domingo, 7 de setembro de 2014

A I GRANDE GUERRA NO OLHAR DO “ESTRELA DO MINHO” E V. N. DE FAMALICÃO NESSE TEMPO.


… somos o Édipo da História, ou, por outra, a História é que é realmente a Esfinge. Não é a solução, a resposta, é a questão em si mesma, e nós estamos sempre a ser questionados sem cessar por aquilo que somos, por aquilo que fazemos. A História não é outra coisa que não seja o que fazem os homens. Não há História fora do nosso próprio fazer. A história é a ficção das ficções.

Eduardo Lourenço
  
… talvez faltem, ainda hoje, as análises dos sentimentos das pessoas, combatentes ou não-combatentes, das ideias dos grupos e colectividades, das famílias, das aldeias, dos povos.

Aniceto Afonso, Carlos de Matos Gomes

Mas no princípio reinou a ilusão. Em 1914, as tropas partiram saudadas pelas multidões […] Nenhuma guerra começou com tamanha incompreensão da sua natureza […] os exércitos partiram para a guerra com a ilusão de que tudo estaria acabado em breve – «em casa no Natal».

Norman Stone



 NOTA PRÉVIA

 Pretendendo justificar o dito de Aniceto Simões e de Carlos Matos Gomes, procura-se neste trabalho, como o próprio título o evidencia, retratar através do jornal famalicense “Estrela do Minho” a sua visão sobre a I Grande Guerra e como seria V. N. de Famalicão entre os anos de 1914 a 1918. Para além das questões políticas e sociais e da sua movimentação em V. N. de Famalicão (caso, por exemplo, da crise das subsistências ou do sidonismo), ler-se-á nesta investigação como é que a sociedade famalicense se organizou em torno de associações cívicas para ajuda das famílias dos soldados, assim como a visão da guerra entre a frente ocidental e em África, passando ao mesmo tempo um retrato pelas actividades culturais, entre o teatro, o cinema e lúdicas. Finaliza-se este trabalho com um estudo à volta não só do Monumento dos Mortos da Grande Guerra, como também focam-se as festas que se realizaram em V. N. de Famalicão a partir do Armistício. A não referência aos combatentes famalicenses neste trabalho, e são muitos os que aparecem no jornal, deve-se ao facto de estar a elaborar um “Dicionário de Combatentes Famalicenses na I Grande Guerra”. Neste momento são já mais de duas centenas. Às vezes, no “Estrela do Minho”, faz-se referência a mais de quatro centenas, outras vezes a mais de oito centenas. Julga-se que fica aqui, pelo menos em parte, a ideia de Aniceto Simões e de Carlos de Matos Gomes, na tentativa de mostrar de como a sociedade famalicense, através do jornal “Estrela do Minho”, sentiu a I Grande Guerra. 

Trabalho a ser publicado em breve no "Boletim Cultural" da Câmara Municipal de V. N. de Famalicão.

Apresento o esquema geral:

I
1914
Cultura
Bernardino Machado, Presidente do Ministério
A Questão de Riba d`Ave
O Inquérito do Governo de Bernardino Machado sobre a Lei da Separação da Igreja e do Estado
A Guerra

II
1915
Pimentismo. Reorganização Monárquica. Eleições
A Crise das Subsistências
Incêndio na Casa de Camilo
A Eleição Presidencial
"O Cigarro do Soldado"
A Guerra.
África
Cultura
Exercícios Militares

III
1916
Junta Patriótica do Norte
Cruzada das Mulheres Portuguesas
Cruz Vermelha Portuguesa
A Guerra
Bernardino Machado em V. N. de Famalicão
A Crise das Subsistências
Futebol
Cultura

IV
1917
Cultura e Sociedade
A Guerra
A Guerra e a Propaganda
África
Sociedade Civil
Cruz Vermelha
Comissão Promotora da Venda da Flor: a) Venda da Flor; b) Festa Desportiva; c) Sarau-Dramático-Musical a Favor das Vítimas da Guerra
A Crise das Subsistências
Política
Viagem Presidencial e Exílio

V
1918
Bernardino Machado e o I Exílio
O Sidonismo em V. N. de Famalicão
A Crise das Subsistências
Doenças: a) Tifo Exantemático; b) Hidrofobia; c) Pneumónica; d) Varíola
A Guerra. África
Cultura e Sociedade

VI
O Monumento aos Mortos da Grande Guerra















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