Entre finais de 1924, na organização de
mais uma Comissão Municipal do Partido Democrático, ano em que se assiste a um
desencanto das hostes democrático-republicanas de V. N. de Famalicão, o ano de
1912 (a fase da hegemonia), os anos de 1905 a 1907 (um tempo de reorganização
partidária) e os anos de 1895 a 1897 (de intensa propaganda), um longo caminho
percorreram os republicanos famalicenses até à sua consolidação, entre cisões e
conflitos, esperanças e desalentos.
Se, num primeiro momento, com o jornal “A
Egualdade” (1885), uma aventura republicana, transitando os seus fundadores para
o Partido Progressista e para o Partido Regenerador, a “Nova Alvorada”
(1891-1903), encarnando o espírito comemorativo dos republicanos nacionais, “O
Porvir” (1895-1897, 1906-1907 e 1910-1913), ambos os periódicos fundados por
Sousa Fernandes, o último o órgão da comissão municipal dos republicanos famalicenses,
as homenagens africanistas a Mouzinho de Albuquerque em 1896 e em 1898, a
propósito da sua viagem a Braga, e a homenagem a José Falcão (1896), a qual
partiu de Gonçalves Cerejeira, publicando sob uma subscrição pública “A
Cartilha do Povo”, a participação no Centro Republicano de Estudos Sociais
(1896), o apoio a Álvaro de Castelões em 1897 (candidato a deputado pelo
Partido Progressista), a reorganização entre 1905 a 1907, a inauguração do
Centro Republicano Dr. Bernardino Machado (1909), e, num segundo momento, agora
no poder, quais missionários porque crentes para a regeneração da sociedade
portuguesa no antes e no após a implantação da República em Portugal em 1910, o
ano de 1912 marca precisamente, até 1917, a fase hegemónica dos republicanos-democratas
famalicenses, com a assembleia-geral realizada no Hotel do Carmo, apesar das
tentativas couceiristas e, mais tarde, monarquistas, as primeiras cisões do
Partido Republicano em 1911 com incidência em V. N. de Famalicão, existindo a
tentativa de organização da União Nacional Republicana, da Comissão Municipal
do Partido Republicano Evolucionista (1912) e do Partido Unionista (1913), os
democráticos perdem as eleições em 1917, frente a uma “Lista Conservadora,
Lista de Competências”, com conservadores, monárquicos e evolucionistas,
organizando-se os monárquicos em 1915 o Centro Monárquico de Famalicão, os
quais tinham voz teórica em jornais como “Novidades de Famalicão”, “O
Famelicense”, a “Desafronta” e “A Paz”, são percursos identitários na construção
da comunidade.
Por seu turno, e na fase pós-sidonista e da
Monarquia do Norte, surge um novo folgo em 1920 com a criação do Centro
Republicano do Calendário, fomentando não só conferências como acções de
solidariedade social, agrupando agora à sua volta as comemorações não só do 5
de Outubro, como igualmente as do 13 de Fevereiro, num apelo constante à união
republicana. V. N. de Famalicão acompanha, uma vez mais, as cisões e as
sub-cisões nacionais dos partidos, surgindo a organização das mais variadas
comissões municipais pós-sidonistas, a saber, Partido Republicano Conservador
(1919), a tentativa da organização da Frente Nacional Patriótica (1920),
Partido Republicano Liberal (1920), Partido Republicano Nacionalista (1923) e o
Partido Republicano Radical (organização municipal não sem conflitos), são
outros momentos do Partido Democrático em V. N. de Famalicão tem de enfrentar.
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