Hoje fiz a minha peregrinação a Mário Soares. Com um sol agradável, um pouco de frio, após o primeiro café matinal, lá fui até ao quiosque mais perto para comprar os jornais do dia. Mais do que relembrar os titulos que os jornais evocam (desde os noticiosos aos desportivos), e para além do do que tenho ouvido nos canais informativos, hoje devo-lhe, de certa forma, estas linhas, escritas em liberdade. Possivelmente, em ditadura, não as iria escrever, ou se as escrevesse seriam censuradas. Depois, com os jornais, uma rápida ida ao alfarrabista e lá encontrei a entrevista de Mário Soares "Portugal: que revolução?", publicado em 1976, uma entrevista conduzida em diálogo com Dominique Pouchin, encontrando igualmente de Victor de Sá "Regressar Para Quê?", com uma dedicatória curiosa: "Para o velho Amigo Américo Campos Costa, respondendo à sua pergunta - "E agora o que vais fazer?" - e em confirmação da minha estima de sempre", com a data de Abril de 1970. Desde o início do ano que tenho adquirido a nova colecção do jornal"Público" dedicada ao fado, mas também numa releitura ao "Romanceiro do Povo Miúdo", de Lino Lima, um outro combatente à ditadura salazarista e um combatente pela liberdade, cujo centenário de nascimento o Município de Vila Nova de Famalicão vai este ano comemorar. Paralelamente, à leitura do livro de Lino Lima, os livros de Santos Simões, Eduardo Ribeiro, Santos Simões, Armando Bacelar ou o livro "Os Democratas de Braga", organizado por Artur Sá da Costa, Henrique Barreto Nunes e José Viriato Capela, vão servir de apoio para uma compreensão mais abrangente do que esses resistentes pela liberdade não só no distrito de Braga, como a nível nacional, realizaram. Puxo agora de um cigarro e ontem já me deliciei com Ingmar Bergman e a sua "Lanterna Mágica", a bom preço na Bertrand, assim como "A Morte da Canária", de S. S. Van Dine, Registo, indiscutivelmente, adquirido hoje a bom preço o folheto publicado em 1961 sobre Vila Nova de Famalicão e as "Ambições Frustradas" de Alberto Moravia. Mas Mário Soares ficará indiscutivelmente, quer se goste ou não, na História de Portugal, ultrapassando as fronteiras, na sua dimensão europeia e mundial. Para além da Liberdade e da Democracia, actualmente em deriva, o que nos fica de Soares é que aquilo em que acreditamos e não devemos desistir e lutar por uma sociedade melhor. Retribuo com um abraço fraternal o abraço com que me dedicou em 2014 na Academia das Ciências da História, a propósito da Lição que realizou sobre Bernardino Machado, no livro cuja capa aqui publiquei ontem. Já está com os deuses a pôr ordem política no Olimpo. Das palavras que então proferiu sobre Bernardino Machado, tal como o próprio Mário Soares, evoco a fidelidade aos valores da liberdade e da democracia. A imagem reproduzida é a primeira página do jornal "Público".
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