Na próxima Sexta-Feira, dia 6 de Dezembro, pelas 10h15, na Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, vai ser apresentado o livro de Amadeu Gonçalves com o título "Cem (e mais alguns) Anos de Livros". Este livro terá a apresentação de Henrique Barreto Nunes, figura incontornável da Leitura Pública em Portugal (fez também a introdução). Fica aqui um pequeno extracto, referente à fundação da Biblioteca, a qual aconteceu no dia 5 de Outubro de 1913 no âmbito das comemorações do III Aniversário da Implantação da República em Portugal.
Será,
nomeadamente, em 3 de Agosto de 1913 que o “Estrela do Minho” noticiará nas
seguintes palavras a futura inauguração da Biblioteca Municipal, indicando os
respectivos melhoramentos:
Será
inaugurada muito breve a biblioteca pública, que o município oferece aos
estudiosos e já conta com mais de dois mil volumes, embora começasse só há
alguns meses a organizar-se. Deve-se este belo resultado à tenacidade e boa
vontade do presidente do Município, sr. Sousa Fernandes, que pelos seus amigos
tem conseguido todos aqueles livros e ainda bastante dinheiro para a compra de
outros. / A biblioteca vai ser servida por mais uma porta para o exterior do
edifício e logo que os recursos o permitam, estará de noite franqueada ao
público. / É mais um belo melhoramento importante para Famalicão, devendo-se
muitos louvores a quem o iniciou[1].
Por
seu turno, “O Porvir” começará por realçar as comemorações do III Aniversário
da República e a respectiva comissão que o município organizou para a
realização das mesmas. Assim sendo, em 25 de Setembro informa que “para tratar
das festas comemorativas do 3.º ano da República nomeou a Câmara uma comissão
constituída pelos srs. Dr. Delfim de Carvalho, Joaquim Malvar, António Gama,
Albino Marques, Alípio Guimarães, Jaime Valongo, dr. Rodolfo Aguiar e Alfredo
Costa, a que, também por nomeação camarária, foi agregada a junta paroquial da
vila. / Na sua primeira reunião, que foi ontem, deliberou esta comissão que o
programa das festas fosse o seguinte: alvorada com música e salvas; bodo aos
pobres; bodo aos presos; inauguração da biblioteca; conferência no Salão da
Câmara por um orador de fora[2]”;
e a 2 de Outubro noticia não só a inauguração da Biblioteca[3],
como igualmente as actividades que se irão realizar nas freguesias no âmbito
das comemorações da República[4] e
a oferta de um busto da República[5].
Ora,
o que terá acontecido nesse dia 5 de Outubro de 1913 em V. N. de Famalicão? Conforme
o Convite institucional que o município famalicense então enviou para imprensa,
convidando a população e inserindo o programa das actividades festivas do
aniversário da Proclamação da República, no jornal “O Porvir”, de 2 de Outubro
de 1913, lemos nesse convite que “a comissão dos festejos tem a honra de
convidar todas as pessoas, sem distinção de classes, para assistirem aos actos
comemorativos da data gloriosa de 5 de Outubro que se realizam nesta vila”,
solicitando ainda que “a todos os habitantes desta localidade pede a mesma
comissão para embandeirarem e iluminarem as fachadas dos seus prédios”,
constando do programa: “às 9 horas, almoço aos presos das cadeias desta, com
assistência do corpo judicial; bodo aos pobres da freguesia da vila às 13
horas, no edifício das escolas, salão do sexo feminino; às 15 horas inauguração
solene da Biblioteca Municipal.” Mais nos diz este convite “à alvorada, a
música percorrerá as ruas da vila tocando o hino nacional e far-se-á ouvir
também em todos os actos constantes do programa”.
Para
“O Comércio do Porto” nada se realizou do programa na vila, só havendo as
comemorações na freguesia do Louro[6],
destacando a trovoada que então se fez sentir. A informação mais completa e
detalhada acabou por sair no jornal “A Montanha”, do Porto, com o sub-título
“Diário do Partido Republicano Português” (I), notícia que aliás mereceu uma
objecção do jornal “Desafronta”, o órgão do Partido Republicano Evolucionista
de V. N. de Famalicão (II), criticando o entusiasmo dos republicanos
famalicenses, conforme as notícias do jornal “O Porvir”[7],
analisando de seguida as festas em Famalicão. Vejamos os textos referidos:
I)
Outubro,
5. O que foram aqui as festas de 5 de Outubro. / De manhã, a alvorada, grande
quantidade de foguetes estralejaram nos ares e uma banda de música percorreu as
ruas tocando «A Portuguesa» e a «Maria da Fonte». / Às 13 horas houve no salão
da Escola do Sexo Masculino a distribuição da boda aos pobres, em número de 35,
recebendo cada um 10 centavos, um cobertor e 2 broas de pão. / Presidiu o
ilustre senador sr. Sousa Fernandes, secretariado pelos srs. dr. Delfim de
Carvalho e Henrique Garcia. / Achavam-se presentes muitos cavalheiros. Entre
eles lembra-nos ter visto os srs. Daniel Santos, administrador do concelho
Rocha Carvalho, Zeferino Bernardes Pereira, Alfredo Costa, Eduardo Joaquim da
Silva, Augusto Sampaio, Jaime Valongo, Augusto Trindade, dr. Rodolfo Aguiar,
Lino Guimarães, dr. [António] Matos, Armindo Costa, Delfim Silva, Júlio Santos,
Joaquim Portela, Júlio Coimbra, José Sampaio, José Teixeira, Horácio Garcia,
etc. / O sr. Sousa Fernandes pronunciou um brilhante discurso alusivo ao acto,
sendo no final muito aplaudido e ouvindo-se vivas à República. / A seguir todos
se dirigiram para os paços do Concelho, onde se inaugurou a nova Biblioteca
Municipal, com 2439 volumes. / O sr. Sousa Fernandes, fazendo uso da palavra,
falou largamente, ficando os assistentes muito bem impressionados com as
palavras de S. Ex.ª. Estes assinaram no
fim o acto de inauguração. / Os bombeiros municipais e a Guarda festejaram
com estrondo o aniversário da proclamação da República, achando-se os seus
quartéis lindamente ornamentados. Estas duas corporações, durante os dias de
ontem e de hoje têm feito queimar uma grande quantidade de fogo. / É comandante
da Guarda Republicana o nosso prezado amigo e correligionário sr. Luís Gonzaga
Caseiro. A este agradecemos a gentileza do convite que nos enviou para
comparecemos à sessão solene que no seu quartel se realizou. Sobre esta nada
podemos dizer, infelizmente, pois que não podemos comparecer, devido ao tempo e
à nossa saúde. / Na freguesia do Louro, deste concelho, também se realizaram
grandes festejos em honra da República, promovidos pelo nosso distinto
correligionário sr. José de Araújo Carvalho. / Falaram na sessão solene os
nossos amigos srs. Manuel Ferreira de Sousa, professor do Liceu da Guarda,
António Maria Pereira, professor oficial desta vila, António Nogueira,
professor oficial de Gavião, etc. / A corporação dos Bombeiros Municipais
fez-se representar, a pedido da comissão das festas, por um piquete. / E assim
tão brilhantemente acabaram nesta vila e concelho as festas de 5 de Outubro[8]. (itálico meu)
II)
Não
despertaram o entusiasmo que seria para desejar, não só aqui como por todo o
país, as festas comemorativas do 3.º aniversário da República. / Procurou
justificar-se essa frieza com o mau tempo, que embora algum mal pudesse ter
feito, não foi, ainda assim, o principal motivo dessa falta de entusiasmo. / As
festas não eram feitas à República, mas sim ao sr. dr. Afonso Costa. Deu-se-lhe
um carácter partidário, fazendo avultar a figura do homem que infelizmente nos
governa, e nem ao menos nesse dia de recordações patrióticas, de festa
nacional, se deixou de hostilizar homens que pelo muito amor que têm à
República e pelo muito que prezam o seu nome, cada vez desejam ver mais
afastados do grupo democrático. / Até nesse dia, os defensores da República do
sr. Afonso, que cada vez contrasta mais com a nossa, com aquela que defendemos
e havemos de ter, até nesse dia a canalha demagógica, com as costas guardadas
pelo auxílio do alto, se lembrou de berrar avinhados gritos de hostilidade
junto às portas do sr. António José de Almeida e Machado Santos! / E por aí
fora, nessas festas de província, enquanto o sr. Afonso Costa era exaltado,
apesar do que de S. Ex.ª se sabe já, e do que ainda possa vir a descobrir-se,
os nomes daquelas duas figuras grandiosas da República, quando não fossem
esquecidos, eram apenas lembrados para que qualquer orador barato se julgasse
no direito de lhes fazer recriminações para agradar à seita. / Resultado: os
republicanos sérios, que nada querem com o sr. Afonso Costa, vem com a sua gente, absterem-se das festas. / Daí
a indiferença que por toda a parte se notou. / As festas eram deles? Pois que
as fizessem. Não se diga que foi a chuva que prejudicou tudo. / Bem pouca seria
a dedicação pelo ideal se a chuva de Domingo evitasse que por amor dele se
dessem meia dúzia de passos. Mas alguma coisa se aproveitou dessa lição: o sr.
Afonso Costa viu com o que podia contar e o sr. Presidente da República teve
ensejo de ver as condições em que o Governo pôs o país. / Em Famalicão, apesar
do que se mandou dizer para a “Montanha”, e por onde pode avaliar-se o conceito
que deve ligar-se a um tal informador, as festas decorreram frias, desanimadas,
com uma indiferença que foi a mais eloquente prova de que o prestígio democrático
cá na terra está bem abalado. / É claro que nada tem com estas coisas a
Comissão nomeada para levar as festas a efeito, a qual cumpriu o seu dever, e
mete no programa dois números que nos são altamente simpáticos: o almoço dos
presos e o bodo aos pobres. / Apenas uma
coisa não pôde conseguir a Comissão: levar o povo da terra a interessar-se
pelas festas, a animá-las com a sua presença, a ouvir a palavra do sr. Sousa
Fernandes, que para cobrir a desautorização que recebeu, se fingiu indignado
com o tempo chamando à chuva talassa e reacionária! / Na «Montanha», apesar
do que aí fica, e que é a expressão da verdade, embora nos magoe ter de
confessá-lo, fez-se largo escarcéu das
festas, dizendo-se que foi grande a assistência à sessão solene. Mas como se
diz que todos esses assistentes assinaram o auto da inauguração da Biblioteca,
nós tivemos ocasião de verificar que esse auto não chegou a ser assinado por 20
pessoas! Para que se veja como é feita de mentiras a política democrática…[9] (itálicos
meus).
De
qualquer maneira, do programa da vila apenas não se concretizou a conferência
que seria pronunciada no Salão da Câmara “por um orador de fora”, não se
apresentando já no convite público, sendo a BMCCB inaugurada às 14h00, e não às
15h00, no âmbito das comemorações do III Aniversário da Implantação da
República em Portugal. Com o regulamento aprovado em 27 de Setembro (ver
anexo), no auto de inauguração da “Bibliotheca Municipal do Concelho de
Famalicão”, Sousa Fernandes dirá que “conquanto a criação da Biblioteca não
seja propriamente iniciativa da Câmara, é certo que a Câmara se empenhou em dar
cumprimento ao decreto… por reconhecer digno de toda a consideração visto que
tem por fim instruir o povo. E então não havendo verba orçamental para ocorrer
a todas as despesas de instalação recorreu às ofertas quer de livros, quer de
dinheiro dos compatriotas que se dedicam ao bem da instrução e ao
engrandecimento da nossa terra.” Quer o “Estrela do Minho” (I), quer (II) “O
Porvir”, referem-se ao acto fundacional do novo equipamento cultural de V. N.
de Famalicão nos seguintes termos, aliando-o, como assim tem sido, à instrução.
I)
“Inaugurou no Domingo passado esta
nossa biblioteca pública, constituindo este acto, como estava anunciado, um
número das festas com que nesse dia se comemorou o advento da República. / A
solenidade teve lugar no próprio recanto da biblioteca, devidamente ornamentado
para o fim, assistindo muitas pessoas dotadas da vila e concelho, e tocando por
vezes uma banda de música postada no átrio dos Paços do Concelho. / Eram 14
horas quando o sr. Sousa Fernandes tomou a palavra falando largamente sobre o
assunto daquele novo centro de estudo e instrução que ia abrir-se para o povo
de Famalicão, terminando às 15 horas por um vibrante viva a República que o
selecto auditório repetiu em coro. / A biblioteca, que desde terça-feira está
franqueada ao público durante as horas regulamentares, e de acordo com o
regulamento já aprovado pela Câmara, foi inaugurada com 2439 volumes, sendo 1909
oferecidos por 98 cavalheiros do nosso concelho e de fora dele e 530 comprados
com 275 escudos oferecidos em dinheiro por 23 outros generosos cidadãos que
para esse fim ofereceram as suas verbas…[10]”
II)
Inaugurou-se no Domingo passado esta
nossa biblioteca pública, constituindo este acto, como estava anunciado, um
número das festas com que nesse dia se comemorou o advento da República. / A
solenidade teve lugar no próprio recinto da biblioteca, devidamente ornamentado
para o fim, assistindo muitas pessoas gradas da vila e concelho, e tocando por
vezes uma banda de música postada no átrio dos Paços do Concelho. Eram 14 horas
quando o sr. Sousa Fernandes tomou a palavra falando largamente sobre o assunto
daquele novo centro de estudo e instrução que ia abrir-se para o povo de
Famalicão, terminando às 15 horas por um vibrante viva às República que o
selecto auditório repetiu em coro. A biblioteca, que desde terça-feira está
franqueada ao público durante as horas regulamentares, e de acordo com o
regulamento já aprovado pela Câmara, foi inaugurada com 2439 volumes, sendo
1999 oferecidos por 98 cavalheiros do nosso concelho e de fora dele, e 530
comprados com 275 escudos oferecidos em dinheiro por 23 outros generosos
cidadãos que para esse fim ofereceram as suas verbas […] À imprensa. Agora que
a Biblioteca Municipal está aberta ao público, Câmara vai fazer um apelo à
imprensa do país para que, pela remessa para ali das suas publicações, façam
aquele gabinete de leitura de livros um gabinete de leitura de jornais. / A
começar, já hoje, no lugar mais próprio, inserimos esse convite às publicações
locais[11].
A BMCCB abrirá ao público com um horário curioso,
conforme o estipulado no Artigo 3.º do seu Regulamento: “Nos dias úteis, a
Biblioteca está aberta de 1 de Abril a 30 de Setembro desde as 20 horas às 22
horas; de 1 de Outubro a 31 de Março desde as 19 às 21”, com abertura aos
Domingos, sendo “o horário da noite o mesmo de todos os dias úteis, sendo o
diurno das 10 às 13 horas” (quem acabará com o horário de Domingo será a vereação
de Júlio Gonçalves de Araújo, representando-o então, em ofício de 1 de Agosto
de 1921, Francisco Correia Mesquita de Guimarães). Posteriormente, “O Porvir”,
para mais esclarecimento dos seus leitores, publica o Regulamento da Biblioteca
Municipal, um apelo para novas doações (principalmente para a constituição de
um “Gabinete de Leitura de Jornais”), e um anúncio no qual dá a conhecer as
obras repetidas para troca, publica a lista dos doadores e a conta da
Biblioteca, assim como a lista dos doadores em dinheiro, tendo sido,
indiscutivelmente, uma das preocupações de Sousa Fernandes a constituição de
uma camiliana (acontecimento que refiro mais à frente); e a propósito dos
jornais, a 23 de Outubro, para além de noticiar mais doações, ficando agora a
Biblioteca com 2485 volumes, acrescenta os periódicos que entretanto foram
doados:
Em jornais,
além dos da localidade, a biblioteca começou a receber “O Primeiro de Janeiro”,
“A Tarde” e a “Voz Académica”, do Porto, bem como a “Democracia”, de Santo
Tirso. / Só na Segunda-Feira foram as circulares pedindo estes jornais; não
admira, portanto, que poucos tenham vindo[12].
Contudo, a seguir a esta fase de encantamento, as
notícias posteriores relativas ao novo equipamento cultural não serão as mais
positivas. De facto, se entre 1914 a 1915[13]
temos um apelo à leitura e a utilização presencial da Biblioteca, suege,
também, por esta ocasião a primeira estatística pública[14],
registando-se em 1917 novos apelos à leitura[15].
A partir de 1918, e em plena fase sidonista (numa altura em que a leitura
popular tinha sido proibida na Biblioteca Nacional), começaram a surgir os
primeiros sinais de desencanto[16].
Tais sinais manifestam-se pelo abandono institucional, na medida em que a
autarquia famalicense não adquire novos fundos documentais, a leitura
domiciliária suplanta a presencial e solicita-se, em 1921, que a Câmara
institucionalize no seu orçamento uma verba para a aquisição de novos fundos
documentais e para a conservação dos existentes[17];
e numa crónica não muito tardia, temos conhecimento, que afinal os
“melhoramentos que o sr. Sousa Fernandes prestou à terra redundou” no seguinte:
“distribui-se-lhe uma verba no orçamento que se lhe não aplica. Não se comprou
nem encadernou mais nem um volume; e, para cúmulo, o funcionário encarregado da
Biblioteca continua a vencer um ridículo ordenado, que é inferior ao do
empregado varredor do edifício municipal”, concluindo que faltou dizer ao
colega “insuspeito donde transcrevemos estas linhas, que ninguém frequenta a
Biblioteca… O que talvez dê razão à Câmara em não querer gastar dinheiro com
aquilo a que se não liga importância.”
Neste sentido, podemos efectivamente reparar no quadro
que se segue, relativamente à estatística do movimento da BMCCB entre 1913 a
1934, em que as oscilações da consulta presencial são uma realidade, havendo
vários anos em que ninguém realiza uma leitura presencial.
[1] “Biblioteca
Municipal”. In Estrela do Minho. V.
N. de Famalicão, Ano 17, n.º 935 (3 Ago. 1913), p. 1.
[2] “Commemoração do
5 de Outubro””. In O Porvir. V. N. de
Famalicão, Ano 18, n.º 294 (25 Set. 1913), p. 2.
[3] Inauguração da
Bibliotheca”. In O Porvir. V. N. de
Famalicão, Ano 18, n.º 295 (2 Out. 1913), p. 2.
É
no próximo Domingo às 15h00 da tarde que será inaugurada a nossa biblioteca
municipal, sendo desde este dia franqueada ao público durante as horas
regulamentadas. / O acto inaugural realiza-se no próprio recinto da biblioteca,
sendo a entrada franca para todas as pessoas que queiram assistir.
[4] “Aniversario da
Republica”. In O Porvir. V. N. de
Famalicão, Ano18, n.º 295 (2 Out. 1913), p. 2.
Em
várias freguesias do concelho sabemos que vai ser festivamente solenizado o 3.º
aniversário da proclamação da República, / Será na freguesia do Louro e nesta
vila, onde essas festas se vestirão maior imponência para o que no Louro não se
poupou a despesas os prestantes cidadãos os srs. José de Araújo Carvalho e João
de Sousa Pereira Ribeiro. / Em Famalicão, a Comissão para esse fim constituída,
de que faz parte também a Junta de Paróquia, trabalha com amor para o
lustimento nas festas.
[5] “Busto da
Republica”. In O Porvir. V. N. de
Famalicão, Ano 18, n.º 295 (2 Out. 1913), p. 2.
Um
dedicado amigo da nossa terra e da República vai oferecer à Escola Oficial
Masculina desta vila, um busto em mármore executado por um dos primeiros
artistas portugueses. / Ao deveras inteligente amigo da Educação e da
República, saudamo-lo carinhosamente pela sua ideia intensamente formosa, e ao
professor oficial cidadão A. Maria Pereira e alunos as nossas felicitações.
[6] “Interior.
Famalicão”. In O Comércio do Porto.
Porto, Ano 60, n.º 237 (7 Out. 1913), p. 1.
A
chuva prejudicou por completo as festas pelo aniversário da República. No
Louro, ainda o grande benemérito e nosso amigo sr. José de Araújo Carvalho
chegou a distribuir um bacalhau de dois a três quilos e uma boroa de pão a
cerca de 200 pobres. De resto, não se realizou nenhum número do programa. / A
trovoada desta manhã, que se fez aqui sentir com violência, causou muito susto,
pelas descargas eléctricas, em diversas casas, sem consequências. / No Vinhal,
na mata do sr, Menezes, uma faísca fez num pinheiro verdadeiras diabruras.
[7] “3.º Aniversario
da Republica”. In O Porvir. V. N. de
Famalicão, Ano 18, n.º 296 (9 Out. 1913), p. 1.
Embora
o tempo estivesse de chuva não deixaram de revestir significativo aplauso às
instituições as festas realizadas no Domingo passado nesta vila, no Louro, em
Cavalões e noutras freguesias do concelho. / No Louro, principalmente, como
noutro lugar vai relatado, essa comemoração do 3.º aniversário da República
atingiu grande imponência, graças ao esforço do sr. João Ribeiro, e à bolsa do
denodado republicano sr. José de Araújo Carvalho.
“Festa
Civica em Cavalloes”. In O Porvir. V.
N. de Famalicão, Ano 18, n.º 296 (9 Out. 1913), p. 2.
Também
na freguesia de Cavalões, a festa da República teve este ano uma simpática
exibição, consistindo de um bodo a 11 pobres da paróquia, salvas de morteiros,
cânticos patrióticos pelas crianças da escola, e discurso final pelo professor
sr. Manuel Gonçalves da Costa. / Para complemento da obra a sr.ª D. Ana de Sá e
Oliveira ofereceu 5$00 destinados à compra de livros que fossem distribuídos
pelos escolares pobres, e isto completou por um belo gesto a comemoração
festiva que a gloriosa data de 5 de Outubro teve neste recanto do concelho. / A
iniciativa de toda esta meritória consagração, mista de patriotismo e
beneficência, deve-se ao nosso prestimoso e dedicado amigo sr. António José de
Azevedo Almeida, presidente da Junta Paroquial, a quem a República já deve em
Cavalões serviços de valiosa cooperação.
[8] “Nas Provincias.
Em Famalicão”. In A Montanha. Porto,
Ano 3, n.º 807 (8 Out. 1913), p. 2.
[9] “Factos &
Coisas. As Festas da Republica”. In Desafronta.
V. N. de Famalicão, Ano 2, n.º 54 (11 Out. 1913), p. 2.
[10] “Bibliotheca
Municipal”. In Estrela do Minho. V.
N. de Famalicão, Ano 17, n.º 945 (12 Out. 1913), p. 1.
[11] “Bibliotheca
Municipal”. In O Porvir. V. N. de
Famalicão, Ano 18, n.º 296 (9 Out. 1913), p. 3.
[12] “Bibliotheca
Municipal”. In O Porvir. V. N. de
Famalicão, Ano 18, n.º 298 (23 Out. 1913), p. 2.
[13] “Biblioteca
Municipal”. In Estrela do Minho, V.
N. de Famalicão, Ano 17, n.º 967 (12 Abr. 1914), p. 1.
Tem
recebido ultimamente bastantes volumes a nossa Biblioteca Municipal que, como
temos dito, possui já muito mais de 2 mil volumes. / Não é demais repetirmos a
lembrança de os estudiosos ali concorrerem a instruir-se, pois está aberta até
às 20 horas com a presença do seu zeloso bibliotecário o sr. Henrique Garcia.
“Biblioteca
Municipal”. In Estrela do Minho. V.
N. de Famalicão, Ano 17, n.º 985 (16 Ago. 1914), p. 1.
Possui
já para cima de 2500 livros a recente biblioteca municipal do concelho, a qual,
graças ao acrisolado esforço do sr. Sousa Fernandes, em pouco tempo a nossa
terra adquiriu, pelo que muita gratidão deve ao preclaro cidadão que no Senado
representa o nosso concelho. / Agora está a Câmara procedendo à encadernação de
todos os volumes. / Bom é que a nossa Biblioteca seja visitada pelos
estudiosos, que ali podem ilustrar-se sem gastar nada, pois está aberta
diariamente até às 9 horas da noite.
“Biblioteca
Municipal”. In Estrela do Minho. V.
N. de Famalicão, Ano 19, n.º 1025 (23 Maio 1915), p. 2.
Como
é sabido, a nossa Biblioteca Municipal é o fruto de um utilíssimo esforço em
favor da nossa terra, que necessita de ser compreendido, com a frequência dos
estudiosos a consulta dos excelentes livros que já possui. / Aberta diariamente
e com a assistência do prestimoso bibliotecário sr. Henrique Garcia, possuindo
mais de dois mil volumes, em que os melhores clássicos e escritores
contemporâneos brilhantemente representados, ali devem ir de quando em vez os
nossos rapazes instruir-se, o que, não lhes custando nada, terá para eles, além
do benefício da instrução, o de afugentá-los ainda de lugares onde só podem ser
prejudicados.
[14] “Biblioteca
Municipal. In Estrela do Minho. V. N.
de Famalicão, Ano 19, n.º 1032 (11 Jul. 1915), p. 2.
Publicamos
hoje a estatística do movimento da nossa Biblioteca Municipal, onde existem
livros dos melhores mestres da literatura nacional e estrangeira. Desejamos ver
aquele estabelecimento utilizado por todos, mais frequentado pela mocidade
principalmente, porque diariamente se encontra aberta e onde todos podem
gratuitamente instruir-se. / Ano de 1913. De 5 de Outubro a 31 de Dezembro.
Livros requisitados, mediante caução, 151; consultados na Biblioteca, 107; Ano
de 1\914. 1.º semestre. Livros requisitados mediante caução, 65; consultados na
Biblioteca, 157; 2.º Semestre. Livros requisitados mediante caução, 93;
consultas na Biblioteca, 61; Ano de 1915. 1.º Semestre: livros requisitados
mediante caução, 105; consultas na Biblioteca, 211.
[15] “Noticiario.
Biblioteca Municipal”. In Estrela do
Minho. V. N. de Famalicão, Ano 22, n.º 1135 (8 Jul. 1917), p. 2.
Não
será demais repetirmos que existe em Famalicão uma Biblioteca permanente e
gratuita, nos Paços do Concelho, que se oferece aos estudiosos, para o que têm
funcionário próprio, que lá se encontra duas horas por dia, à noite, fora de
horas de trabalho, e quatro horas aos Domingos. Ali pode instruir-se quem
quiser, pois têm à sua disposição, nos seus milhares livros, os melhores
autores clássicos e contemporâneos.
[16] “Biblioteca
Municipal”. In Estrela do Minho. V.
N. de Famalicão. In Estrela do Minho, Ano 24, n.º 1195 (8 Set. 1918), p. 2.
Alguém
chamou a nossa atenção para o abandono a que há tempos se tem votado a nossa
Biblioteca Pública, não tendo a Câmara adquirido livros novos, quando todos os
anos, as Câmaras passadas destinavam uma verba para a compra de obras novas e
conservação das existentes. / Para o caso chamamos a atenção de quem compete,
para que não deixe no esquecimento esse já importante manancial educativo para
o povo, que devemos à iniciativa do sr. Sousa Fernandes, quase sem despesa para
o Município, pois para a aquisição de muitas centenas de livros recorreu aos
seus amigos.
[17] “Biblioteca
Municipal”. In Estrela do Minho. V.
N. de Famalicão, Ano 26, n.º 1347 (14 Ago. 1921), p. 1.
Ao
sr. vereador da instrução nós pedimos para que não deixe de adquirir alguns
livros para a nossa Biblioteca e beneficie os existentes para que, dentro em
pouco, não fiquem inutilizados. No orçamento costumava haver uma verba para a
Biblioteca, mas parece que se lhe não tem dado a devida aplicação. / Pois é
necessário não esquecer a Câmara esse elemento de educação que foi promovido e
inaugurado pela Câmara presidida pelo sr. Sousa Fernandes, que carinhosamente
adquiriu para ela alguns milhares de volumes – bela iniciativa que infelizmente
não tem tido continuadores. / Nem só de pão vive o homem.
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