A
exposição “Recortes da I Grande Guerra”, organizada pelo Museu Bernardino
Machado de V. N. de Famalicão (cuja inauguração será no próximo dia 5 de Junho
pelas 21h30) é constituída por fotografias, documentos, entrevistas, recortes
de imprensa, manuscritos e textos dactilografados, bilhetes e cartões-postais,
percorrendo a dimensão cívica e pública de Bernardino Machado enquanto Chefe de
dois Governos (1914) e como Presidente da República (1915-1917). Pretende-se
com a exposição “Recortes da I Grande Guerra” uma dinâmica original, isto é,
mais do que mostrar e patentear documentos já conhecidos, relativamente à
exposição organizada em 2009 “Bernardino Machado e a I Grande Guerra”
(exceptuando um caso ou outro, como é com Verdun, na sua imagem simbólica e com
documentação nova), perfilhou-se expor documentos originais do arquivo pessoal
de Bernardino Machado, o qual tem sido doado ao Museu que tem o seu nome e ao Município de V.
N. de Famalicão por alguns descendentes.
Desta
forma, o primeiro quadro da exposição “Recortes da I Grande Guerra” abrange os
governos de Bernardino Machado, realçando-se as sessões parlamentares de 7 de
Agosto e de 23 de Novembro de 1914, nas quais se tomaram então as medidas
necessárias para a intervenção de Portugal na I Grande Guerra ao lado dos
Aliados, passando pelas polémicas institucionais (caso do telegrama de João
Chagas, enquanto Ministro da Legação de Portugal em Paris), destacando-se
igualmente o discurso manuscrito de Bernardino Machado na partida da primeira
expedição para África. Por seu turno, enquanto que o segundo quadro faz
referência ao Pimentismo (aqui se destacando indiscutivelmente os manuscritos
inéditos de Bernardino Machado sobre Pimenta de Castro e a Revolução de 14 de
Maio de 1915 (publicados agora na “Obra Política”, T. V), o terceiro quadro
abarca documentação referente à actividade presidencial, destacando-se aqui a
actividade diplomática com a imprensa estrangeira, principalmente França e
Inglaterra. Neste caso, realça-se a publicação do jornal inglês “The Times” e a
sua “History and Encyclopaedia of the War”, de Outubro de 1916, cujo número é
dedicado na íntegra a Portugal, com a fotografia de Bernardino Machado na capa.
O destaque vai também para os discursos manuscritos de Bernardino Machado
referente às “Colónias” e a um outro com o título “Pátria e Exército”; as
fotografias referentes ao Governo da União Sagrada, assim como a Sessão
Extraordinária do Governo da República, na qual se declara guerra à Alemanha,
em 10 de Março de 1916. Indiscutivelmente, que o quarto quadro surge na
sequência do último, já que diz respeito à viagem presidencial de Bernardino
Machado: Espanha, França, Bélgica e Inglaterra e recebido pelas mais altas
individualidades. O destaque aqui vai para a reportagem fotográfica do
fotógrafo presidencial Joseph Benoliel, assim como a reportagem jornalística do
repórter presidencial Almada Negreiros, ou o documento oficial do Rei Jorge V a
conceder a Bernardino Machado a “Grand Cross (Civil Division) of the Older the
Bath”. Paralelamente, o quarto quadro será composto por fotografias aliadas à
guerra, tais como a destruição de Ypres em vista área, por exemplo, ou dos
soldados portugueses em exercícios, de instituições jornalísticas e oficiais
como, por exemplo, Alfieri Picture Service, The Central Press Photos ou Topical
Agency Press. Realça-se a curiosíssima e raríssima colecção de
cartões-postais de uma colecção editada
pela empresa de Barcelona Chocolates Jame Box, com referências ilustrativas às
expedições africanas, do ilustrador Chantecler. O sexto quadro, referente ao I
Exílio de Bernardino Machado (1917-1919), é composto particularmente pelos seus
manifestos contra o sidonismo, apresentando-se os manuscritos, os textos
dactilografados e o caso exemplar das provas tipográficas “Aus Alliés”.
Finalmente, enquanto que no sétimo quadro se fará referência ao Tratado de Paz,
no oitavo, por seu turno, faz-se referência ao C. E. P., à imagem dos soldados
portugueses no estrangeiro, às instituições de solidariedade social (caso da
Cruzada das Mulheres Portuguesas), os momentos de propaganda, o regresso, o
“Livro Branco” ou a problemática da pena da morte. Estes dois últimos quadros
terão documentos, recortes de imprensa e monografias (por exemplo, as provas
tipográficas que Ana de Castro Osório então enviou a Bernardino Machado,
Presidente da República, para o Governo subsidiar a publicação do livro “Em
Tempo de Guerra: aos homens e às mulheres do meu país”, 1917).
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