O Prof. António Ventura e o Prof. Norberto Cunha
O Prof. António Ventura
A
propósito do Centenário da República e da sua implantação em Portugal e do tema
que relaciona a Maçonaria e a I República, o Professor António Ventura iniciou
a sua conferência, subordinada à Maçonaria na I República e no Estado Novo,
criticando a publicação de algumas obras relacionadas com o tema, na medida em
que algumas são especulativas, outras fantásticas e raras abordam a mesma
relação.
Tomando
como princípio comum que uma coisa são as instituições, outra coisa são as
pessoas, a Maçonaria, em si, antes da República, não teve nada a ver com o 31
de Janeiro: aliás, a Maçonaria foi alheia ao movimento, caso da Maçonaria
portuense e do próprio Grande Oriente Lusitano Unido, que o condenou, na medida
em que a Maçonaria não combate as instituições. É o que Bernardino Machado,
quando toma posse do cargo de Grão-Mestre, ainda longe o ideário republicano,
defende no discurso da tomada de posse. Com as suas cisões próprias, até à
Revolução do 5 de Outubro, o Prof. António Ventura evidenciou que não há um
texto da maçonaria a apelar à revolução! O que existe é que há maçons na
revolução republicana, isto é que é diferente! Mesmo no I Governo Provisório,
poucos são os maçons que estão no Governo, como é o caso de Bernardino
Machado, Afonso Costa e de António José de Almeida. O que o prof. António
Ventura defende é que não há maçons com responsabilidades, o que existe são
maçons, e muitos, que são iniciados, reincidentes ou alguns irradiados. É o
caso da Comissão de Resistência, que tinha o mero papel de ouvir as lojas e de
apoiar os maçons perseguidos. Por seu turno, a Maçonaria já teve um papel
decisivo da missão da França em Inglaterra (1908). Desta forma, e em larga
medida, a República é o triunfo da Maçonaria, até porque o triunfo da Revolução
vai ser não só o triunfo da própria Maçonaria, como o desenvolvimento da mesma
em Portugal. Os maçons vão ocupar cargos importantes, funda-se novas lojas e
triângulos um pouco por todo o País, surgindo algo novo: o aparecimento público da Maçonaria.
Com
mais uma cisão da Maçonaria em 1914, estando em causa a problemática “ou uma
federação de lojas ou de ritos”, surgindo então o Grémio Luso-Escocês,
Sebastião de Magalhães Lima vai ter um papel preponderante para a união da
instituição. E se no 28 de Maio não há propriamente uma condenação há
Maçonaria, o que só acontecerá em 1935, nesta fase importante será também o
papel de Oliveira Camões, o qual defende que não é propriamente em regimes de
liberdade que os maçons fazem falta, mas sim em regimes ditatoriais. Para o
Prof. António Ventura, a Maçonaria não está habituada à clandestinidade. E
mesmo perante o 28 de Maio, o Grande Oriente Lusitano Unido não o condena. Se
temos antigos maçons com a ditadura e o
Estado Novo, maçons no Tarrafal, existe igualmente figuras de destaque no
Estado Novo que nunca esquecerão o seu passado de maçons.
Uma vez mais, o Prof. António Ventura
UM aspecto do auditório no Museu Bernardino Machado
Sem comentários:
Enviar um comentário