… somos o Édipo
da História, ou, por outra, a História é que é realmente a Esfinge. Não é a
solução, a resposta, é a questão em si mesma, e nós estamos sempre a ser
questionados sem cessar por aquilo que somos, por aquilo que fazemos. A
História não é outra coisa que não seja o que fazem os homens. Não há História
fora do nosso próprio fazer. A história é a ficção das ficções.
Eduardo
Lourenço
… talvez faltem,
ainda hoje, as análises dos sentimentos das pessoas, combatentes ou
não-combatentes, das ideias dos grupos e colectividades, das famílias, das
aldeias, dos povos.
Aniceto
Afonso, Carlos de Matos Gomes
Mas
no princípio reinou a ilusão. Em 1914, as tropas partiram saudadas pelas
multidões […] Nenhuma guerra começou com tamanha incompreensão da sua natureza
[…] os exércitos partiram para a guerra com a ilusão de que tudo estaria
acabado em breve – «em casa no Natal».
Norman
Stone
NOTA PRÉVIA
Pretendendo
justificar o dito de Aniceto Simões e de Carlos Matos Gomes, procura-se neste
trabalho, como o próprio título o evidencia, retratar através do jornal
famalicense “Estrela do Minho” a sua visão sobre a I Grande Guerra e como
seria V. N. de Famalicão entre os anos de 1914 a 1918. Para além das questões
políticas e sociais e da sua movimentação em V. N. de Famalicão (caso, por
exemplo, da crise das subsistências ou do sidonismo), ler-se-á nesta investigação
como é que a sociedade famalicense se organizou em torno de associações cívicas
para ajuda das famílias dos soldados, assim como a visão da guerra entre a
frente ocidental e em África, passando ao mesmo tempo um retrato pelas
actividades culturais, entre o teatro, o cinema e lúdicas. Finaliza-se este
trabalho com um estudo à volta não só do Monumento dos Mortos da Grande Guerra,
como também focam-se as festas que se realizaram em V. N. de Famalicão a partir
do Armistício. A não referência aos combatentes famalicenses neste trabalho, e
são muitos os que aparecem no jornal, deve-se ao facto de estar a elaborar um “Dicionário
de Combatentes Famalicenses na I Grande Guerra”. Neste momento são já mais de
duas centenas. Às vezes, no “Estrela do Minho”, faz-se referência a mais de
quatro centenas, outras vezes a mais de oito centenas. Julga-se que fica aqui,
pelo menos em parte, a ideia de Aniceto Simões e de Carlos de Matos Gomes, na
tentativa de mostrar de como a sociedade famalicense, através do jornal “Estrela
do Minho”, sentiu a I Grande Guerra.
Trabalho a ser publicado em breve no "Boletim Cultural" da Câmara Municipal de V. N. de Famalicão.
Apresento o esquema geral:
I
1914
Cultura
Bernardino Machado, Presidente do Ministério
A Questão de Riba d`Ave
O Inquérito do Governo de Bernardino Machado sobre a Lei da Separação da Igreja e do Estado
A Guerra
II
1915
Pimentismo. Reorganização Monárquica. Eleições
A Crise das Subsistências
Incêndio na Casa de Camilo
A Eleição Presidencial
"O Cigarro do Soldado"
A Guerra.
África
Cultura
Exercícios Militares
III
1916
Junta Patriótica do Norte
Cruzada das Mulheres Portuguesas
Cruz Vermelha Portuguesa
A Guerra
Bernardino Machado em V. N. de Famalicão
A Crise das Subsistências
Futebol
Cultura
IV
1917
Cultura e Sociedade
A Guerra
A Guerra e a Propaganda
África
Sociedade Civil
Cruz Vermelha
Comissão Promotora da Venda da Flor: a) Venda da Flor; b) Festa Desportiva; c) Sarau-Dramático-Musical a Favor das Vítimas da Guerra
A Crise das Subsistências
Política
Viagem Presidencial e Exílio
V
1918
Bernardino Machado e o I Exílio
O Sidonismo em V. N. de Famalicão
A Crise das Subsistências
Doenças: a) Tifo Exantemático; b) Hidrofobia; c) Pneumónica; d) Varíola
A Guerra. África
Cultura e Sociedade
VI
O Monumento aos Mortos da Grande Guerra
Bom trabalho! Ficamos a aguardar o texto completo.
ResponderEliminarAbraços afectuosos!