O ano de 1913 em Vila Nova de Famalicão é um ano particularmente rico em acontecimentos, nomeadamente no campo social, cultural, educativo, político e económico. Se no campo social e económico é criado o Sindicato Agrícola (dando continuidade à Associação de Agricultura Famalicense, fundada em 1911), por outro lado, no campo social surgirá a Guarda Nacional Republicana. Por seu turno, no campo cultural, a Associação de Classe dos Empregados do Comércio (existente desde 1904), irá fundar a sua Tuna dos Empregados do Comércio e o seu Grupo Dramático Caixeiral, como irá surgir o Salão Olímpia. Ainda no campo cultural, teremos a grande obra dos republicanos e da comunidade famalicense com, sob o impulso de Sousa Fernandes, a criação da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, enquanto que no campo educacional, no Louro, será fundada a Escola Agrícola D. Maria das Dores. Se sairá o primeiro presidente da Câmara Municipal eleito nos tempos da República, pioneira na edificação da Biblioteca, a então Vila de Famalicão será igualmente pioneira no campo económico, sendo criada a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Famalicão, tendo sido, na época, uma das primeiras a surgir em todo o Minho. Neste sentido, a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Médio Ave (doravante CCAMMA) tem celebrado ultimamente o seu centenário, resolvendo publicar o livro “CCAMMA: 1913-2013-Um Século de Crédito Agrícola em Famalicão”. Fundada por algumas personalidades oriundas do Sindicato Agrícola, os autores do referido livro, Cláudio Garcia e Fernando Mendes, não só estabelecem um enquadramento social, económico e histórico-político de Famalicão, assim como do Médio Ave, como explicam igualmente a evolução histórica do crédito agrícola mútuo, desde D. Sancho I até aos nossos dias. Profusamente ilustrado, contém ainda uma tábua cronológica, permitindo assim ao leitor contextualizando-se no apogeu e nas vicissitudes da instituição económica famalicense centenária. De salientar, a referência que faz a Bernardino Machado (ficando desculpada a falha da não referência ao Museu com o seu nome) o qual, no seu Ministério de 1914, instituiu a mutualidade agrária. Acrescento e recordo que estas preocupações machadianas têm já a sua génese em 1893, sendo então Ministro das Obras Públicas no governo de Hintze Ribeiro. Aqui, não só fomentou e desenvolveu o ensino técnico, comercial e agrícola (instituindo a criação de uma Biblioteca Agrícola), como já tinha apoiado a constituição dos sindicatos e das cooperativas agrícolas. Da mensagem do Conselho de Administração da CCAMMA cito este pequeno fragmento: “Sem memória não há perspectiva de futuro. / Uma instituição que preserva a sua história divulgando-a e valorizando-a é uma instituição com identidade própria e com força para enfrentar os desafios do futuro. / É uma instituição que se orgulha da sua cultura, das suas tradições e do seu património.” A CCAMMA está de parabéns!
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