – Coimbra, 1898 – 1 vol. de 304 p.” [material gráfico]. In O Século (14 Nov. 1898). [1 recorte de
imprensa].
1899
·
É
convidado a participar no Congresso Internacional de Ensino Técnico (Paris).
·
Em
19 de Maio, profere uma alocução na presidência da sessão solene celebrada em
honra a Antero de Quental, na Academia de Coimbra.
·
É
convidado a participar no International Congress of Woman. Bernardino Machado
iria participar em duas secções: a primeira chamava-se “Legislative v.
Industriel”, na sub-secção “Special Labour Legislation for Women”, estando
marcada a conferência para o dia 27 de Junho. A segunda, na secção denominada
sobre Educação na sub-secção “The Child, Life and Trainning”. Não chega a
proferir as respectivas conferências.
·
É
Relator do Parecer da Fusão das Faculdades de Matemática e Filosofia.
·
Em
22 de Dezembro, é autorizado pelo Reitor da Universidade de Coimbra, Santos
Viegas, a instituir, aos Domingos, um curso livre de Pedagogia.
·
“Discurso
Proferido na Presidencia da Sessão Solemne Celebrada em Honra de Garrett pelo
Atheneu Commercial do Porto no dia 4 de Fevereiro de 1889”.
·
“O
Ensino Primario e Profissional”.
·
“O
Ensino Primario e Secundario.
·
“O
Ensino Profissional”.
·
“O
Ministerio das Obras Publicas, Commercio e Industria em 1893: de 23 de
Fevereiro a 20 de Dezembro: a agricultura”.
·
Publica
a terceira edição das “Notas D`um Pae”.
“Há
já quase um mês que entre mãos trago e à parte mais intensa da minha
reconhecida admiração os entrego, dois livros do senhor dr. Bernardino Machado
– A Educação e o Ensino – para os quais eu muito estimaria que convergissem
atenções daqueles que por coisas pedagógicas se apaixonam. / São dois livros
sãos, de uma alta e rutilantíssima ponderação, que, por escolhidos prismas nos
mostram horizontes até hoje não entrevistos ainda. Lendo-os, reconhecemos
quanto urge modificar o nosso edifício educativo. E como para diferentes
regiões a moderna filosofia nos chama a preparar os espíritos do futuro. / A
orientação pedagógica, especialmente no ramo educativo, por incúria de
sucessivas gerações, pouco tem progredido no nosso meio. De causas diferentes procedem
as origens de onde ela enferma, e são tantos e tão profundos que eu creio bem
que muito tardará a hora do seu inteiro reabilitamento. / A Idade Média, com o
seu magíster inatacável na sua
catedrática autoridade, deu-nos o horrível molde, por onde todo um vicioso
ensino nos atrofiou deploravelmente, apoucando energias e amolentando
caracteres. Influências tão danosas deixou e a reflectirem por toda uma raça,
que é um facto daí provir a decadência contra a qual hoje se luta. Do ensino
medieval deriva para as gerações subsequentes, e, como um mal em terreno
propício, em todos os agrupamentos de uma nacionalidade radica. / É contra ele
e contra os seus efeitos danosos que uma salutar transformação procuram
realizar os dois livros do dr. Bernardino Machado. O volume A Educação é um feixe de máximas e de
axiomas colhidos no estudo da criança e surpreendidos numa doce convivência
daqueles seres até hoje tão imperfeitamente analisados. / A psicologia infantil
é de todas as sobredivisões da psicologia a mais intrincada e longínqua. Dela
nos esclarece o livro A Educação por
uma tão especial maneira, que surpreendidos nos deixa pela exibição
singularíssima da alma da criança, em todos os seus labirintosos contornos. A
criança não é aqui, de modo algum, o ser cuja constituição mental se nos
apresenta, não. / A criança é como que um ser perfeitamente à parte, pelo que
respeita ao seu modo independente e próprio, até ao momento em que a maturidade
se produza para retomar então caracteres comuns. Assim, pois, a tarefa do
educador tem de ser essencialmente observativa e peculiar, estudando o
indivíduo para preparar meio, apreendendo tendências para aprofundar condições,
analisando energias para combinar desenlaces. / Nesta série de meticulosidades
nos inicia, com sábio tino, o trabalho superior do dr. Bernardino Machado. Há
no seu livro A Educação máximas que
são revelações, atingindo por vezes os confins do possível no campo
observativo. Como encantador exemplo, para aqui transcrevo dois dos versículos do interessante livro, que,
pela sua elegante exposição, nos chegam a lembrar os do Evangelho: / «Nas
criancinhas, e ainda às vezes na sua adolescência, a vida sensitivo-motriz é
tão farta que dificulta a percepção das coisas. É preciso dizer-lhas, ou mostrar-lhas
repetidamente.» / «Cedo se experimentam emoções intelectuais. Todas as crianças
nos vêm animadamente contar coisas da sua fantasia. E com que ardor elas
reclamam a razão das coisas.» / É verdadeiramente curiosa esta análise para os
que nela saibam ver, este livro afigura-se como que a extraordinária
auto-crítica de uma criança, cuja precocidade nos estonteasse pelo poder de
hora a hora, se referindo em límpida frase as modalidades do seu pensamento. /
É seguindo tendências que descobrimos o indivíduo e, por isso, mister se torna
que para educar este se vá antes ao encontro daqueles. Foi assim o caminho
trilhado pelo ilustre autor da Educação e se este livro tem para educadores
especial importância, muito maior a tem para nós psicólogos, que nele matéria à
farta para estudo encontramos. / O Ensino, ao contrário desta outra, é um
trabalho de alarga exploração teórica. / Nele compilou o dr. Bernardino Machado
a primeira série da sua benemérita campanha pedagógica e, por isso, assuntos
diversos aborda. Para um outro meio ele se dirige, visto como de generalidades
se ocupa. Entre outros, salienta-se como superiormente elaborado, o segundo
capítulo do livro. Há aí referências largas ao ensino técnico, que bem
especiais desvelos mereceu ao autor, quando foi da sua curta passagem nos
conselhos da coroa. / Propagador activíssimo da instrução entre os
desprotegidos, o dr. Bernardino Machado dedica à sua tarefa um inestimável
carinho e superior solicitude. Por isso, foi com toda uma oprimida estranheza
que eu notei o carácter quase só oficioso deste seu livro, O Ensino, produzindo
com isto, a meu ver, uma injusta lacuna, pelo que respeita a desinteressadas
tentativas particulares nele não consignadas. / O lapso avoluma tanto mais,
quanto por todos é conhecido que, nas coisas de instrução, a melhor, se não a
mera parte, muito à iniciativa nele não consignadas. / O lapso avoluma tanto
mais, quanto por todos é conhecido que, nas coisas de instrução, a melhor, se
não a maior parte, muito à iniciativa particular é devida… / Entretanto, eu,
sem esquecer este senão, rendo homenagem à obra dedicada do dr. Bernardino
Machado. Oxalá que, para bem geral, ela vá sempre em linha crescente e por
direita via de ouvidos cerrados a más vontades. / Com isso muito lucrará o
futuro.”
PORTELA,
Severo - “Arte
e Critica. Os Ultimos Livros. A Educação: notas d`um pae. O Ensino, de
Bernardino Machado. Coimbra, 1899 e 1898” [material gráfico]. Severo Portella.
In A Tarde (16 Out. 1899). [1 recorte
de imprensa].
“Como
estava anunciado, realizou-se ontem à noite, na Academia de Estudos Livres, a
conferência do sr. conselheiro Bernardino Machado, que iniciou os trabalhos
deste ano daquela sociedade. / Havia na sala uma assistência numerosa e
selecta. / A conferência principiou às 8h30 da noite. / Conforme noticiámos, o
tema escolhido pelo orador foi a necessidade do estudo do país, que tão
descurado tem sido que nem sequer possuímos um mapa autêntico de Portugal. /
Falta-nos uma carta mineira que descreva as riquezas do nosso solo. / Temos, é
certo, alguns estudos sobre a nossa terra e sobre a nossa história, mas ainda
bastante deficientes. / Diz que alguns homens, cujos nomes cita, o Estado e o
município têm contribuído bastante para o progresso da instrução. / Lembra que,
quando ministro, criou o Museu Etnológico. / Não temos um dicionário da língua
portuguesa, que se possa reputar oficial sem que com isso se preocupe a
Academia real das Ciências. / Em seguida, a várias outras observações, pelo
deficit cerealífero e da marinha marcante. / Condena como patriota a alienação
das nossas colónias e ainda mais os indivíduos que por tal opinam. / Termina
aconselhando a que estudemos todo o nosso país. / O orador foi aplaudido quando
terminou a sua conferência.”
“A
Conferencia do sr. Bernardino Machado na Academia de Estudos Livres. O Estudo
do Paiz” [material gráfico]. (1 Nov. 1899). [1 recorte de imprensa].
“Intelectualíssima,
a impressiva comemoração que no sábado último a geração literária de Coimbra
prestou ao extraordinário espírito que se chamou Antero de Quental. / Numa
agremiação superior de elementos intelectivos, os mais lídimos e os mais
alevantados, em tudo bem a par do comemorado, a festa dos de Coimbra
assinalou-se luminosamente, deixando após si um rasto consolador de esperança e
de triunfo. / Fio a fio, se destrinçou a figura colossal do Poeta, que diga-se
com honra, é além do inconfundível espírito, o cérebro talvez mais culminante
duma época. / Num superior plano mental foi passada através duma crítica revividora
toda a Obra empolgante do Vidente. E foi isto tão nobremente feito, que não é
lisonja repetir-se que a actual geração literária da nobilíssima Coimbra se
afirma numa ascendência poderosa de talento e de critério. / Foi uma festa
absolutamente intelectual. Houve estudo e talento repassado duma rara
superioridade pairando em tudo. / Foi cumprido à risca o programa anunciado. .
/ Abriu a sessão Alberto Pinheiro que, em rápidas palavras, expôs a necessidade
duma reforma social no nosso meio. Terminou pedindo a Bernardino Machado, o espírito sempre secundando tudo o que for
nobre, a aceitar a presidência. / Uma vez na presidência, o sr. dr.
Bernardino Machado, em discurso, referiu-se ao papel de Antero, à sua suprema e
criatianíssima bondade, que era por assim dizer a sua verdadeira moral social.
/ Foi eloquentíssimo e comoveu vivamente. / Seguiram-se os Cativos, recitados por Lopes Vieira, um novo cheio de inteligência.
/ Luís de Albuquqerque e Cândido de Viterbo preencheram a parte artística, e
por tal brilhantíssimo foi ela feita, que o auditório, todo ele o que de melhor
e mais fino se pode reunir, saudou sinceramente os dois artistas. / Viterbo foi
magnífico, sobretudo quando cantou o soneto À
Virgem, composição do estranho artista Th. Borba. A música é uma elegia
alada e lagrimosa num céu nocturno de catedral antiga. Empolga, arrebata a
estranha música. / Seguiu-se Alberto Pinheiro, conferenciando com desusada
proficiência sobre o Poeta. Foi justíssimo, ainda nas suas frases bárbaras da
crítica. / Saudado abundantemente. / Seguiu-se-lhe Severo Portela. A
conferência que leu foi a sua bela e artística Crença de Antero. A sua prosa teve cambiantes esplêndidos,
contornando o pessoalismo da sua análise sempre vincada duma arte fina. / Foi
por vezes inclemente para a época de hoje, convencional e falsa. Obra toda
pessoal, ressaibada, talvez, da sua admiração tão especial por Antero,
impressionou singularmente. É um trecho magnífico de prosa portuguesa este,
onde o novel artista vazou a plasticidade da sua maneira literária. /
Seguiram-se depois Augusto de Castro, Alexandre de Albuquerque e António
macieira. / Depois de falar Severo Portela o sr. dr. Bernardino Machado
entregou a presidência ao sr. dr. Filomeno da Câmara, amigo e camarada de
Antero de Quental, manifestação esta que o último agradeceu ao terminar o sarau
em comovido discurso, mostrando quanto o Poeta foi grande e quanto era nobre e
valiosa uma geração que como esta o adorava. / Merece referência a ornamentação
do salão do Instituto sob a direcção de uma inteligente senhora. Entre damascos
ricos o retrato de Antero encimado por uma palma. À direita uma bela alegoria a
aguarela sob o soneto / Sonho que sou um
cavaleiro andante. / Palmeiras e damascos preenchiam a ornamentação
elegantíssima. / O sr. dr. Júlio Henriques dispôs por sua mão as plantas
ornamentais que, diga-se de passagem, imprimiam ao amplo recinto um aspecto
encantador. / Seria nosso desejo relatarmos ainda mais circunstanciadamente o
brilhante sarau e fá-lo-íamos se não fosse a estreiteza do espaço de que
dispomos. / Teríamos ainda a dizer dos oradores que nele tomaram parte, como,
por exemplo, Augusto de Castro, filho, que em frase quente conferenciou perto
de meia hora, mas somos obrigados a pôr de parte o nosso intento. / Em um dos
números próximos ultimaremos a narrativa, ainda incompleta, dessa festa
excepcional. / Saiu a conferência de Severo Portela “A Criança de Antero”, numa
bela e luxuosa edição. / Foi distribuído no sarau o discurso do sr. dr.
Bernardino Machado.”
“Anthero
de Quental”. In Novidades. Lisboa (23
Maio 1899). [1 recorte de imprensa].
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